ÁREA: Alimentos

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E QUANTIFICAÇÃO DE FENÓLICOS DO EXTRATO ETANÓLICO DO CAROÇO DE ABACATE (PERSEA AMERICANA MILL.)

AUTORES: MOREIRA, I. C. (UTFPR) ; CARDINES, P. H. F. (UTFPR) ; TENREIRO, M. L. (UTFPR)

RESUMO: O reaproveitamento de matérias-primas e o processamento de resíduos é um assunto cada vez mais atual nas pesquisas científicas e tecnológicas. O abacate (Persea Americana Mill) é uma fruta rica em vitamina E (antioxidante), porém só é consumida a polpa deste fruto e não se têm relato da utilização e aproveitamento da casca e do caroço como alimentos. Este trabalho descreve o conteúdo de fenólicos totais e a atividade antioxidante do extrato etanólico do caroço do abacate. A quantidade de fenólicos totais, determinada pelo método Folin-Ciocalteu, foi de 764,75 (mg de ácido gálico/g de amostra) para o extrato etanólico bruto do caroço. A atividade antioxidante do extrato etanólico foi avaliada usando o método do radical 2,2-difenil-1-picrylhydrazyl (DPPH), apresentando um EC50 de 1,71 mg/mL.

PALAVRAS CHAVES: caroço de abacate, persea americana mill, ação antioxidante

INTRODUÇÃO: A ação de radicais livres no organismo é uma das causa envelhecimento, como também de muitas complicações biológicas. A questão nutricional está intrinsecamente relacionada com o equilíbrio metabólico dos seres humanos, portanto, a busca por alimentos funcionais que possuam ação antioxidante com atuação eficaz e natural, pela indústria alimentícia, tem sido prioridade nas pesquisas atuais. O abacate pode ser considerado um exemplo de alimento funcional, pois é uma fruta barata e possibilita uma nutrição saudável. O abacate é rico em vitamina E, gorduras monoinsaturadas, vitaminas, sais minerais e antioxidantes (Wu et al., 2004; TANGO et al., 2004). A caracterização físico-química dos caroços mostrou teores de umidade em média geral 61,9%, percentuais de lipídeos, proteína bruta, resíduo mineral e fibra, encontrados nos caroços foram em média a 5,3% da composição química total, e os teores de amido, 20,1% (TANGO et al., 2004). Esses dados sugerem a possível utilização do caroço de abacate para fabricação de farinhas com a probabilidade de serem utilizadas na criação de novos produtos. O estudo do extrato etanólico bruto do caroço apresentou uma grande concentração de compostos fenólicos e uma significativa atividade antioxidante criando uma possibilidade de ser usado como aditivo em alimentos (TANGO et al., 2004).

MATERIAL E MÉTODOS: Os abacates foram coletados em propriedades da região de londrina. Os caroços foram separados, fragmentados, secos e moídos para serem submetidos à extração com etanol. A quantificação de compostos fenólicos no extrato etanólico foi realizada baseada no método colorimétrico de Folin-Ciocalteau (ANDRADE et al., 2007). Preparou-se uma solução com concentração de 500μg/mL do extrato etanólico e a 100 μL desta solução adicionou-se 500 μL do reagente de Folin-Ciocalteau. Em seguida, adicionou-se 1,5 mL de solução saturada de carbonato de sódio 20% e 6 mL de água destilada. Após um repouso de 90 minutos em temperatura ambiente foi feita a leitura, em triplicatas, no espectrofotômetro UV-Vis (marca: FEMTO; Modelo:800XI) para a determinação da absorbância a 765 nm (LUZIA & JORGE, 2009). Utilizou-se Ácido gálico (10 a 100 μg/mL), dissolvido em água destilada, para elaboração da curva de concentração padrão (SINGLETON, et al.,1965.) e os valores de fenólicos totais foram expressos como equivalentes de ácido gálico (mg de ácido gálico/g de amostra).
A avaliação da ação antioxidante foi medida pela capacidade dos compostos presentes na amostra captarem o radical livre DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazina) (BRAND-WILLIAMS et al., 1995; MOLY NEUX., 2004; DUARTE-ALMEIDA et al., 2006). Foram preparadas de soluções em EtOH das amostras de extrato em diferentes concentrações (5 a 350mg/mL). A cada 50 µL de amostras foram adicionados 0,5 mL de solução DPPH 0,3mM em EtOH e 1mL de solução tampão acetato 0,1 M. Após 30 minutos foram realizadas as leituras das absorbâncias na faixa de 515 nm e os valores de absorbância foram convertidos em porcentagem de atividade antioxidante, determinada pela Equação:

%AA = [(Abscontrole–Absamostra)x100] / Abscontrole


RESULTADOS E DISCUSSÃO: O resultado para quantificação do conteúdo de compostos fenólicos, usando a curva padrão do ácido gálico (R2 = 0, 9934), foi de 764,75 (mg de ácido gálico/g de amostra) para o extrato etanólico bruto do caroço o que representa de 4,5% material vegetal seco, o que é condizente com valores encontrados na literatura (TANGO et al., 2004).
O resultado da avaliação quantitativa da atividade antioxidante (%AA) do extrato etanólico do caroço de abacate demonstrou ação antioxidante apresentando um EC50 do extrato etanólico de 1,71 mg/mL (concentração do extrato que causa a perda de 50% da atividade de DPPH), que pode ser obtido através da equação da reta apresentada no gráfico (R2= 0,9162) (figura 1). Este valor revela uma baixa atividade antioxidante, porém significativo quando comparado ao EC50 de outros extratos (Plantas e/ou sementes) (LUZIA & JORGE, 2009).




CONCLUSÕES: Neste trabalho foi possível avaliar o extrato etanólico bruto do caroço do abacate com relação a sua atividade antioxidante representada pelo valor de EC50, bem como quantificar os compostos fenólicos totais. Observou-se que o extrato etanólico apesar de apresentar altos teores de compostos fenólicos, demonstrou baixa atividade antioxidante. Este resultado não foi o esperado, pois deveria existir uma relação diretamente proporcional entre quantidade de fenólicos e a ação antioxidante (SOUSA et al., 2007).
Este estudo terá continuidade buscando propor a utilização e o aproveitamento do caroço.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a Universidade Tecnológica Federal do Paraná pelas bolsas de IC da Fundação Araucária e da Fundação UTFPR concedidas aos alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANDRADE, C. A.; SILVA, V. C.; PEITZ, C.; MIGUEL, M. D.; MIGUEL, O. G.; KERBER, V. A. Determinação do conteúdo fenólico e avaliação da atividade antioxidante de Acacia podalyriifolia A. Cunn. ex G. Don, Leguminosae-mimosoideaedo gênero Acacia - Brazilian Journal of Pharmacognosy 17(2): 231-235, Abr./Jun. 2007.
BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M.E.; BERSET, C. Use of free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensm. Wiss. Technol., v. 28, p. 25-30, 1995.
LUZIA, D. M. M.; JORGE, N. Analytical composition, antioxidant potential and fatty acid profile of jambolan (Syzygium cumini L.) seeds - Revista Ciência Agronômica, v. 40, n. 2, p. 219-223, abr-jun, 2009
SINGLETON, V.L.; ROSSI, J.A. American Journal of Enology and Vitinicultura. v. 16. p. 144-158. 1965
SOUSA, C. M. M.; SILVA, H. R.; VIEIRA-JR, G. M.; AYRES, M. C. C.; COSTA, C. L. S.; ARAÚJO, D. S.; CAVALCANTE, L. C. D.; BARROS, E. D. S.; ARAÚJO, P. B. M.; BRANDÃO, M. S.; CHAVES, M. H. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, 30: 351-355. 2007
TANGO, J. S.; CARVALHO, C. R. L.; SOARES, N. B. caracterização física e química de frutos de abacate visando a seu potencial para extração de óleo. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 26, n. 1, p. 17-23, 2004
WU X.; BEECHER, G. R.; HOLDEN, J. M.; HAYTOWITZ, D. B.; GEBHARDT, S. E.; PRIOR, R. L. Lipophilic and Hydrophilic Antioxidant Capacities of Common Foods in the United States. J. Agric. Food Chem. 52, 4026-4037, 2004.