ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E PARASITOLÓGICA NA ETA MUNICIPAL DE MURIAÉ-MG

AUTORES: SILVESTRE, LOYANA SIMÃO (FAMINAS) ; GOUVEIA, MÔNICA IRANI DE (FAMINAS) ; BARBIÉRI, ROBERTO SANTOS (UNEC/FAMINAS) ; VIEIRA, CARLOS ALEXANDRE (ISED/INESP) ; PÓVOA, HELVÉCIO CARDOSO CORREA (UFF) ; ALVES, RODRIGO DA SILVA (ISED/INESP)

RESUMO: Em Muriaé-MG, o tratamento de águas e esgotos é realizado pelo Departamento Municipal de Saneamento Urbano - DEMSUR -, ao contrário da grande maioria das cidades mineiras, nas quais estes serviços são prestados por uma estatal estadual, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA. Tendo em vista que é comum haver reclamações populares nas águas tratadas pelo DEMSUR, no sentido de se avaliar sua qualidade microbiológica e parasitológica.
A pesquisa foi desenvolvida a partir de amostras coletadas em cinco pontos da Estação de Tratamento de Água (ETA) do DEMSUR e os resultados obtidos indicaram a ausência total de micro-organismos na água tratada, garantindo-se a qualidade do produto oferecido à população local.

PALAVRAS CHAVES: qualidade de águas; tratamento de águas; saúde pública.

INTRODUÇÃO: A avaliação do desempenho das estações de tratamento realizada pelas concessionárias de abastecimento de água no País comumente norteia-se pela qualidade do efluente tratado ou, em outras palavras, pelo percentual do tempo de operação da unidade durante o qual o efluente atendeu aos parâmetros estabelecidos pela Portaria do Ministério da Saúde nº 518, de 25/3/2004, que estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências [1]. É estabelecido um rol de 72 condições para que a água tenha qualidade para consumo humano: aceitação (18), orgânicos (13) e inorgânicos (13); e às concentrações máximas permissíveis de agrotóxicos (23) e subprodutos da desinfecção com compostos de cloro (6) [2].
As águas devem passar por tratamento de várias etapas, principalmente se contiver impurezas de tamanhos variados. Para águas superficiais, o processo deve conter pelo menos duas etapas. Na primeira delas, conhecida como pré-tratamento, dá-se a separação de sólidos grosseiros por meio de filtros de areia grossa ou pedregulho. Em seguida, tem-se a remoção de partículas finas e micro-organismos remanescentes, onde a filtração lenta e a cloração são os processos comumente utilizados (tratamento de múltiplas barreiras) [3].
São comuns comentários com relação a características organolépticas, principalmente o gosto acentuado de cloro ou ferrugem, nas águas tratadas consumidas na cidade de Muriaé-MG. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar a qualidade microbiológica e, de forma complementar, a qualidade parasitológica da água fornecida pelo Departamento Municipal de Saneamento Urbano - DEMSUR -, Muriaé, MG.

MATERIAL E MÉTODOS: Os procedimentos laboratoriais foram divididos em duas etapas: a microbiológica, foi a de incubação das amostras de águas em meios de cultura enriquecidos; e a parasitológica, a de sedimentação espontânea (HPJ) adaptado. Para tal foram coletadas 5 amostras de 150 mL cada, da água dos diferentes tanques de tratamento da DEMSUR, desde a sua entrada até o ponto de saída, em frascos estéreis (previamente autoclavados), abrangendo os pontos significativos do tratamento.
Para triagem microbiológica, foram realizadas diluições decimais seriadas das amostras em 4 tubos de ensaio contendo caldo lactosado e tubos contendo caldo verde brilhante estéril com a presença de tubo de Durah, até a obtenção de uma suspensão a 10-5. Todas as diluições foram realizadas em duplicata.
Para o teste microbiológico foram usados tubos múltiplos duplos de caldo lactosado, preparados segundo metodologia descrita no Manual Prático para Análise de Água da FUNASA [4]. Foram colocados nos tubos, 10 mL de caldo + 10 mL de amostra em cinco seqüencias com cinco tubos cada.
Relativamente a coliformes, depois de uma fase de testes, houve uma fase confirmativa, que consistiu no repique das amostras com resultado positivo (+). Com um palito previamente autoclavado, colocaram-se porções da amostra positiva em tubo contendo caldo verde brilhante, usado para diferenciar os micro-organismos em coliformes fecais ou coliformes totais, todos em 5 sequências incubadas à 37˚C/24h. A observação de turvação e visualização de bolhas é indicativa da presença de coliformes totais; acrescentando-se 1 gota de solução de NaOH 0,1 mol L-1 em cada tubo positivo e posterior exposição à luz ultravioleta, o surgimento de fluorescência revela a presença de Escherichia coli (coliforme fecal).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A água é, e sempre será indispensável à vida na Terra, no entanto, os riscos que podem ser carreados por ela à saúde das populações não depende só de fatores naturais, mas depende ainda das contribuições humanas que estão contribuindo substancialmente para a degradação dos ecossistemas e dos recursos naturais.
Considerando-se as amostra 1 - de água bruta, coletada no ponto de entrada do sistema; 2 - de água floculada do tanque de floculação; 3 - de água do tanque de decantação; 4 - de água do tanque de filtração; e 5 - de água do ponto de saída do sistema, devidamente clorada e fluoretada, os resultados apresentados na Figura 1 são devidamente coerentes: à medida que a amostra representa um estágio mais adiantado do tratamento, a presença de E. coli, de coliformes fecais e de produção de sais se tornam negativos, sendo totalmente negativos na amostra 5, a amostra de água depois do final de seu tratamento.
A mesma coerência foi observada em relação aos testes parasitológicos, apresentados na Figura 2. A água trata mostrou-se isenta de fungos, trofozoítos de E. hystolitica, cistos de E. hystolitica, Tricomonas vaginalis e de sugidades.





CONCLUSÕES: Ao final desta pesquisa observou-se que a água fornecida pelo DEMSUR, de Muriaé-MG, enquadra-se nas premissas estabelecidas pela Portaria nº 518/2004 no que tange a qualidade microbiológica. Quanto aos limites para contaminação por parasitas, não tratados na referida portaria, os resultados encontrados são confortantes, pois os processos de tratamento das águas foram efetivos e alcançaram os objetivos esperados, podendo-se afirmar, que na ocasião das coletas da amostra, a água tratada fornecida em Muriaé é livre de contaminantes microbianos e parasitológicos.

AGRADECIMENTOS: À Direção e à Farmacêutica Responsável do DEMSUR, Muriaé-MG, e à FAMINAS, ao UNEC, à UFF e ao ISED/INESP pelo apoio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] BRASIL, 2004. Portaria n° 518, 25/3/2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial, Brasília, Seção 1, p. 266-70, 26 mar. 2004. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2004/GM/GM-518.htm>. Acesso em: 1/7/2010.
[2] SOUZA, Maria Eugênia Tavares Abreu de; LIBANIO, Marcelo. Proposta de Índice de Qualidade para Água Bruta afluente a estações convencionais de tratamento. Engenharia Sanitária Ambiental, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, p. 471-478, out./dez. 2009.
[3] VERAS, Luciana Rodrigues Valadares; DI BERNARDO, Luiz. Tratamento de água de abastecimento por meio da tecnologia de filtração em múltiplas etapas - FIME. Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 109-116, jan./mar. 2008.
[4] FUNASA. Manual prático de análise de água. Fundação Nacional de Saúde. 2. ed. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006. Disponível em:<http://www.funasa.gov.br/Web%20Funasa/pub/pdf/Mnl%20analise%20agua.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2010.