ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: MORFOLOGIA E RENDIMENTO DE ÓLEO DAS ESTRUTURAS GLANDULARES FLORAIS DE Burdachia prismatocarpa A.Juss (MALPIGHIACEAE)

AUTORES: CRUZ, R. S. (UFAM-ICET) ; SILVA, I. R. (UFAM-ICET) ; GUIMARÃES, A. C. (UFAM-ICET)

RESUMO: Burdachia é um gênero de áreas alagáveis amazônicas, apresentando glândulas oleíferas nas flores. O trabalho objetivou descrever a morfologia das glândulas florais e medir o rendimento de óleo em B. prismatocarpa. Na análise macromorfológica o material foi observado em estereomicroscópio. Para a análise micromorfológica, em microscópio óptico, as estruturas foram submetidas a técnicas histológicas. A extração de óleo foi feita com adição de diclorometano. As glândulas do cálice possuem coloração rosa e ocorrem em pares, as da pétala são rosa-esverdeadas e marginais. O arranjo micromorfológico se mostrou similar em ambas estruturas. A adição de tecido não secretor implicou no rendimento de 0,012%. O trabalho traz dados inéditos e de grande valia para os estudos em Malpighiaceae.

PALAVRAS CHAVES: botânica, glândula, lipídeo

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: A família botânica Malpighiaceae apresenta ampla distribuição na região Neotropical, onde as espécies exibem morfologia floral bem conservada (ANDERSON, 2004; 2006). A morfologia floral, em parte, reflete adaptações ao polinizador, que são atraídos por alguma recompensa como néctar, pólen, lipídeos, resina e fragrâncias (ROUBIK, 1989; VINSON et. al., 1996 apud AGUIAR L. M. C et. al., 2003). As ofertas mais comuns, logo mais estudadas são néctar e pólen. A fragrância das flores, freqüentemente é o que mais atrai os insetos polinizadores, especialmente as abelhas (HARBONE apud GIESE, 2005). As Malpighiaceae estão entre as famílias que mais oferecem recompensa a seus polinizadores, espécies de abelhas coletoras de óleo (AGUIAR L. M. C et. al., 2003; ANDERSON, 2004). Burdachia é um gênero endêmico de áreas alagáveis amazônicas. A espécie Burdachia prismatocarpa A. Juss. caracteriza-se principalmente por apresentar glândulas nas sépalas e na pétala posterior, sendo a primeira comprovadamente responsável pela produção de óleo não volátil (ANDERSON, 1978; 1981; 2001). Diante da carência destes dados na literatura, o presente trabalho teve como objetivo descrever a macro e micromorfologia das glândulas florais bem como medir o rendimento do óleo fixo na espécie B. prismatocarpa.

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODOS: As coletas foram realizadas no Lago de Serpa, no município de Itacoatiara-AM no mês de março de 2009. Foram coletadas inflorescências de cinco indivíduos destinadas ao estudo macro e micromorfológico e extração de óleo. O material fresco foi encaminhado a extração de óleo e fixada em FAA e em FN tamponada, para análises macro e micromorfológico. A descrição macromorfológica floral foi obtida a partir da observação de botões e flores, com auxilio estereomicroscópio. Foram realizados cortes com auxílio de micrótomo de mesa, após coloração em azul de astra, fucsina básica e safranina, foram montadas lâminas semi-permanentes. Para observação da epiderme, as estruturas foram submetidas à dissociação utilizando solução de peróxido de hidrogênio e ácido acético (1:1). Os fragmentos de epiderme obtidos na dissociação foram submetidos aos mesmos processos de coloração e montagem das lâminas. Foi realizado teste histoquímico com Sudam III para detecção de lipídeos. Todo laminário foi observado em microscópio óptico. A extração de óleo das glândulas das sépalas e da pétala foi feita com adição de diclorometano. Foram realizadas três extrações uma a cada 24 horas, seguida de filtragem e evaporação do solvente. Por fim o óleo foi pesado e o rendimento foi calculado a partir da fórmula M.o/ M.g x 100.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: O estudo macromorfológico indicou que as glândulas da pétala são rosa - esverdeadas, distribuindo-se na margem do limbo (Figura1B), variando entre 10 a 34 glândulas por pétala (Figura1A). As glândulas do cálice são rosas e ocorrem em pares nas cinco sépalas (Figura1C), totalizando 10 glândulas por flor (Figura1D). As dimensões das estruturas mostraram medidas correspondentes às relatadas por Silva (2007). A glândula calicinal mostrou epiderme de células poligonais e isodiamétricas com parede anticlinal reta. Transversalmente foram observadas cutícula e epiderme em paliçada, tratando-se de um elaióforo epidermal (Figura 2B). A glândula petalar mostrou arranjo similar (Figura 2A). Castro, Vega & Mulgura (2001) documentaram a similaridade micromorfológica entre a glândula foliar e a calicinal em Galphimia brasiliensis. O padrão anatômico encontrado em B. prismatocarpa é o mesmo padrão registrado em G. brasiliensis. Na literatura, este padrão é constantemente correlacionado a produção de óleo. No entanto, a análise histoquímica e química é fundamental para confirmar a natureza oleífera da estrutura (CASTRO, VEGA & MULGURA 2001). O resultado dos testes com Sudam III em B. prismatocarpa foi positivo, confirmando a presença de lipídeo. A extração do óleo a partir de 86,48 g de material floral (glândulas calicinais e tecido adjacente não secretor) totalizou 11 mg e um rendimento de 0,012%. O baixo rendimento se explica pela adição de tecido não secretor, interferências da fenofase e condições de coleta. Carvalho, Borba & Lucchese (2005) isolaram as glândulas para extração em pentano, obtendo um rendimento significativo. Não foi possível calcular o rendimento de óleo da pétala devido sua cristalização.





CONCLUSÕES: CONCLUSÃO: A mais importante confirmação foi a similaridade anatômica entre as glândulas florais em questão, revelando o padrão típico de estruturas oleíferas. Poucos estudos têm sido realizados para a identificação da composição química dos óleos florais diante da representatividade da família Malpighiaceae. Trabalhos subseqüentes visam encaminhar o material aqui obtido à análise cromatográfica. Assim sendo, o trabalho contribui para a continuidade investigativa sobre a composição química dos óleos em questão, bem como estender a proposta para outras espécies de Malpighiaceae.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AGUIAR, C. M. L.; ZANELLA, F. C. V.; MARTINS, C. F.; CARVALHO, C. A.L. de. 2003. Plantas visitadas por Centris spp. (Hymenoptera: Apidae) na Caatinga para obtenção de recursos florais. Neotropical Entomology, 32(2):247-259.
ANDERSON, W. R. 1978 [“1977”]. Byrsonimoideae, a new subfamily of the Malpighiaceae. Leandra. 7: 5-18. 1981. Malpighiaceae. In The Botany of the Guayana Highland-Part XI. Memorirs of the New York Botanical Garden. 32: 137-147. 2001. Malpighiaceae. In: Missouri Botanical Garden Press. Flora of the Venezuelan Guayana. St. Louis Missouri. 6: 82-139. 2004. Malpighiaceae. In: The New York Botanical Garden & Princeton University Press. Flowering Plants. Princeton, New Jersey. 229 – 232. 2006. Eight segregates from the neotropical genus Mascagnia (Malpighiaceae). Novon. 16: 168–204.
CARVALHO D.P; BORBA L.E; LUCCHESE M. A. 2005. Variação no número de glândulas e produção de óleo em flores de Stigmaphyllon paralias A. Juss. (Malpighiaceae). Acta Botanica Brasilica. 19(2)
CASTRO, VEGA & MULGURA 2001. Structure and ultrastructure of leaf and calyx glands in Galphimia brasiliensis (Malpighiaceae) American Journal of Botany. 88:1935-1944. 2001
GIESE, O.K.S; Estudo da Composição Química dos Óleos Florais de Byrsonima brachybotrya (Malpighiaceae) . Curitiba, 2005. Dissertação (Mestrado em Química Orgânica) Universidade Federal do Paraná
SILVA, R. I. Taxonomia e análise cladistica dos gêneros Amazônicos Burdachia A. Juss. E Glandonia Griseb. (MALPIGHIACEAE): Inferências morfo-anatômicas. Manaus, 2007. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas, concentração em Botânica) – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.