ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Qualidade de vida dos professores de uma instituição federal de educação profissional e tecnológica

AUTORES: SILVESTRE,A.A (IFMT) ; SILVESTRE, E.A. (UNIVAG) ; NEVES, M.S. (UNIC)

RESUMO: Este trabalho estuda a qualidade de vida dos professores de uma instituição federal e verifica se existe variação conforme o sexo, idade, jornada de trabalho e tempo de serviço. Para isso, foi aplicado a 37 professores um questionário social e o questionário de qualidade de vida SF 36. Os resultados foram analisados estatisticamente. Os fatores mais comprometidos foram: vitalidade, estado geral de saúde, dor e aspectos físicos. Não foram encontradas diferenças estatísticas significativas entre os fatores avaliados em relação ao gênero. Houve diferença em relação à capacidade funcional conforme idade e tempo de serviço. Em relação à jornada de trabalho, encontraram-se diferenças nos aspectos emocionais. Em geral os professores possuem boa qualidade de vida, com variações a serem discutidas.

PALAVRAS CHAVES: qualidadade de vida, sf 36, professores

INTRODUÇÃO: A qualidade de vida pode ter várias definições, segundo vários autores, isso porque ela muda de pessoa para pessoa, depende do tipo de vida. O conceito de qualidade de vida compreende uma série de variáveis, como o bem estar físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, como família e amigos, saúde, poder de compra e outras circunstâncias da vida(SEIDL e ZANNON,2004;KLUTHCOVSKY e TAKAYANAGUI, 2007). Compreende desse modo, situações extremamente variadas, como anos de escolaridade, atendimento digno em caso de doenças e acidentes, alimentação em quantidade suficiente e com qualidade adequada e, até mesmo, posse de aparelhos eletrodomésticos. Para a organização mundial da saúde, a qualidade de vida, foi definida como "a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações"(FAMED,2008).
A profissão do professor geralmente apresenta longas jornadas de trabalhos, com raras pausas de descanso e/ou refeições breves e em lugares desconfortáveis. O ritmo intenso e variável, com início muito cedo pela manhã, podendo ser estendido até à noite em função de dupla ou tripla jornada de trabalho. No corre-corre os horários são desrespeitados, perdem-se horas de sono, alimenta-se mal, e não há tempo para o lazer. São exigidos níveis altos de atenção e concentração para a realização das tarefas. Quando o trabalho é desprovido de significação, não é reconhecido ou é uma fonte de ameaças à integridade física e/ou psíquica acaba por determinar sofrimento ao professor. Dessa maneira se torna necessário fazer o levantamento da qualidade de vida dos professores e identificar fatores relacionados e propor intervenções.

MATERIAL E MÉTODOS: Foi realizada uma pesquisa exploratória de caráter descritivo quantitativo. Como instrumento de coleta de dados aplicou-se o questionário SF36 e um questionário social produzido pelos pesquisadores. O SF36 é uma versão reduzido do instrumento Medical Outcomes Study ( MOS), traduzido e validado para a população brasileira por CICONELLI et al ( 1999). Este Inventário avalia 8 aspectos relacionados à qualidade de vida: capacidade funcional, aspectos físicos, aspectos emocionais, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, saúde mental. A amostra foi composta por 37 professores de uma instituição federal de educação profissional e tecnológica. A participação foi voluntária e com preenchimento de termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados foram tabulados pelo programa epidata 3.1 e analisados estatisticamente pelos testes Mann–Whitney, Kruskal–Wallis e Pearson, de acordo com o tipo de variável testada, através do programa Bioestat 5.0

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram entrevistados 37 professores, sendo 21 do sexo masculino e 16 do sexo feminino, com idade entre 24 e 61 anos, com desvio padrão de 39,4 anos. Em relação ao tempo de magistério a média foi de 14,7 anos, sendo que há 11% dos professores entre 30 a 35 anos de trabalho e 27% de professores com no máximo de 5 anos de trabalho. A carga horária de trabalho é de 20,30,40 e mais de 40 h, onde 38 % estão trabalhando mais de 40 h e 8% estão trabalhando 20 h. Com relação ao turno de trabalho, 68% dos professores trabalham nos 3 períodos, 30% trabalham em 2 períodos e 2% trabalham 1 período apenas. Quanto à formação acadêmica, há 10% com graduação, 27% com especialização, 52% com mestrado e 11% com doutorado.
Através das respostas, os piores escores da qualidade de vida observados em tabela, são: vitalidade, estado geral de saúde, dor e estado físico. Observou-se que os indivíduos do sexo masculino apresentaram maior variação dos escores nos fatores “aspectos físicos” e aspectos emocionais, com desvio padrão entre 36,34 e 30,74, respectivamente. Já no sexo feminino, apresentaram maior variação nos fatores “aspectos emocionais”, “dor” e “aspectos físicos”, com desvio padrão 41,94, 30,96 e 36,8, respectivamente. Na comparação dos escores em função da carga horária de trabalho, observou-se que os professores que trabalham mais de 40 h apresentam diferenças significativas (p < 5%) para aspectos sociais. Neste fator, os professores que trabalham até 40 h tiveram melhor escore (79,17), seguidos dos que trabalham de 20 a 30 h (77,5), os que trabalham mais de 40 h tiveram escore próximo ao do nível inferior (58,93), isto sinaliza que a jornada de trabalho interfere à qualidade de vida, ligada ao lazer e relações sociais dos docentes.
Em relação ao tempo de trabalho, verificou-se que a capacidade funcional diminui à medida que o tempo de serviço aumenta e também com o aumento da idade.






CONCLUSÕES: Através do inventário SF-36 foram analisados oitos fatores relacionados com a qualidade de vida: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos emocionais e saúde mental. Os fatores que mais tiveram aspectos positivos: capacidade funcional, aspectos sociais e saúde mental. Os fatores que tiveram piores resultados: vitalidade, estado geral de saúde, dor e aspectos físicos. Em geral, os dados sugerem que os professores tem uma boa qualidade de vida, porém valores altos de desvio padrão sinalizam muita variação entre resultados individuais.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CICONELLI, R. M., et al. Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Rev Bras Reumatol. 1999;39(3):143-150.

FAMED – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL/HCPA. (1998) Versão em português dos instrumentos de avaliação de qualidade de vida (WHOQOL). Disponível em: < http://www.ufrgs.br/psiq/WHOQOL.html> Acesso em: 28 abr. 2005.

KLUTHCOVSKY, Ana Cláudia Garabeli Cavalli; TAKAYANAGUI, Angela Maria Magosso. Qualidade de vida: aspectos conceituais. Revista Salus-Guarapuava-PR 1(1): 13-15. .jan./jun; 2007. Disponível em: <http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_artigos/12.pdf

SEIDL, Eliane Maria Fleury; ZANNON, Célia Maria Lana da Costa. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, abr. 2004 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2004000200027&lng=pt&nrm=iso>