ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO GRAU DE FERTILIDADE DO SOLO NA CULTURA DE CAFÉ CONILON (Coffea canephora) ORGÂNICO

AUTORES: ROSA, A.B. (UFES) ; BELINELO, V.J. (UFES) ; REIS, E.F. (UFES) ; ALMEIDA, A.J. (UFES) ; BONELLA, A.F. (UFES) ; CAMPOS, M.S.T. (UFES)

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar a fertilidade do solo de uma cultura de café conilon orgânico de cinco anos. Como adubação orgânica o produtor tem utilizado bagaço de cana, esterco de galinha, esterco bovino e palha de café, além do uso de calcário e de gesso. A análise do solo nesta plantação orgânica indicou deficiências em micronutrientes e um solo ácido, portanto para não se ter queda drástica na produtividade do próximo ano recomenda-se a correção da acidez com calcário dolomítico e adição dos micronutrientes antes do florescimento.

PALAVRAS CHAVES: fertilidade, agricultura orgânica, café conilon

INTRODUÇÃO: O Estado do Espírito Santo é o maior produtor brasileiro de café Conilon (Coffea canephora). Detém cerca de 70% da produção nacional da espécie, seguido pelos Estados de Rondônia, Bahia e Minas Gerais. No Estado, cultiva-se somente a variedade conhecida por Conilon, que se trata de um material diplóide, de fecundação cruzada e propagado, normalmente, via sexuada (DADALTO & FULLIN, 2001).
A expansão das lavouras de café no Estado do Espírito Santo iniciou-se nos solos mais férteis em substituição às matas nativas e atualmente ocupa extensas áreas de solos com baixa fertilidade natural. Esse fato, associado à elevada quantidade de nutrientes extraídos pelo cafeeiro, gera a necessidade de aplicação de adubos e corretivos por parte dos produtores. O uso adequado do tipo e da quantidade de fertilizantes e de corretivos para minimizar os custos e maximizar a receita líquida passa pela análise química anual do solo.
As análises químicas foram realizadas com amostras de solos coletados de uma lavoura de café Conilon da região de São Gabriel da Palha, na região norte do Estado do Espírito Santo, onde se pratica o cultivo orgânico.
Nestes cinco anos, a plantação teve sua reposição nutricional suprida por meio de bagaço de cana, esterco de galinha, esterco bovino, palha de café, além disto, o produtor faz uso de calcário dolomítico.
As análises químicas foram realizadas no Laboratório de Análises de fertilizantes, águas, minérios, resíduos, solos e plantas (Lafarsol) do Centro de Ciências Agrárias da UFES, de acordo com a metodologia descrita na literatura (CLAESSEN, 1997; RAIJ et al., 2001; SILVA, 1999).
Foi coletada amostra composta formada por amostras de solo de textura media coletadas na projeção da copa das plantas úteis, na profundidade de 0-20 cm.

MATERIAL E MÉTODOS: A amostra composta foi secada ao ar sobre folha de papel em um tabuleiro e destorroada manualmente. Em seguida passada por peneira com malha de 2 mm, obtendo-se a Terra Fina Seca ao Ar (TFSA) que foi utilizada para as análises químicas.
Os parâmetros analisados foram: pH em água por potenciometria, fósforo através de espectrofotometria VIS, em 720 ou 885 nm, com molibdato de amônio, potássio e sódio por meio de fotometria de chama, cálcio, magnésio, ferro, cobre, manganês e zinco por espectrofotometria de absorção atômica, acidez potencial (H++Al3+) por titulometria de neutralização com hidróxido de sódio usando o indicador azul de bromotimol, a matéria orgânica através da titulometria com dicromato de potássio e por espectrofotometria VIS (em 420 nm) são determinados respectivamente boro com azometina-H e o enxofre como sulfato com cloreto de bário.
Com os dados obtidos foram calculadas a soma de bases (SB = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+) e a capacidade de troca catiônica (CTC = SB + acidez potencial) segundo o Manual de Recomendação de Calagem e Adubação para o Estado do Espírito Santo (DADALTO & FULLIN, 2001).


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram detectados teores altos para a enxofre (104,8 mg/dm3), fósforo (21 mg/dm3), alumínio (2,6 cmolc/dm3) acidez potencial (H+Al) (29,8 cmolc/dm3), matéria orgânica (39,6 dag/dm3) e também para a CTC pH 7,0 (31,2 cmolc/dm3). A soma de bases foi considerada baixa (1,4 cmolc/dm3) e o valor do pH no solo apresentou acidez elevada (4,0).
Os teores respectivamente de potássio, magnésio e cálcio encontrados no solo foram baixos: 1,9 mg/dm3, 0,9 cmolc/dm3 e 1,7 cmolc/dm3.
Os micronutrientes Fe, Cu, Mn, Zn e B apresentaram valores baixos a muito baixos, respectivamente, 2,1, 0,0, 0,2, 0,4 e 0,5 mg/dm3.


CONCLUSÕES: Como o solo apresenta-se ácido e os micronutrientes estão baixos conforme os critérios de interpretação da fertilidade do solo propostos pelo Manual de Recomendação de Calagem e Adubação para o Estado do Espírito Santo, recomenda-se aplicar calcário dolomítico e corrigir os micronutrientes antes do florescimento para não haver redução drástica na produtividade do próximo ano.

AGRADECIMENTOS: Ao Lafarsol, FAPES, UFES.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CLAESSEN, M. E. C. (Org.) Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA, 1997. 212p.
DADALTO, G.G.; FULLIN, E.A. (Ed.). Manual de Recomendação de calagem e adubação para o Estado do Espírito Santo. 4. aproximação. Vitória: INCAPER, SEAG, 2001. p.118-121.
RAIJ, B.; ANDRADE, J.C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A. (Org.) Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Campinas: Instituto Agronômico, 2001. 285p.
SILVA, F. C. (Org.) Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. Brasília: EMBRAPA, 1999, 370p.