ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: FERTILIDADE DO SOLO EM CULTURA DE MARACUJÁ (Passiflora edulis F. FLAVICARPA, PASSIFLORACEAE) NO NORTE CAPIXABA

AUTORES: ANTUNES, R.M. (UFES) ; BELINELO, V.J. (UFES) ; REIS, E.F. (UFES) ; ALMEIDA, A.J. (UFES) ; BONELLA, A.F. (UFES) ; MILANEZE, B.A. (UFES)

RESUMO: O norte capixaba destaca-se nacionalmente na produção de maracujá devido ao clima, solo e índice pluviométrico propícios para esta cultura. No trabalho foram analisados solos de duas propriedades, um arenoso (no litoral) e um argiloso (no interior do estado). A adubação utilizada em ambos os plantios é associação da orgânica com esterco com a mineral, corrigindo o pH com calcário dolomítico. A produtividade do maracujá amarelo no interior (28 t/ha) é superior a do litoral (19 t/ha). As análises químicas do solo sugerem correção da acidez e dos micronutrientes boro, cobre, manganês e zinco na plantação litorânea para aumentar a produtividade.

PALAVRAS CHAVES: maracujá, passiflora edulis, solo

INTRODUÇÃO: O Espírito Santo possui condições propícias para o plantio do maracujá, que apresenta produtividades elevadas em regiões com temperatura média entre 23 e 25 ºC, baixa umidade relativa do ar, alta luminosidade e ausência de geadas e ventos fortes. A região Norte capixaba tem se destacado como área de maior potencial para o desenvolvimento desta cultura, sendo que em outras regiões do Estado, ela apresenta menor produtividade, entretanto, com a produção em épocas diferenciadas alcança melhores preços (SEAG, 2010).
A área plantada cresceu efetivamente nos últimos anos. Passou de 500 hectares em 1990 para 2.612 ha em 2009. Atualmente os principais municípios produtores são: Sooretama, Linhares, Pinheiros, Jaguaré, Linhares, Aracruz, São Mateus e Presidente Kennedy (SEAG, 2010).
O maracujazeiro é planta dicotiledônea da família Passifloraceae onde se destaca o gênero Passiflora com três espécies importantes economicamente: Passiflora edulis f. flavicarpa - o maracujá amarelo ou azedo ou peroba -, P. edulis Sims - a maracujá roxo e o P. alata Ait - o maracujá doce (SEAG, 2010).
É uma planta trepadeira de clima quente e úmido e desenvolve-se em diferentes tipos de solos, preferencialmente os areno-argilosos com bom teor de matéria orgânica, desde que sejam profundos, férteis e com boa drenagem, com pH entre 5,0 e 6,5. Deste modo, deve se analisar quimicamente o solo, pois é o principal critério para avaliar sua fertilidade e, conseqüentemente, a necessidade de adubação da cultura (DADALTO & FULLIN, 2001).

MATERIAL E MÉTODOS: As análises químicas de solo de plantações de maracujá foram realizadas de acordo com a metodologia descrita na literatura (CLAESSEN, 1997; RAIJ et al., 2001; SILVA, 1999).
As amostras de solo de textura média foram coletadas na profundidade de 0-20 cm para formação da amostra composta. Esta foi secada ao ar sobre folha de papel em um tabuleiro e destorroada. Em seguida passada por peneira com malha de 2 mm, obtendo-se a Terra Fina Seca ao Ar (TFSA) que foi utilizada para as análises químicas.
A TFSA foi analisada quimicamente para determinação dos teores de alumínio (Al), enxofre (S), fósforo (P), potássio (K), sódio (Na), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+ +Al3+), pH, soma de bases (SB), capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V%), saturação por alumínio (m%), carbono (C) e matéria orgânica (MO) e do micronutrientes boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn) e zinco (Zn) segundo o Manual de Recomendação de Calagem e Adubação para o Estado do Espírito Santo para cultura de maracujá (DADALTO & FULLIN, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para o solo argiloso, os valores estão de acordo com o exigido para o cultivo de maracujá (COSTA et al., 2008), os valores encontrados na análise de solo enxofre (20,1 mg/dm3), fósforo (18 mg/dm3), alumínio (0 cmolc/dm3) acidez potencial (H+Al) (1,8 cmolc/dm3), matéria orgânica (64,4 dag/dm3), CTC pH 7,0 (6,5 cmolc/dm3), SB (2,5 cmolc/dm3), Fe (10 mg/dm3), Cu (2,2 mg/dm3), Mn (7,2 mg/dm3), Zn (8,0 mg/dm3), B (0,8 mg/dm3) e pH 6,2.
A análise do solo na plantação litorânea em solo arenoso, os valores encontrados na análise de solo enxofre (119,4 mg/dm3), fósforo (5 mg/dm3), alumínio (2,8 cmolc/dm3) acidez potencial (H+Al) (39,5 cmolc/dm3), matéria orgânica (31,4 dag/dm3), CTC pH 7,0 (40,9 cmolc/dm3), SB (1,4 cmolc/dm3), Fe (1 mg/dm3), Cu (0,3 mg/dm3), Mn (1,4 mg/dm3), Zn (1,9 mg/dm3), B (0,1 mg/dm3) e pH 4,0.

CONCLUSÕES: Pode-se concluir que o solo argiloso está tendo adubação e calagem adequadas do solo o que permite melhor produtividade, enquanto o solo arenoso além de estar ácido necessitando de correção com calcário dolomítico, ainda apresenta deficiência nutricional de boro, cobre, manganês e zinco, ou seja, está em desacordo com as recomendações técnicas descritas na literatura para o cultivo de maracujá para o Estado do Espírito Santo (COSTA et al., 2008; DADALTO & FULLIN, 2001).

AGRADECIMENTOS: Ao Lafarsol, FAPES, UFES

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CLAESSEN, M.E.C. (Org.) Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA, 1997. 212p.
COSTA, A.F.S et al. Recomendações técnicas para o cultivo de maracujazeiro. Vitória, ES: INCAPER, 2008. 56p.
DADALTO, G.G.; FULLIN, E.A. (Ed.). Manual de Recomendação de calagem e adubação para o Estado do Espírito Santo. 4. aproximação. Vitória: INCAPER, SEAG, 2001. p.118-121.
RAIJ, B.; ANDRADE, J.C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A. (Org.) Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Campinas: Instituto Agronômico, 2001. 285p.
SEAG. Disponível no sítio eletrônico <www.seag.es.gov.br>, disponível no dia 10 Jul 2010.
SILVA, F.C. (Org.) Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. Brasília: EMBRAPA, 1999, 370p.