ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Tratamento de Efluentes por Tanque Séptico Modificado com Pós-Tratamento por Leitos não Cultivados e Lagoa de Estabilização

AUTORES: COLARES,C.J. G.;ROCHA, L. R;VARGAS,R.B.S (UEG) ; NETO, S. A.;SANDRI, D.;COLARES,E.C.G (UEG)

RESUMO: O tratamento de águas residuárias fornece as condições para seu lançamento em corpos hídricos e sua possível reutilização, como para a irrigação. Objetivou-se nesse trabalho caracterizar o sistema de tratamento do esgoto gerado no Campus da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas (UnUCET), Anápolis - Goiás. O sistema é constituído de três tanques sépticos modificados em série, seguidos de três leitos não cultivados em paralelo de fluxo subsuperficial, preenchidos com pedra, cascalho lavado e brita #2 e lagoa de estabilização. Analisaram-se os parâmetros: alcalinidade, boro, condutividade elétrica, demanda química de oxigênio (DQO), fósforo total, manganês, nitrato, nitrito, nitrogênio total, oxigênio dissolvido, pH e temperatura.

PALAVRAS CHAVES: água residuária, meio suporte, reuso

INTRODUÇÃO: No contexto de escassez de água que atinge várias regiões do Brasil, associada aos problemas de qualidade da água, surge como alternativa potencial de racionalização, a reutilização da água para vários usos, inclusive para irrigação (BERNARDI, 2003). Diante desta situação faz-se necessário o desenvolvimento de sistemas de tratamento de águas residuárias que sejam simples, não mecanizados, baratos e fáceis de construir e operar, utilizando materiais de construção de fácil aquisição, mão-de-obra não especializada, e que possam ser incorporados à realidade atual dos países em desenvolvimento (VALENTIM, et al. 1998). Desta forma a primeira opção de sistema de tratamento de efluente, seja doméstico ou industrial, a ser considerada para áreas desprovidas de sistema de captação e com poucos recursos financeiros é o tanque séptico (PHILIPPI et al., 1998). Já para a remoção de compostos orgânicos, representadas pelo uso de leitos não cultivados (tratamento secundário), vêm para integrar aos sistemas de tratamento de efluentes industriais, domésticos, resíduos ácidos de mineração e efluentes de atividades agrícolas, apresentando como satisfatórios e sendo utilizadas nas últimas décadas (IWA, 2000). Neste sentido, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência do sistema de tratamento de efluentes sanitários tratados com três tanques sépticos modificados em série, seguidos de três leitos não cultivados em paralelo de fluxo subsuperficial, preenchidos com diferentes materiais, considerando análises de alguns parâmetros físico-químicos do efluente coletado em diferentes pontos. E dessa forma comparar com a legislação vigente para atender aos padrões de lançamento em função da classe do corpo hídrico receptor definido pela resolução do CONAMA Nº 357 de 17/03/05.

MATERIAL E MÉTODOS: A Estação de Tratamento de Efluentes(ETE/UNUCET)foi construída no Campus da Universidade Estadual de Goiás (UEG),Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas (UnUCET),no município de Anápolis, GO, Brasil.A água residuária é composta de dejetos sanitários, dos laboratórios, dos prédios,da administração,da cozinha e da cantina,com instalações que ocupam uma área de 12.296 m² de área construída.O sistema de tratamento primário é compreendido por três tanques sépticos modificados, composto por três caixas de fibra em série de 15.000,10.000 e 5000 litros, totalizando 30.000 litros, e uma caixa de divisão de vazão com capacidade de 250 litros, que atua como distribuidor para os leitos no subseqüente tratamento. Para o tratamento secundário, existem três leitos não cultivados em paralelo com capacidade de 12.000 litros cada um, construídos de alvenaria e cimento impermeabilizante, preenchidos com pedra, cascalho lavado e brita#2, contendo 36.000 litros de volume total. E uma lagoa de estabilização facultativa (tratamento secundário) com volume útil de 225 m³, com capacidade de tratamento de 15.000 litros por dia. Foram coletadas seis amostras de efluente, sendo estas realizadas em dois horários, em função da maior demanda do dia observado pelo volume consumido no Campus. Essas amostras foram analisadas no Laboratório de Química UEG, com base na metodologia apresentada por Standard Methods for Examination of Water and Wastewater aos quais analisaram-se os seguintes parâmetros: alcalinidade (mg L-1), boro (mg L-1), condutividade elétrica, demanda química de oxigênio (DQO) (mg L-1), fósforo total (mg L-1), manganês (mg L-1), nitrato (mg L-1), nitrito (mg L-1), nitrogênio total (mg L-1), oxigênio dissolvido (mg L-1), pH e temperatura (°C).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados dos parâmetros analisados para caracterizar a eficiência da ETE são apresentados na Tabela1.Segundo a Resolução n.357/05 do CONAMA,que estabelece os parâmetros para lançamento de efluente líquidos em corpos de água de classe 2,os parâmetros Boro (B),Nitrato e Nitrito apresentado para os pontos analisados,atendem legislação vigente com valores compreendidos abaixo de 0,5 mg L-1 B,10,0 mg.L-1 Nitrato e 1,0 mg.L-1 Nitrito,respectivamente.Sendo que ocorreu maior remoção nos leitos e na lagoa nestes mesmos parâmetros.Já para os parâmetros Fósforo Total(P)e Manganês(Mn),os valores apresentados não atendem a legislação e ultrapassam o recomendado de 0,050 mg.L-1 P e 0,1 mg.L-1 Mn.O Nitrogênio Total(N)apresenta nos pontos de entrada do efluente bruto e no leito preenchido com brita#2 valores que se enquadram na legislação, que compreende abaixo dos valores de 3,7mg.L-1 N. O valor médio de pH apresentados em todos os pontos de coletas encontram-se dentro dos padrões preconizados(entre 5,0 e 9,0).O oxigênio dissolvido, em qualquer amostra, não deve ser inferior a 5mg.L-1 de O2 para lançamentos em corpos hídricos de classe 2,demonstrando que apenas a entrada do sistema e saída da lagoa de estabilização apresentaram valores dentro do recomendado.Nos demais pontos houve uma diminuição nos valores de O2,por estar sendo consumido no processo de decomposição da matéria orgânica.Nas amostras pode-se observar redução progressiva e acentuada da DQO entre os dois tratamentos(primário-secundário), obtendo-se redução de 45,11% no ponto que consiste na distribuição de vazão, de 26,08% na saída do leito preenchido com pedra, de 24,28% na saída do leito preenchido com cascalho e de 12,27% na saída do leito preenchido com brita#2 em relação aos valores do efluente bruto.



CONCLUSÕES: Observou-se que na saída dos tanques sépticos ocorreu significativa remoção de O2,DQO,nitrato,nitrito,Mn. Os leitos apresentaram remoções semelhantes para os parâmetros nitrato e Mn.Porém dentre os leitos estudados,o que possui preenchimento com brita#2 apresentou remoção com mais expressividade nos parâmetros alcalinidade, boro,fósforo total,nitrato, nitrito e nitrogênio total,designando assim este como sendo o de maior eficiência entre os demais.O sistema de tratamento de efluente apresentou padrões de emissão adequados para lançamento de efluentes no corpo receptor conforme Res. CONAMA 357.

AGRADECIMENTOS: Á CAPES pela concessão de bolsa de estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: APHA; AWWA & WPCF. Standar methods for examination of water and wastewater.19ªed, Washinton D.C./USA, American Public Heath Association, 1995.
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Nº 357, de 17 de março de 2005.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em 20 de março de 2010.
MACÊDO, J. A. B. Águas & Águas. 2ª edição. Revisada e ampliada. Belo Horizonte: CRQ. 2004. 977p.
PHILIPPI, L. S., COSTA, R. H. R. & SEZERINO, P. H. “Domestic effluent treatment through integrated system of septic tank and root zone” . Conferência: 6th International Conference on Wetland Systems for Water Pollution Control, Águas de São Pedro/SP, out/1998.
VALENTIM, M. A. A. & ROSTON, D. M. Project of constructed wetland for treating septic tank effluent, 6th International Conference on Wetland Systems for Water Pollution Control 1998. Abstract. Águas de São Pedro-SP, 1998.