ÁREA: Ambiental

TÍTULO: EFEITO BIOCIDA DE COMPOSTO ORGANOFOSFORADO SOBRE LARVAS DE AEDES AEGYPTI

AUTORES: CASTRO, MARIANA SOARES (FAMINAS) ; GOUVEIA, MÔNICA IRANI DE (FAMINAS) ; BARBIÉRI, ROBERTO SANTOS (UNEC/FAMINAS) ; VIEIRA, CARLOS ALEXANDRE (ISED/INESP) ; SANTOS FILHO, BRÁULIO VIEIRA DOS (FAMINAS) ; ALVES, RODRIGO DA SILVA (ISED/INESP) ; AMORIM, WANDER LUIZ ALVES (FAMINAS/UNEC)

RESUMO: A dengue tem-se apresentado como uma arbovirose re-emergente, que tem causado prejuízos, sob todos os aspectos, à população de países tropicais. Os métodos de controle da doença são relativos ao seu vetor, o mosquito Aedes aegypti, contra o qual o uso de um composto organofosforado, o Abate ou Themephos®, apresenta a melhor eficiência. Neste trabalho avaliou-se a capacidade de sobrevida de larvas do Aedes aegypti frente a este produto. Observou-se que 13,1% das larvas sobrevivem depois de 10 horas em meio de Themephos® nas concentrações estudadas, levantando-se se o organofosforado seria suficiente para manter uma população de mosquitos capaz de continuar disseminando a dengue, ou o índice médio de 86,9% no extermínio das larvas seria suficiente para o controle da população de mosquitos.

PALAVRAS CHAVES: aedes aegypti, dengue, compostos organofosforados.

INTRODUÇÃO: A dengue é considerada como a arbovirose mais importante do mundo, sendo mais comum em países tropicais, onde a temperatura e a umidade favorecem a proliferação do mosquito vetor [1]. É pequena a capacidade de dispersão do Aedes aegypti pelo vôo, quando comparada a de outras espécies. Poucas vezes a dispersão pelo vôo excede os 100 metros. Entretanto, já se observou que uma fêmea grávida pode voar até 3 km em busca de local adequado para a oviposição, quando não há recipientes apropriados nas proximidades [2]. A duração da fase larval, pode ser de 10 dias a algumas semanas; quando as larvas se movimentam em forma de “S” com rapidez e se refugiam no fundo dos recipientes.
Medidas de controle químico com ação larvicida em formulações de liberação lenta vêem sendo empregadas mundialmente, destacando-se o Temephos® [3]. como larvicida de mais ampla utilização focal.
Segundo a FUNASA [4], a melhor forma de se evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água. Para isto, é preconizado um programa de controle da dengue, em que o controle químico consiste em tratamento focal (eliminação de larvas), peri-focal (pontos estratégicos de difícil acesso) e por ultrabaixo volume (eliminação de alados).
Avanços importantes e significativos no desenvolvimento de medidas para o controle de mosquitos tem sido observados, porém os inseticidas químicos ainda se mantém como parte vital dos programas de controle integrado [4]. Devido ao uso destes compostos, realizou-se o presente estudo, que tem como principal objetivo avaliar a eficácia do composto organosfosforado Themefós® (Abate), disponível facilmente no comércio, sobre larvas de Aedes aegypti, principal vetor da dengue, um mosquito urbano que possui como criadouros, todos os lugares que acumulam água limpa.

MATERIAL E MÉTODOS: O método utilizado na realização deste trabalho baseou-se na aplicação do composto organofosforado - Abate -, em diluições decrescentes a populações de larvas do mosquito Aedes aegypti em água. As larvas utilizadas nos experimentos foram cedidas por técnicos da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA - de Muriaé, MG. Para o desenvolvimento da pesquisa em laboratório, 10 larvas do mosquito foram colocadas em recipientes contendo 250 mL de água, que logo em seguida receberam doses do composto organofosforado Themefós fersol®, o princípio ativo do Abate, também cedido pela FUNASA, nas concentrações de 1ppm (0,025 g L-1); 0,240 ppm (0,006 g L-1) e 0,125 ppm (0,003 g L-1). Para validação estatística dos resultados, todos os experimentos foram realizados em triplicata, inclusive dos testes em branco. Após a adição do composto organofosforado nas diversas concentrações, os sistemas ficaram em repouso por 10 horas, após o qual foi verificada a motilidade das larvas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A erradicação do vetor transmissor da dengue, em curto prazo, exige uma avaliação dos avanços e das limitações até agora encontradas, com o objetivo de estabelecer um novo programa de controle da dengue que incorpore elementos como a mobilização social, a participação comunitária e a contribuição de pesquisadores, indispensáveis para proceder de forma adequada ao controle de um vetor altamente domiciliado [4]. Após as dez horas de contato, observou-se 89,2%, 87,4% e 84,3% de larvas mortas nas concentrações de 1, 0,240 e 0,125 ppm do composto organofosforado Themefós fersol®, respectivamente e no controle em branco, houve sobrevivência de 100% das larvas, não havendo interferência de nenhum fator externo.
Mesmo considerando que houve uma sensibilidade média de 86,9% no extermínio das larvas de Aedes aegypti, foi constatada uma resistência média de 13,1% destas larvas ao composto organofosforado, nas diferentes concentrações estudadas.


CONCLUSÕES: Os resultados obtidos permitem estabelecer duas vertentes para a continuação da pesquisa. A primeira delas seria verificar se a sobrevida observada de 13,1% das larvas é suficiente para manter uma população de mosquitos capaz de continuar disseminando a dengue. Caso o índice médio de 86,9% no extermínio das larvas seja suficiente para o controle da população de mosquitos, fica evidenciado que as quantidades aplicadas pelos técnicos da FUNASA podem ser reduzidas em pelo menos oito vezes, sem a perda da eficiência do método de controle.

AGRADECIMENTOS: À Faculdade de Minas de Muriaé (FAMINAS), ao Centro Universitário de Caratinga (UNEC) e ao Instituto Superior de Educação de Divinópolis (ISED), pelo apoio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] TAUIL, Pedro Luiz. Aspectos críticos do controle do dengue no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 18, n. 3, p. 867-871, maio/jun. 2002.
[2] Ministério da saúde. Instruções para pessoal de combate ao vetor: manual de normas técnicas. Brasília: 3. ed. Brasília, Ministério da Saúde, 2001.
[3] BUDAVARI, S. (Ed.) The Merck index: an encyclopedia of chemicals, drugs, and biologicals. 11th ed. Rahway: Merck & Co, 1989.
[4] FUNASA. Dengue: aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento. Brasília: Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde, 2002.
[5] DONALISIO, Maria Rita; GLASSER, Carmen Moreno. Vigilância entomológica e controle de vetores do dengue. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 5, n. 3, p. 259-272, dez. 2002.