ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: PERCEPÇÕES DISCENTES E DOCENTES DO ENSINO DE QUÍMICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DE NÍVEL MÉDIO

AUTORES: FONTANA, P. S. B. (IFES) ; KRÜGER, J. G. (SEDU/ES) ; LEITE, S. Q. M. (IFES)

RESUMO: Este estudo teve o objetivo de analisar as percepções e práticas pedagógicas discentes
e docentes sobre o ensino de química no curso Técnico Integrado de Metalurgia (PROEJA)
na modalidade Educação de Jovens e Adultos (PROEJA). Trata-se de um estudo curricular,
exploratório, teórico-empírico, desenvolvido com abordagem qualitativa, construído a
partir de observações, e aplicação de questionário aos alunos, análise de documentos
oficiais como leis e portarias, artigos e livros da área de ensino de ciências e
matemática. Como conclusão, percebe-se a necessidade de repensar os conteúdos de
química para os cursos de Educação de Jovem e Adulto. Como conclusão, percebe-se a
necessidade de repensar os conteúdos de química para os cursos de Educação de Jovem e
Adulto.

PALAVRAS CHAVES: ensino de química, eja, proeja

INTRODUÇÃO: A educação para a cidadania implica, sobretudo, a educação moral e a educação
fundamentada em valores éticos que norteiem o comportamento dos alunos e desenvolva a
aptidão para discutir decisões necessárias sempre voltadas para a coletividade
(Santos, 2003). De uma maneira geral, o professor das disciplinas de ciências e das
disciplinas correlatas tem sido cada vez mais forçado a repensar suas práticas
pedagógicas, renovando as formas de contextualização para motivar o aluno a ter
interesse pelo estudo das ciências, trazendo-o para sala de aula (Delizoicov et al.,
2007).

O interesse em desenvolver esta pesquisa foi motivado em saber quais são as
percepções sobre o ensino de química dos alunos e dos docentes sobre o processo de
implantação do Programa de Integração da Educação Profissional Técnica de Nível Médio
ao Ensino Técnico na Modalidade de Jovens e Adultos (PROEJA), isto é, do curso
técnico integrado ao ensino médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos
(EJA). Esse processo foi instituído a partir da publicação do Decreto 5840/2006 que
organizou a Educação de Jovens e Adultos voltada para a educação profissional de
nível técnico e formação inicial e continuada - FIC (Brasil, 2006). Além disso, este
estudo poderá auxiliar na construção do projeto político pedagógico de instituições
de educação profissional.

MATERIAL E MÉTODOS: Este estudo foi exploratório, teórico-empírico, desenvolvido com abordagem
qualitativa, construído a partir de aplicação de questionários, análise de documentos
oficiais como leis e portarias, artigos e livros da área de ensino de ciências e
matemática. O trabalho foi desenvolvido com alunos e professores do curso Técnico
Integrado em Metalurgia e Materiais, realizado na modalidade PROEJA, no campus
Vitória do Instituto Federal do Espírito Santo. Este Campus está situado na Avenida
Vitória, Nº. 1729, Bairro Jucutuquara, Vitória, Espírito Santo, CEP: 29040-780. Os
sujeitos envolvidos na pesquisa foram os alunos do turno noturno do sétimo (12
alunos) e oitavo período (11 alunos) do ano letivo de 2009, totalizando uma
amostragem de 23 alunos (N=23), todos regularmente matriculados no curso. Além disso,
também participaram deste estudo outros professores de notório saber atuantes nos
cursos de PROEJA do Campus Vitória do IFES.

Foram feitos questionários para alunos e professores. Com intuito de ter melhores
evidências da pesquisa, alguns professores foram entrevistados. Os questionários
foram analisados com base nas recomendações de Marconi e Lakatos (2009). As
entrevistas foram analisadas com base na analise do discurso pela técnica do Discurso
do Sujeito Coletivo de Lefévre e Lefévre (2003).


RESULTADOS E DISCUSSÃO: A análise dos documentos oficiais demonstrou que o ensino de química para Educação de
Jovens e Adultos deve diferente do realizado no ensino regular. Os conteúdos
programáticos para o ensino de química evidenciados nos livros didáticos do ensino
médio estão presentes há, pelo menos, 20 anos. Além disso, os livros didáticos foram
desenvolvidos para alunos do ensino regular, que normalmente possuem alunos de 14 a
18 anos. Os conteúdos programáticos devem levar em consideração os aspectos
cotidianos e a vida do aluno, que ele possa se identificar com as discussões
desenvolvidas em sala de aula. O curso técnico integrado de metalurgia e materiais do
PROEJA do IFES pertence à área industrial e está voltado para o segmento da cadeia
produtiva principal da metalurgia. O curso técnico em metalurgia e materiais tem o
objetivo de “formar profissionais com visão ampla e crítica que lhes permita
participar ativamente das mudanças da realidade nacional vigente” (Kruger e Leite,
2010). Cabe ressaltar a importância da valorização dos alunos de estudar numa escola
pública de qualidade e conseqüentemente, visando à possibilidade de uma ascensão
social é um dos fatos motivadores de fazer o curso Técnico oferecido na forma de
PROEJA , como diz, por exemplo, o Aluno 8: “Fazer um curso com boas perspectivas de
trabalho com salário melhor, numa escola renomada". O estudo realizado com os
docentes mostrou que não houve em sua formação uma disciplina que tratasse da EJA.
Assim, muitos professores ainda não se mostraram conscientes sobre o ensino na EJA.
Segundo Maldamer (2006) a profissão, bem como a formação, do professor pode ser
significada em novos níveis, desde que nas diversas instâncias de formação ela seja
vista como algo importante na qual não pode mais se admitir improvisações.






CONCLUSÕES: O estudo propiciou informações sobre a situação do ensino de química na EJA/PROEJA. Foi
possível detectar a necessidade de capacitação de professores com o objetivo de se
pensar o ensino de química e se repensar as práticas pedagógicas. Os conteúdos de
química devem ser repensados para os cursos de educação de jovem e adulto. É importante
privilegiar as questões cotidianas, práticas pedagógicas diferenciadas e introduzir
aulas práticas para melhorar a qualidade do ensino de química.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação do Instituto


Federal do Espírito Santo, à Funcefetes e ao CNPq.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006. Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 14 jul. 2006.
DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José André, PERNAMBUCO, Marta Maria, Ensino de Ciências: fundamentos e métodos, 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.
DEMO, P.; Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2008.
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MARCONI, M. A.; Lakatos, E. M.; Metodologia do Trabalho Científico, 7ª. Edição, Editora Atlas, 2009.
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