ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS DE PRÓPOLIS DE ALTO SANTO, MOMBAÇA, CRATO E BEBERIBE - CEARÁ

AUTORES: LIBERATO, M.C.T.C. (UECE) ; MORAIS, S.M. (UECE) ; SILVA, A.M. (UECE) ; MOREIRA, D.R. (UECE) ; VIEIRA, P.R.N. (UECE) ; MACHADO, L.K.A. (UECE)

RESUMO: Própolis é uma mistura de substâncias resinosas colhidas por abelhas melíferas de partes de plantas, acrescida de secreções salivares, cera e pólen, que apresenta várias atividades biológicas. Sua atividade antimicrobiana tem sido atribuída aos flavonóides, ácidos aromáticos e ésteres presentes. Sua eficácia tem sido observada contra várias linhagens de bactérias. O objetivo desse trabalho foi testar a atividade antimicrobiana dos extratos metanólicos de própolis, produzidas por Apis mellifera em localidades do Ceará, contra S. aureus, S. epidermidis, e P. mirabilis, usando o método de difusão em cavidade ágar. A presença de zonas de inibição de crescimento foi considerado indicativo de atividade antimicrobiana. Os extratos das própolis apresentaram bons efeitos inibitórios.

PALAVRAS CHAVES: própolis, apis mellifera, atividade antimicrobiana

INTRODUÇÃO: Própolis é uma mistura de substâncias colhidas por abelhas melíferas de partes de plantas acrescidas de secreções salivares, cera e pólen. Estudos apontam que ela apresenta atividades antioxidante, antiinflamatória e antibiótica (1,2), dentre outras. Sua composição química inclui ácidos fenólicos, flavonóides, ésteres, diterpenos, sesquiterpenos, aldeídos aromáticos, ácidos graxos etc. Sua atividade antimicrobiana tem sido atribuída aos flavonóides, ácidos aromáticos e ésteres presentes na resina natural. Sua eficácia foi observada contra linhagens de bactérias gram positivas e gram negativas (3). Staphylococcus aureus está presente no trato respiratório superior, especialmente nas narinas, de cerca de 60% da população sem causar doença em condições normais. É invasor em cirurgias e feridas, algumas vezes levando a sepse (4). Staphylococcus epidermidis coloniza pele e mucosas do corpo humano fazendo parte da microflora normal. Ocorrendo ruptura cutânea, os estafilococos podem penetrar o hospedeiro tornando-se patogênicos. É um dos principais patógenos nosocomiais associados a infecções de dispositivos médicos como válvulas cardíacas, próteses para articulações, cateteres venosos centrais, cateteres urinários, lentes de contato etc. Eles aderem a esses dispositivos desenvolvendo biofilmes, sendo um dos mais relevantes mecanismos patogênicos de infecção estafilocócica (5). Proteus mirabilis é a principal bactéria causadora de infecções do trato urinário em pacientes cateterizados e naqueles com anormalidades no trato urinário, podendo levar à pielonefrite aguda ou bacteremia (6). O objetivo desse trabalho foi testar a atividade antimicrobiana dos extratos metanólicos de própolis produzidas por Apis mellifera no Ceará contra S. aureus, S. epidermidis e P. mirabilis.

MATERIAL E MÉTODOS: Amostras de própolis foram obtidas nas cidades de Alto Santo, Beberibe, Crato e Mombaça no Ceará, através de apicultores. Foram feitos extratos metanólicos das amostras, usando soxhlet acoplado à manta aquecedora para balão de fundo redondo. Foram usados 10 g de cada amostra, em cartucho de papel de filtro, pesado. A cera foi retirada por filtração após 8 horas de extração. As amostras foram levadas ao rotaevaporador e em seguida foram preparados extratos metanólicos na concentração de 10% (m/V). Os inóculos dos microorganismos Staphylococcus aureus (S.aureus; ATCC 9144), Staphylococcus epidermidis (S. epidermidis: ATCC 12228) e Proteus mirabilis (P. mirabilis; ATCC 25933) foram preparados por diluição da colônia em salina 0,9% estéril, para obtenção de suspensão de 1,5 x 108 UFC/mL, equivalente a 0,5 na escala de McFarland (7). A atividade antimicrobiana foi determinada qualitativamente pelo método de difusão em cavidade ágar (8). Placas de Petri de 100 mm de diâmetro foram preparadas com 20 mL do meio de ágar Mueller Hinton estéril originando uma camada de meio com cerca de 4 mm de espessura. A superfície do ágar foi então inoculada, com o auxílio de swabs estéreis. Após inoculação, foram produzidos poços de 6 mm de diâmetro na superfície do ágar com o auxílio de pipeta Pasteur estéril. Foram adicionados aos poços 50 microlitros da solução dos extratos, diluídos em DMSO estéril, na concentração de 50 mg/mL, e as placas foram incubadas a 37ºC por 24 horas. Foram incluídos como controle positivo a bacitacina (1mg/mL em DMSO). Após o período de incubação, foi medido o diâmetro da zona de inibição ao redor dos poços, com o auxílio de paquímetro. A presença de zonas de inibição de crescimento ao redor dos poços foi considerada como indicativo de atividade antimicrobiana.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O estado do Ceará tem se revelado como grande produtor e exportador de mel produzido por Apis mellifera. No entanto, ainda são poucos os estudos relacionados tanto aos méis como as própolis da região. Sobre as atividades biológicas das própolis produzidas por Apis mellifera e oriundas do estado do Ceará pouca informação tem sido encontrada na literatura. Os resultados da análise da atividade antimicrobiana em difusão em disco, dos extratos metanólicos das própolis testadas neste trabalho (Tabela 1), apresentaram bons efeitos inibitórios (com exceção da própolis oriunda da cidade de Crato), contra as três bactérias testadas. Comparando-se com dados da literatura (9) os resultados apresentados pelas própolis cearenses contra Staphylococcus aureus apresentaram halos de inibição maiores.
A inibição de S. aureus pela própolis de Beberibe, confirma o resultado obtido por Gutierrez-Gonçalves e Marcucci (2009) (10).





CONCLUSÕES: O estudo da atividade antimicrobiana das própolis do Ceará reveste-se de importância para o setor de apicultura que apresenta grande relevância no cenário econômico cearense. Os extratos metanólicos das própolis do Ceará apresentaram bons resultados, comparando-se com dados existentes na literatura, especialmente a ação inibitória da própolis de Beberibe com relação aos microorganismos Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis. O melhor efeito inibitório contra Proteus mirabilis foi observado pelo extrato metanólico da própolis de Alto Santo.

AGRADECIMENTOS: Ao SEBRAE-CE, na pessoa do Dr. Vandi Matias Gadelha, e aos apicultores do Ceará.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1Sforcin, J. M.; Jr., A. F.; Lopes, C. A. M.; Bankova, V. e Funari, S. R. C. J. Ent.. 2000, 73.
2Borelli, F.; Maffia, P.; Pinto, L.; Ianaro, A.; Russo, A.; Capasso, F. e Ialenti, A. Fito. 2002, 73.
3Marcucci, M. C. Apidol. 1995, 26.
4Livermore, D. M. Intern. J. Ant. A., 2000, 16.
5Sousa, C., Tese de Doutoramento, Universidade do Minho, 2009 - Minho, Portugal
6Shwu-Jen Liaw, H.-C. Lai, S.-W. Ho, K.-T. Luh and W. –B. Wang, J. Med. Microbiol., 2001, 50
7Murray, P. R.; Baron, E. J.; Pfaller, M. A.; Tenover, F. C.; Yolken, R. H. M. Clin. Microb. 1999.
8Grove d. C.; Randall, W.A. Assay methods of antibiotic: a laboratory manual. 1955 New York: Medical Encyclopedia. (Antibiotics Monographs, 2).
9Adelmann, J. Dissertação, 2005, UFP. Curitiba, PR.
10Gutierrez-Gonçalves, M. E.J.; Marcucci, M.C.Atividade Antimicrobiana e Antioxidante da Própolis do Estado do Ceará. Rev Fitos 2009, 4.