ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DAS RAÍZES DE CROTON ANTISYPHILITICUS MART

AUTORES: MAGALHÃES, J. S (UFMT) ; MOREIRA, R. P (UFMT) ; NDIAYE, E. A (UFMT)

RESUMO: Croton antisyphiliticus Mart é conhecida popularmente como Pé de Perdiz. Suas raízes e folhas são utilizadas na medicina popular para o tratamento de afecções sifilíticas, erupções da pele, úlceras, em processos inflamatórios e de cicatrização. O objetivo do trabalho foi de determinar as principais classes de metabólitos secundários presente nas raízes de C. antisyphiliticus e a avaliação da atividade antibacteriana. Como resultado, a espécie apresentou as seguintes classes de matabólitos secundários: flavonóides, flavanonas, fenóis , esteróides, alcalóides, xantonas e agliconas flavonóides. O teste antibacteriano deu negativo para todas cepas de bactérias usadas.É necessário novos estudos farmacológicos da espécie, devido a presença de metabólitos secundários importantes na espécie.

PALAVRAS CHAVES: análise fitoquímica , atividade antibacteriana , croton antisyphiliticus mart

INTRODUÇÃO: Ao longo da história, os produtos naturais, tanto de origem vegetal como animal, são utilizados e preferencialmente escolhidos pelo homem para fins medicinais. O uso de plantas para tratamento, cura e prevenção de doenças, é uma das formas mais antigas de busca de cura para as patologias que acometem a humanidade. Isso reflete nos dias de hoje; atualmente cerca de 25% dos medicamentos empregados nos países industrializados tem origem, direta ou indireta, de produtos naturais, principalmente de plantas medicinais (YUNES; CECHINEL FILHO, 1998), mostrando a importância da evolução de pesquisas que contribuam para descoberta de princípios ativos em plantas que possa suprir essa necessidade, devido a esse fato fomos indagados a estudar a espécie Croton antisyphiliticus Mart. A espécie C. antisyphiliticus Mart pertencente a família Euphorbiaceae, é popularmente conhecida como Pé de Perdiz, Alcanforeira ou curraleira, suas folhas e raízes são preparadas na forma de chá para o tratamento de afecções sifilíticas, erupções da pele, úlceras, em processos inflamatórios e de cicatrização( RODRIGUES e CARVALHO, 2001). No entanto a poucos estudos científicos relacionados a espécie Croton antisyphiliticus Mart, dessa maneira foi realizado o estudo de seus constituintes químicos e a avaliação de sua possível atividade antibacteriana, já que outras espécies do mesmo gênero apresentaram resultados positivos para inibição do crescimento de bactérias (OLIVEIRA et al., 2008).

MATERIAL E MÉTODOS: As raízes (346,4g) de C. antisyphiliticus Mart, foi coletada na cidade de Barra do Garças – MT. A planta foi identificada pela prof. Dra. Inês Cordeiro do Instituto de Botânica de São Paulo do herbário de São Paulo e posteriormente catalogada na forma de exsicata de número 1.443 no herbário da UFMT para posteriores estudos, foram secas em estufa a 40 C° durante 3 dias, trituradas e submetida a extração pelo método de maceração a frio utilizando como solvente o etanol, fornecendo (38,65g) de extrato denominado de EECA ( Extrato Etanólico de Croton antisyphiliticus ). Com o EECA foi realizado o teste de atividade antibacteriana, utilizando quatro espécies de bactérias , Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes e Escherichia coli. Para o teste antibacteriano o EECA foi dissolvido em DMSO, nas concentrações de 5,0mg.mL-1, 2,5mg.mL-1 e 1,25mg.mL-1 . Os inóculos das cepas dos microrganismos foram cultivados em Ágar BHI, a uma temperatura de 37ºC por 24 horas. Após esse período as cepas foram suspensas em solução fisiológica, depois os discos estéreis foram semeados em placas contendo Ágar Mueller Hinton. Foi colocado a uma temperatura de 37 C° durante 24h, após esse período foi realizado a leitura dos halos de inibição no local que foi aplicado os extratos, Os resultados foram expressos de acordo com o tamanho do diâmetro em (mm) dos halos de inibição, considerando os seguintes aspectos, Sensível: halo > 10,0mm, parcialmente sensível: diâmetro do halo > 5,0 e < 10,0mm, e resistente: diâmetro de inibição < a 5,0mm (LOBATO, N. S, 2006). O estudo fitoquímico foi realizado segundo a metodologia de MATOS (1997), observando mudanças colorimétricas e de precipitação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Teve-se um rendimento de 11,15%. No estudo fitoquímico foi demonstrado a presença de flavonóides, flavanonas, fenóis , esteróides, alcalóides xantonas e agliconas flavonóides.Têm sido relatadas para alguns fenóis as atividades antiviral e antibacteriana (SCHENKEL, GOSMANN e CARVALHO, 2003). Sendo esta última atividade, citada em várias literaturas, um dos motivos de ter sido realizada a avaliação antibacteriana deste extrato, posto que houve uma reação positiva para fenol. No extrato hidrofílico verificou a presença de alguns tipos de flavonóides (flavonas, flavonóis, e flavononóis), e no extrato lipofílico (flavononóis), estes resultados são confirmados pelos estudos de (SALATINO et al., 2007), que sugerem ser comum nas espécies de Croton a presença de flavonóis e de flavonas, estes compostos são conhecidos por possuírem atividades antiinflamatórias, antitumorais, antimicrobianas, e antivirais, (ZUANAZZI; MONTANHAM, 2003). O resultado positivo para esteróides e triterpenóides é o esperado para este gênero, posto que na análise fitoquímica dos extratos das folhas e do caule de C. sellowii possibilitou o isolamento de fitoesteróides, triterpenos, e fenilpropanóide (JÚNIOR et al., 2005), e triterpenos também foram detectado nas cascas do caule C. cajucara (MACIEL et al., 2002). Foi encontrado resultado positivo para alcalóides, apesar dessa classe de metabólito secundário não ser comum na família Euphorbiaceae, já foi relatado em estudos realizados por (RANDAU et al., 2004) a presença de alcalóides em duas espécies do gênero (C. rhamnifolius e C. rhamnifolioides.). Constatou-se que o extrato não apresentou atividade antibacteriana em nenhuma das cepas ensaiadas, já que o único halo de inibição visível foi da droga controle (Clorafenicol).

CONCLUSÕES: A partir da análise fitoquímica das raízes de Croton antisyphiliticus verificou presença das seguintes classes de compostos: flavonóides, esteróides, alcalóides e agliconas flavonóides. Na avaliação da atividade antibacteriana, em nenhuma das doses ensaiadas apresentou halo de inibição de crescimento frente às cepas de bactérias testadas. No entanto torna-se evidente que novos estudos dessa planta devam prosseguir para melhor conhecer suas propriedades farmacológicas. Pois, com este estudo verificou-se a presença de alguns metabólitos secundários conhecidos pelo seu potencial farmacológico.



AGRADECIMENTOS: CNPQ e UFMT

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CECHINEL FILHO, V.; YUNES, R. A. Estratégias para a Obtenção de compostos farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais.Conceitos sobre modificação estrutural para otimização da atividade. Quím. Nova, São Paulo, v.21, n.1, p. 99-105, 1998.

JÚNIOR, S. F. P. et al. Constituintes químicos das folhas e caule de Croton sellowii
(Euphorbiaceae). Revista Brasileira de Farmacognosia. Maceió, v 16, n. 3, p. 397-402, Jul./Set. 2006 Brasil, 2005.

LOBATO, N. S. Análise química preliminar e avaliação farmacológica das folhas deStrychnos pseudoquina ST. HILL (quina do cerrado). 77p. Trabalho de Conclusão de Curso –Universidade Federal de Mato Grosso, Pontal do Araguaia, 2006.

MACIEL, M. A. M. et al. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Quím.Nova, vol. 25, n. 3, p. 429-438, maio - 2002.

MATOS, F. J. A. Introdução á Fitoquímica Experimental. 2 ed. Fortaleza: Edições UFC, 141p, 1997.

OLIVEIRA, I. S. el al. Triagem da atividade antibacteriana in vitro do látex e extratos de Croton urucurana Baillon. Rev. Bras. Farmacogn, V. 18, n. 4, p. 587-593, Out/dez. 2008.

RANDAU, K.P.; FLORÊNCIO, D. C.; FERREIRA, C. P.; XAVIER, H. S. Estudo
farmacognóstico de Croton rhamnifolius H.B.K. e Croton rhamnifolioides Pax &
Hoffm.(Euphorbiaceae). Revista Brasileira de Farmacognosia. Recife, v. 14, n. 2, p. 89-96, 2004 .

RODRIGUES, V.E.G; CARVALHO, D.A.Levantamento Etnobotânico de Plantas Medicinais no Domínio Cerrado na Região do Alto Rio Grande-Minas Gerais,Brasil. Ciênc. Agrotec, v. 25, n.1, p. 102-123, jan/fev., 2001.

SALATINO, A.; SALATINO, M. L. F.; NEGRI G. Traditional uses, Chemistry and
Pharmacology of Croton species (Euphorbiaceae). J. Braz. Chem. Soc. São Paulo, v. 18, n. 1, p. 11-33, 2007.

SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; CARVALHO J. C. T.Compostos fenólicos simples e heterosídicos. . In: SIMÕES, C.M.O. et al. (Org) Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5 ed. Porto Alegre / Florianópolis: Ed. Da UFRGS/ Ed. da UFSC, 2003. cap. 20, p. 528-529.

YUNES, R. A.; CECHINEL FILHO, V. Breve análise histórica da química de plantas
medicinais: sua importância na atual concepção de fármaco segundo os paradigmas ocidental e oriental. In: YUNES, E. A.;CALIXTO, B. A. (Org). Plantas Medicinais sob a ótica da moderna química medicinal. Chapecó – SC. Ed: Argos., 2001. cap. 13, p. 482-489. p. 18-22.

ZUANAZZI, J. A. S.; MONTANHA, J. A. Flavonóides. . In: SIMÕES, C.M.O. et al. (Org.). Farmacognosia, da planta ao medicamento. 5 ed. Florianópolis/ Porto Alegre: Editora da UFSC/Editora da Universidade, 2003. cap. 23, p. 601-606.