ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: A ETNOFARMACOLOGIA NO ESTUDO DE PLANTAS MEDICINAIS

AUTORES: BARRA, I.M.M (UFPA) ; FREITAS, C.A.B (CESUPA) ; TAVARES, L.C (UFPA)

RESUMO: A procura por fármacos de origem vegetal torna necessária a utilização da Etnofarmacologia, a qual é um segmento botânico que relaciona o conhecimento popular de usuários da flora medicinal e o conhecimento científico obtido de estudos químicos e farmacológicos. Com o objetivo de elucidar e explicar as propriedades do gênero Pilocarpus, os quais possuem os constituintes fitoquímicos responsáveis por sua atividade (alcalóides) foi realizada uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo. Nesse contexto, concluiu-se que com o conhecimento empírico identifica-se o gênero e/ou a espécie da planta utilizada, porém, somente com a utilização do conhecimento científico é possível obter dados suficientes para a caracterização e compreensão de como determinado remédio, exerce a ação terapêutica.

PALAVRAS CHAVES: etnofarmacologia; plantas medicinais; pilocarpus

INTRODUÇÃO: A ampla procura pelos fármacos de origem vegetal torna necessária a utilização da Etnofarmacologia como ferramenta de estudo, pois é um segmento da botânica que relaciona o conhecimento popular de usuários da flora medicinal e o conhecimento científico obtido através de estudos químicos e farmacológicos em que, segundo Silva (2002), a investigação experimental das atividades biológicas e das substâncias ativas de origem vegetal e animal da medicina tradicional permite a elucidação e comprovação de tais atividades. Os estudos sobre as plantas do gênero Pilocarpus, da Família das Rutáceas compreende 13 espécies neotropicais (LUCIO et al, 2002), usualmente conhecidas como Jaborandi, que são plantas detentoras de diversas propriedades, em função da presença de sua principal substância ativa, a pilocarpina, a qual depois de caracterizada passou a ser um importante componentes de medicamentos fitoterápicos. No Brasil são encontradas 9 espécies (LUCIO et al, 2002) das quais três se destacam por possuírem em abundância os constituintes fitoquímicos responsáveis por sua atividade, os alcalóides, incumbidos pela ampla utilização destas plantas. O Pilocarpus microphyllus Stapf, conhecido como Jaborandi do Maranhão é o mais rico em alcalóides (0,67 – 0,84%) e o mais utilizado em medicamentos; o Pilocarpus jaborandi Holmes, conhecido como Jaborandi de Pernambuco, possui menos alcalóides que o anterior (0,72%), porém é utilizado tanto quanto; o Pilocarpus pennatifolius é a espécie que possui a menor concentração de alcalóides (0,4%) e em função disto é menos utilizada. A pilocarpina (C11H16N2O2) é um alcalóide do tipo Imidazólico (anel contendo 3 carbonos e 2 grupos amina), sendo o maior responsável pela interação com o receptor e comprovadamente o desencadeante da ação terapêutica.

MATERIAL E MÉTODOS: No decorrer deste trabalho, a metodologia utilizada teve como base uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo e exploratório a cerca de conteúdos relacionados à Química dos Produtos Naturais, com a finalidade de analisar os motivos da ampla utilização, em terapias, das plantas do gênero Pilocarpus. Sabe-se que por meio do conhecimento empírico é possível identificar o gênero e/ou a espécie da planta que é utilizada para amenizar ou banir determinada doença, uma vez que pode fornecer informações úteis para a elaboração de estudos farmacológicos, fitoquímicos e agronômicos sobre estas plantas (BRASILEIRO et al, 2008), deste modo, é necessária a utilização do conhecimento científico, pois se torna possível obter dados suficientes para a caracterização e compreensão de como e porque determinado remédio, produzido por meio de plantas medicinais, exerce uma ação terapêutica, e devido a existência de propriedades desconhecidas é imperativo estudos minuciosos para sua caracterização, haja visto que a aplicação de princípios científicos desencadeou a descoberta de terapêuticas que melhoraram a qualidade de vida das pessoas (FRANÇA et al, 2008). Com as informações necessariamente coletadas é possível realizar o estudo destas propriedades tendo como base as suas características estruturais, que quando exploradas e explicadas pela química fornece a compreensão para tal ação, portanto, a este aspecto é atribuído relevância e justificativa a este trabalho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O alcalóide imidazólico pilocarpina (figura 1) foi isolado em 1875 pelo fitoquímico Hardy, e sintetizado pelo químico polonês Preobrashenski em 1933, possui massa molecular igual a 208,26 g/mol, seu ponto de fusão é 34ºC e ponto de ebulição 260ºC, e por ser uma base hidrossolúvel, solubiliza-se em água, álcool e clorofórmio (SARKER & NAHAN, 2009). Estudos feitos com a planta comprovaram que esta aumenta consideravelmente a transpiração, a salivação e a secreção das membranas mucosas do nariz, dos tubos bronquiais, do estômago e dos intestinos, pela presença de alcalóides em sua composição, um destes é a pilocarpina (SANDHU et al, 2006). Os sais de pilocarpina são extraídos das folhas do Jaborandi e são largamente utilizados na fabricação de colírios para tratamento de glaucoma, pois contrai as pupilas e aumenta a drenagem do humor aquoso e diminui a pressão intraocular (MIGDAL, 2000). Aplicada ao cabelo – uma loção feita com as folhas - é fortalecedor capilar, por isto a tintura de Jaborandi é utilizada em fórmulas capilares contra a queda de cabelo, pela ação estimulante e tônica da pilocarpina. É também utilizado no tratamento de febre, estomatite, laringite, bronquite, gripe, pneumonia, intoxicações, neurose, doença renal, edema, pleurisia, pneumonia, difteria, nefrite aguda, hidropisia renal, intoxicação, diabete pancreática, doença oftálmica e de pele, hiperidrose, glicosúria, entre outras, pois estimula as glândulas salivares, lacrimais, gástricas, pancreáticas e intestinais (GOODMAN & GILMAN, 2006). Sua preparação natural é realizada por chás de suas folhas, onde se encontram seus princípios ativos, e também é administrado em forma de fitofármaco, tendo como princípio ativo isolado a pilocarpina.



CONCLUSÕES: O Jaborandi tem sido durante as últimas décadas, uma das espécies comerciais mais importantes da flora brasileira, pois é a única fonte natural da droga pilocarpina, o alcalóide ativador do sistema nervoso autônomo parassimpático, usado na oftalmologia para contração da pupila, importante em certos procedimentos cirúrgicos ópticos e para outros fins, a pilocarpina também estimula a salivação e a transpiração. Desde 1994, aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), é utilizada para o tratamento de xerostomia pós-radioterapia (boca seca).

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASILEIRO, Beatriz Gonçalves et al . Plantas medicinais utilizadas pela população atendida no "Programa de Saúde da Família", Governador Valadares, MG, Brasil. Rev. Bras. Cienc. Farm., São Paulo, v. 44, n. 4, 2008.

FRANCA, Inácia Sátiro Xavier de et al . Medicina popular: benefícios e malefícios das plantas medicinais. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 61, n. 2, 2008 .

GOODMAN, Louis S; GILMAN, Alfred. Goodman & Gilman, As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. Ed. Rio de Janeiro: Mcgraw Hill Interamericana do Brasil, 2006.

LUCIO, E. M. R. de A.; SHARAPIN, N. and FRANCA, H. S.. Estudo de alcalóides de Pilocarpus pennatifolius Lemaire. Rev. bras. farmacogn. 2002.

MIGDAL, C. Glaucoma medical treatment: philosophy, principles and practice. Eye, v.14, p.515-518, 2000.

SANDHU, Sardul Singh et al . Pilocarpine content and molecular diversity in jaborandi. Sci. agric. (Piracicaba, Braz.), Piracicaba, v. 63, n. 5, 2006.

SARKER, S.D; NAHAN, L. Química para estudantes de farmácia: química geral, orgânica e de produtos naturais. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2009.

SILVA, P. Farmacologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.