ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA BIOATIVIDADE DAS FOLHAS DE Licania humilis (CHRYSOBALANACEAE) APÓS FRACIONAMENTO DO EXTRATO BRUTO ETANÓLICO

AUTORES: PALUDO, C.R. (UFMT) ; SILVA JUNIOR, E.A. (UFMT) ; NDIAYE, E.A (UFMT)

RESUMO: RESUMO: A Licania humilis é uma árvore encontrada no Cerrado brasileiro, pertencente à família Chrysobalanaceae. Entre as propriedades farmacológicas atribuídas a membros dessa família botânica estão a antioxidante, citotóxica e antimicrobiana, porém a espécie L. humilis têm sido pouco investigada quanto à presença de metabólitos bioativos. Diante desse fato, o trabalho objetivou analisar a bioatividade sobre Artemia salina de frações obtidas a partir do extrato bruto etanólico de folhas de Licania humilis. Evidenciou-se que a fração em hexano foi a mais bioativa com DL50 de 331,25 µg.mL-1, seguida da fração em n-butanol e em água, com DL50 de 512,24 e 833,96 µg.mL-1, respectivamente. O trabalho mostra que existem substâncias bioativas na espécie, com destaque para a fração hexânica.

PALAVRAS CHAVES: palavras-chave: licania humilis, chrysobalanaceae, artemia salina

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Desde tempos remotos, as plantas são utilizadas para o alívio e cura de doenças. Espécies vegetais são fontes de diversas estruturas químicas com uso farmacológico ou que servem como precursores de fármacos. No entanto, frente à diversidade vegetal existente no planeta, apenas uma porcentagem ínfima de plantas foi estudada.
Diversas metodologias podem ser utilizadas para avaliar a bioatividade de produtos naturais. Uma delas é o teste de letalidade sobre larvas de Artemia salina Leach., na qual doses abaixo de 1000 µg.mL-1 são consideradas tóxicas e potencialmente ativas (MEYER, 1982). Além disso, autores relacionam os resultados desse teste com outras atividades farmacológicas como, antitumoral (PARAGINSKI, 2007), antibacteriana, antifúngica, viruscida, parasiticida, tripanossomicida, moluscicida, etc. (SIQUEIRA et al., 1998).
Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi avaliar a bioatividade das frações do extrato bruto etanólico de folhas de Licania humilis, uma vez que em trabalhos anteriores esse extrato apresentou tal atividade.


MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODOS: O extrato bruto etanólico das folhas de Licania humilis, obtido a partir da maceração do material vegetal triturado e previamente desengordurado com hexano, foi dissolvido em água destilada e submetido à partição líquido-líquido em funil de separação com solventes de polaridades crescentes, obtendo, após a evaporação de todos os solventes, as frações em hexano, diclorometano, acetato de elila, n-butanol e água.
Para a realização do bioensaio com Artemia salina (MEYER et al, 1982) dez larvas do microcrustáceo foram transferidas para tubos de ensaio contendo água artificial do mar (3,7 g de sal marinho para 100,0 mL de água destilada e o pH ajustado entre 7,0 e 8,0) e diferentes concentrações das frações diluídas em dimetilsulfóxido (DMSO) completando um volume de 5 mL. As concentrações testadas foram de 500 µg.mL-1, 400 µg.mL-1, 200 µg.mL-1, 100 µg.mL-1 e 50 µg.mL-1. Para o controle negativo foram utilizados cinco tubos com 50 µL, 40 µL, 20 µL, 10 µL e 5 µL de DMSO e solução salina com os microcrustáceos, além de um tubo contendo somente solução salina e larvas. A contagem dos microcrustáceos mortos e vivos foi realizada após 24 horas de incubação. Os testes foram feitos em triplicata, e para a análise dos dados utilizou-se o método Probit, obtendo-se a dose letal (DL50) e os respectivos intervalos de confiança (IC95%) para cada fração.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em trabalhos anteriores o extrato bruto etanólico apresentou DL50 de 468,72 µg.mL-1, sugerindo um potencial tóxico. Após a partição líquido-líquido, a fração em hexano foi a mais bioativa com DL50 de 331,25 µg.mL-1. As frações em n-butanol e em água também foram bioativas com DL50 de 512,24 e 833,96 µg.mL-1, respectivamente. A fração em diclorometano não apresentou bioatividade ao passo que sua DL50 foi equivalente a 1486,52 µg.mL-1. Já a fração em acetato de etila não apresentou letalidade nas concentrações testadas (Tabela 1).
Esse resultado mostra que, provavelmente, na espécie Licania humilis os metabólitos secundários mais apolares contidos no extrato bruto etanólico são os responsáveis pela bioatividade sobre o microcrustáceo; seguidos de metabólitos muito polares, extraídos por n-butanol e água.
Trabalhos na literatura apontam a bioatividade de outras espécies de Licania. Da Licania intrapetiolaris Hook. ex Spruce f. foram isolados dois diterpenos e um triterpeno com atividade citotóxica (OBERLIES et al., 2001), e em outro estudo, realizado com triterpenos isolados de folhas e frutos de Licania tomentosa Benth e de folhas de Chrysobalanus icaco Lin, evidenciou-se que os mesmos eram bioativos contra linhagens de células tumorais (FERNANDES et al., 2003).




CONCLUSÕES: CONCLUSÃO: Após o fracionamento do extrato bruto etanólico, constatou-se que a fração em hexano é a mais bioativa, seguida da fração em n-butanol e em água. Já as frações em diclorometano e em acetato de etila não apresentaram bioatividade para Artemia salina. Este resultado é indicativo da presença de substâncias ativas na espécie, que podem estar relacionadas com diversas atividades farmacológicas.

AGRADECIMENTOS: AGRADECIMENTOS: A Universidade Federal de Mato Grosso a ao CNPq pela bolsa concedida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FERNANDES, J.; CASTILHO, R. O.; COSTA, M. R.; WAGNER-SOUZA, K.; KAPLAN, M. A. C.; GATTAS, C. R. 2003. Pentacyclic triterpenes from Chrysobalanaceae species: cytotoxicity on multidrug resistant and sensitive leukemia cell lines. Cancer Letters, 190: 165-169.

MEYER, B. N. ; FERRINI, N. R.; PUTNAM, J. E.; JACOBSEN, L. B.; NICHOLS, D. E.; McLAUGHLIN, J. L. 1982. Brine shrimp, a convenient general bioassay for active-plant constituents. Planta Medicinal 45: 31-34.

OBERLIES, N. H.; BURGESS, J. P.; NAVARRO, H. A.; PINOS, R. E.; SOEJARTO, D. D.; FARNSWORTH, N. R.; KINGHORN, D. A.; WANI, M. C.; WALL, M. E. 2001. Bioactive Constituents of the Roots of Licania intrapetiolaris. Journal of Natural Products, 64: 497-501.

PARAGINSKI, G. L. 2007. Triazenos: clivagem do DNA, atividade antibacteriana e toxicidade frente à Artemia salina Leach. 93f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS.

SIQUEIRA, J. M.; BOMM, M.D.; PEREIRA, N.F.G. 1998. Estudo fitoquímico de Unonopsis lindmanii - Annonaceae, biomonitorado pelo ensaio de toxicidade sobre a Artemia salina Leach. Química Nova, 21: 557-559.