ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: AVALIAÇÃO FITOTÓXICA DO EXTRATO EM ACETATO DE ETILA DE Solanum cernuum Vell (Solanaceae) ATRAVÉS DE ENSAIOS in vitro

AUTORES: BONELLA, A.F. (UFES) ; BELINELO, V.J. (UFES) ; SCHMILDT, E.R. (UFES) ; LACERDA, C.D. (UFES) ; ANTUNES, R.M. (UFES) ; CAMPOS, M.S.T. (UFES) ; MILANEZE, B.A. (UFES)

RESUMO: Na pesquisa avaliou in vitro o efeito alelopático do extrato com acetato de etila de folhas de Solanum cernuum Vell, obtido em aparelho de Soxhlet, sobre as sementes de Bidens pilosa L. (picão preto), Cucumis sativus L. (pepino) e Sorghum bicolor L. (sorgo). Soluções do extrato seco nas concentrações 31,25; 62,5; 125; 250; 500; 750 e 1000 mg.L-1 foram colocadas em placa de Petri com papel de germinação, em seguida foram distribuídas 12 sementes/placa, que foram submetidas em estufa com fotoperíodo de 12 horas a 25 ºC. Foram avaliados o índice de velocidade de germinação, o comprimento da radícula e plântula e a massa seca. Não se observou efeito inibitório sobre a velocidade de germinação das sementes, porém verificou redução significativa no crescimento tanto da radícula como da plântula.

PALAVRAS CHAVES: solanum cernuum vell, acetato de etila, alelopatia

INTRODUÇÃO: Alelopatia é definida por Rice (1984) como qualquer efeito direto ou indireto danoso ou benéfico que uma planta (incluindo microrganismos) exerce sobre outra pela produção de compostos químicos liberados no ambiente. O Solanum cernuum Vell é uma árvore de 2 a 6 metros, endêmica no Brasil, sendo conhecida popularmente como barba de bode, bolsa de pastor, braço de preguiça, braço de momo e velame. Possui tempo de vida superior a 20 anos e é relativamente comum em áreas remanescentes da mata atlântica do sudeste de Minas Gerais. A atividade de aleloquímicos tem sido usada como alternativa ao uso de herbicidas, inseticidas e nematicidas (defensivos agrícolas), A maioria dessas substâncias provém do metabolismo secundário, porque na evolução das plantas representaram alguma vantagem contra ação de microrganismos, vírus, insetos, e outros patógenos ou predadores, seja inibindo a ação destes ou estimulando o crescimento ou desenvolvimento das plantas (FERREIRA; SOUZA; FARIA, 2007).

MATERIAL E MÉTODOS: As folhas de Solanum cernuum Vell foram coletadas, secas em estufa e após moagem, o pó foi submetido à extração contínua durante 72 horas, em aparelho de Soxhlet com acetato de etila e após concentração em evaporador rotativo, o extrato seco foi utilizado para preparar as soluções nas concentrações 31,25; 62,5; 125; 250; 500; 750 e 1000 mg.L-1. Em cada placa de Petri foi colocado papel de germinação, 12 sementes e cinco mL da solução, sendo feito em quintuplicada. O branco foi realizado apenas com o solvente e água destilada para a comparação. Anteriormente à realização dos testes de germinação, foi realizada a quebra de dormência das sementes pré-selecionadas e esterilizadas durante 2 minutos com hipoclorito de sódio, em uma solução de 10 %. As placas com as sementes foram colocadas em estuda de germinação com fotoperíodo de 12 horas a 25 ºC, o pepino e o picão preto foram incubados por 72 horas e o sorgo por 96 horas, sendo que a germinação foi acompanhada diariamente. Após esse período foi realizada a medida da radícula e da plântula e colocada em estufa a 55 ºC por 48 horas para obtenção da massa seca. Os dados foram analisados pelo teste de SCOTT-KNOTT (1974), a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O efeito alelopático do extrato foi observado em todas as concentrações, e em todas as três espécies de sementes utilizadas estatisticamente comparados com o branco (100%). Para o pepino observou a inibição estatisticamente significativa a partir da concentração igual a 500 mg.L-1, com redução no índice de velocidade de germinação (9%) e no crescimento da radícula (1%) e da plântula (2%), fato corroborado pela redução da massa seca (6%). Para o sorgo observou redução significativa a partir da concentração igual a 750 mg.L-1 com redução do índice de velocidade de germinação (30%), do crescimento da radícula (1%) e da plântula (24%) e da massa seca (88%). No picão preto observou-se variabilidade nos resultados de acordo com variável analisada, ou seja, a maior diminuição do índice de velocidade de germinação (33%) ocorreu a partir da concentração de 500 mg.L-1, já a inibição do crescimento da plântula (2%) e da radícula (5%) foi a partir da concentração de 62,5 mg.L-1 e, a redução da massa seca (83%) foi obtida a partir da concentração de 250 mg.L-1.

CONCLUSÕES: Foi constatado efeito alelopático inibitório do extrato de Solanum cernuum Vell sobre o índice de velocidade de germinação, do crescimento da radícula e da plântula nas sementes das três plantas receptoras. O picão preto apresentou inibições no desenvolvimento de plântula e radícula e da velocidade de germinação em distintas concentrações. A partir destes dados é possível continuar os estudos a fim de elaborar novos herbicidas, com fracionamento cromatográfico do extrato com acetato de etila.

AGRADECIMENTOS: FAPES, CNPq, UFES

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FERREIRA M.C.; SOUZA J.R.P.; FARIA T.J. 2007. Potenciação alelopática de extratos vegetais na germinação e no crescimento inicial de picão-preto e alface. Ciência Agrotecnologia. 31(4): 1054-1060.

RICE, E.L. Allelopathy. 2. ed. New York: Academic Press, 1984.

SCOTT, A.J.; KNOTT, M.A. 1974. Cluster Analysis Method for Grouping Means in the Analysis of Variance. Biometrics, 30: 507-12.