ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: ESTUDO COMPARATIVO DOS EXTRATOS DAS SEMENTES DE DUAS ESPÉCIES DA FAMÍLIA ANNONACEAE (Annona muricata e Annona crassiflora) FRENTE À INIBIÇÃO DA ENZIMA ACETILCOLINESTERASE.

AUTORES: FALCÃO, M. J. C. (UECE) ; FERREIRA, P. A. T (UECE) ; CAVALCANTI, E. S. B. (UECE) ; COSTA, I. R. S (UECE) ; VILA-NOVA, N. S. (UECE) ; MORAIS, S. M. (UECE) ; ALCÂNTARA, T. T. N. (UECE) ; PRADO, D. A. (UECE) ; ALVES, M. D. S. (UECE) ; OLIVEIRA, N. M. L. (UECE)

RESUMO: A Doença de Alzheimer é uma patologia neurodegenerativa que afeta principalmente a
população idosa. O tratamento sintomático o Alzheimer envolve uma elevação no nível da acetilcolina, através de inibidores da enzima acetilcolinesterase. Temos como objetivo comparar e avaliar a atividade de inibição da enzima acetilcolinesterase de duas espécies da família annonaceae. Os extratos de Annona muricata foram satisfatórios pois mostraram halos de inibição 8, 11 e 9mm respectivamente. Os extratos de A. crassiflora mostraram halos de inibição de 11 e 15 mm respectivamente. O padrão (fisostigmina) obteve halo de inibição de 9 mm. As diferentes atividades das duas espécies podem ser atribuídas provavelmente a variedade de substâncias do seu metabolismo secundário e a proporção entre eles.

PALAVRAS CHAVES: annonaceae; enzima acetilcolinesterase e mal de alzheimer

INTRODUÇÃO: A doença de Alzheimer (DA) é uma afecção neurodegenerativa progressiva e
irreversível, que acarreta perda da memória e diversos distúrbios cognitivos
(BARRETO, 2003). A DA está associada com déficits dos diversos neurotransmissores
cerebrais, como a acetilcolina, a noradrenalina e a serotonina, então, sugere-se que
uma elevação no nível da acetilcolina poderia ser útil para melhorar um dos sinais da doença, a deficiência de aprendizagem (BIERER, 1995; BRYNE, 1998). Atualmente
os inibidores da enzima acetilcolinesterase demonstram a maior eficiência no
tratamento clínico na doença de Alzheimer. Estes inibidores controlam o problema
evitando que a pequena quantidade de acetilcolina produzida seja degradada pela
enzima responsável pela sua destruição, impedindo a ação desta enzima.
A Annonaceae é uma grande família de árvores tropicais e subtropicais que compreende
cerca de cento e vinte gêneros e duas mil espécies. As plantas desta família
caracterizam-se por apresentarem folhas simples, dispostas alternadamente em um mesmo plano, ao longo dos ramos e pela semelhança entre seus frutos (ALMEIDA, 1998).
O estudo fitoquímico desta família revela diversos alcalóides, acetogeninas,
carboidratos, lipídios, aminoácidos, proteínas, polifenóis, óleos essenciais,
terpenos e dentro outros. Muitas espécies são usadas popularmente com propósitos
medicinais, no entanto ocorre uma carência de estudos que elucidem a sua atividade
biológica (RUPPRECHT, 1990). Neste trabalho foram estudadas as espécies Annona
muricata e Annona crassiflora, com o objetivo de avaliar a atividade de inibição da
enzima acetilcolinesterase dos extratos das sementes dessas duas espécies da mesma
família e comparar a diferença entre os resultados obtidos.

MATERIAL E MÉTODOS: Obtenção do material e extratos:
As sementes de Annona crassiflora foram obtidas pela coleta dos frutos no sítio
Horizonte, no município de horizonte. As sementes de Annona muricata foram cedidas
pelo grupo KIPOUPAS.
O material de Annona muricata foi seco à temperatura ambiente e submetida à extração
exaustiva com etanol durante 7 dias, o extrato obtido foi concentrado em evaporador
rotatório, à pressão reduzida, para a obtenção do extrato etanólico, O qual foi
submetido a cromatografia em coluna de sílica com solventes em ordem crescente de
polaridade para obtenção das frações hexânica, clorofórmica e metanólica. Os extratos da semente de Annona crassiflora foram preparados a quente, por um sistema de refluxo, utilizando solventes na ordem crescente de polaridade: hexano, clorofórmio e metanol.
Avaliação da atividade inibitória da enzima Acetilcolinesterase:
No ensaio de inibição da acetilcolinesterase seguiu-se a metodologia de Elmann,
adaptada por Rhee (2001), para cromatografia em camada delgada. Neste
ensaio, utilizou-se a solução dos reagentes ácido 5,5-ditiobis-2- nitrobenzóico
(DTNB), iodeto de acetilcolina (ATCI) em tampão e solução da enzima
acetilcolinesterase. A fisostigmina foi utilizado como padrão positivo.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em relação aos extratos metanólicos, a A. crassiflora mostrou melhor atividade, pois
apresentou resultado acima do padrão utilizado. O extrato clorofórmico de A.
crassiflora apresentou atividade superior em relação ao extrato diclorometano de A.
muricata, no entanto as duas frações obtiveram resultados muito expressivos. Em
relação aos extratos hexânicos, somente o de A. muricata se mostrou positivo, pois o
de A. crassiflora não apresentou nenhuma inibição à enzima acetilcolinesterase. De
acordo com BARBOSA (2006), compostos da mesma classe encontrados nestes
extratos, mostraram atividade anticolinesterásica, entre essas substâncias estão os
alcalóides, acetogeninas dentre outros. Portanto, excelente atividade dos extratos
das duas espécies pode estar relacionada a presença de classes de substâncias
anteriormente citadas. O padrão positivo utilizado foi o alcalóide fisostigmina.

Tabela 1. Atividade anticolinesterásica dos extratos de Annona muricata e Annona crassiflora. (Anexo)




CONCLUSÕES: De acordo com os resultados obtidos, todos os extratos mostraram positivos ao teste,
com exceção do hexânico de A. crassiflora. Os resultados expressivos se mostraram
superiores ao padrão utilizado, o que traduz para as duas espécies atividades variadas, atribuídos provavelmente a diferentes compostos de cada espécie e da proporção entre eles, incentivando o estudo mais detalhados dos princípios ativos desses extratos, visando isolar, purificar e elucidar a estrutura desses compostos para contribuir com a busca de substâncias inibidoras da enzima acetilcolinesterase e o tratamento da DA.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem à Universidade Estadual do Ceará, aos orgãos CNPq e


FUNCAP e as professoras Jane Eire de Meneses e Sonia Maria Siqueira

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, S. P; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M. & RIBEIRO, J.F.. Cerrado: espécies vegetais úteis. EMBRAPA: Planaltina. 1998.
BARBOSA FILHO , J. M.; MEDEIROS, K. C. P.; DINIZ, M. DE F. F. M.; BATISTA, L. M.; ATHAYDE-FILHO, P. F; SILVA , M. S.; DA-CUNHA, E. V. L.; ALMEIDA, J. R. G. S.; QUINTANS-JÚNIOR, L. J. Natural products inhibitors of the enzyme acetylcholinesterase. Revista Brasileira de Farmacognosia, João Pessoa, v. 2, n. 16, p.258-285, 2006.
BARRETO, J.C. Contribuição ao Conhecimento Químico de Plantas do Nordeste do Brasil: Monitorada por ensaios de atividade antiocolinesterásica de Justicia pectoralis Jacq. Var. stenophylla Leon. (Acanthaceae). Dissertação (Mestrado em Química Orgânica). Universidade Federal do Ceará, 2003.
BIERER, L. M.; HAROUTUNIAN, V.; GABRIEL, S.; KNOTT, P. J.; CARLIN, L. S.; PUROHIT, D. P.; PERL, D. P.; PHILIPKANANOF, J. S.; DAVIS, K. L. Neurochemical correlates of dementia severity in Alzheimer's disease: relative importance of the cholinergic déficits. Journal of Neurochemistry. v. 64, p. 749-760, 1995.
BRYNE, G. J. A. Australian Journal of Hospital Pharmacy, v. 28, p. 261, 1998.
RHEE, I. K.; VAN DE MEENT, M.; INGKANINAN, K.; VERPOORTE, R., Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using sílica gelthin-layer Chromatography in combination with bioactivity staining. Journal of Chromatography A. 915:217-223, 2001.
RUPPRECHT, J.K; YU-HUA, H; McLAUGHLIN, J.L. Annonaceous Acetogenins: A review. Journal of Natural Products, v.53, n.2, p. 237-278, 1990.