ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: ANÁLISE DO RENDIMENTO DA EXTRAÇÃO DE TRIMIRISTINA COM DIFERENTES SOLVENTES A PARTIR DE NÓZ-MOSCADA (Myristica Fragans)

AUTORES: LOPES, G. A. C. (UEAP) ; COSTA, J. S. (UEAP) ; RAMOS, R. S. (UEAP) ; ALMEIDA, S. S. M. S. (UNIFAP)

RESUMO: A técnica de extração com solventes orgânicos é bastante utilizada em laboratórios de química orgânica e farmácia, e torna possível o isolamento de substâncias específicas com alguma função farmacêutica, industrial ou alimentar. Neste trabalho objetivou-se, principalmente, analisar o rendimento da extração de trimiristina para quatro marcas (A, B, C e D) de noz-moscada com três solventes diferentes (hexano, éter de petróleo e clorofórmio). A marca B apresentou a maior quantidade de trimiristina extraída e a marca D o menor valor. Em relação aos solventes, o hexano e o clorofórmio se mostraram mais eficientes, sendo estes os que mais extraíram trimiristina das amostras. As amostras analisadas, apesar do mesmo biótipo, apresentaram diferenças nos valores de trimiristina.

PALAVRAS CHAVES: trimiristina; extração por solvente; rendimento.

INTRODUÇÃO: A noz-moscada, uma especiaria proveniente do gênero Myristica, pertencente à família das Myristicaceae, possui ainda em sua composição muitos outros componentes, como compostos azotados, gordura, óleos essenciais, amido e celulose. É utilizada como condimento na alimentação e também, na medicina, na forma de nanopartículas carregadoras de fármacos lipofílicos no organismo, alem de possuir considerável função antioxidante(PETERSEN; FAHR; BUNJES, 2010; OLALEYE; AKINMOLADUN; AKINDAHUNSI, 2006).
A trimiristina, um dos componentes da noz-moscada, é um triacilglicerol cujo único ácido graxo é o ácido mirístico (C13H27CO2H). Está presente no óleo fixo da noz-moscada, sendo a massa de óleo cerca de 20% a 40% da semente e a massa de trimiristina aproximadamente 73% da massa de óleo. A fusão da trimiristina ocorre a temperatura de 54ºC a 55ºC (BALMER, 2007).
Devido a insolubilidade em água a trimiristina não pode ser extraída por este solvente, e também não é volátil para ser extraída por arraste a vapor. O método mais apropriado para essa extração é o da extração por solvente, que deve ser o mais apolar possível. A eficiência desse processo depende da solubilidade do composto desejado no solvente de extração, do volume de solvente, do número de vezes que esse processo é repetido e do grau de pulverização da amostra (VOGEL, 1988). O rendimento do que se deseja extrair pode ser calculado pela porcentagem em massa do produto obtido em relação à matéria-prima.
Neste experimento três solventes diferentes foram utilizados para realizar a extração (clorofórmio, éter de petróleo e hexano) e buscou-se avaliar com qual solvente a extração apresentou maior rendimento.


MATERIAL E MÉTODOS: As extrações foram realizadas com três solventes diferentes e com quatro diferentes marcas de noz-moscada comercial comum. As marcas de noz-moscada foram denominadas marcas A, B, C e D.
As marcas A, B e C foram obtidas na forma de sementes e trituradas em moinhos de facas. A marca D foi adquirida na forma pulverizada.
Para extrair a trimiristina da semente de noz moscada utilizou-se um sistema de refluxo seguido de sucessivas cristalizações. Utilizaram-se amostras de 7,5g de noz-moscada pulverizadas e 50ml de solvente, levados a refluxo durante uma hora. Em seguida o extrato foi filtrado e o sobrenadante seco com MgSO4 anidro. Após a remoção do secante por filtração e a retirado do excesso de solvente no evaporador rotativo, restou um resíduo semi-sólido que foi recolhido, dissolvido em etanol a 95% e resfriado. Os cristais resultantes da precipitação foram filtrados a vácuo e lavados com etanol gelado, em seguida levados a estufa para secar. As massas obtidas foram medidas em uma balança analítica. As amostras de trimiristina extraídas foram analisadas em relação ao ponto de fusão através do método capilar, visando-se qualificar suas purezas. Todos os procedimentos anteriormente descritos foram realizados em triplicata.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: No que diz respeito ao ponto de fusão, todas as amostras apresentaram ponto de fusão na faixa de 54-56ºC, o que representa uma pureza relativamente alta.
Os valores obtidos para o rendimento de trimiristina extraída por amostra e por solvente estão disponíveis na tabela 1. Verifica-se a partir desses dados e da análise do gráfico 1, que os valores obtidos na extração de trimiristina foram maiores para os solventes hexano e clorofórmio. Esta eficiência relativa na extração se dá devido a alta afinidade destes solventes com substâncias apolares, como é o caso da trimiristina, e baixa volatilidade quando comparados a outros solventes orgânicos.
Os menores valores rendimento obtidos para extração com éter de petróleo pode ser explicado pelo fato de este solvente ser muito volátil, o que acaba reduzindo o seu potencial de extração.
Como pode ser verificado no gráfico 1, na extração da trimiristina, para todos os solventes, a marca B apresentou um maior rendimento e a marca D apresentou um teor de trimiristina, muito inferior em relação as demais marcas. A marca D foi a única adquirida já na forma pulverizada, o que permite inferir que durante o processo de industrialização possa ter ocorrido a solubilização da amostra e possível extração da trimiristina constituinte, provocando sua redução.






CONCLUSÕES: Verifica-se que as diferentes marcas de noz-moscada utilizadas na extração apresentaram diferentes teores de trimiristina, indicando que, embora apenas uma espécie de vegetal tenha sido analisada, há outros fatores (como tipo de solo, tipo de adubo, tipo de clima e área geográfica, entre outros) que são responsáveis por alterar a concentração de componentes químicos desta especiaria. Evidencia-se, também, a importância da realização de testes para avaliar qual solvente é mais adequado para ser usado na extração de uma substância específica a partir de uma determinada amostra.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BALMER D. G. Natural Product Isolation: Trimyristin Extraction from Nutmeg. 2007. Disponível em:http://www.sas.upenn.edu/~dbalmer/chem502/Labs/lab6
_natural%20products/balmerexp6.pdf

OLALEYE, M.T.; AKINMOLADUN, A. C.; AKINDAHUNSI, A. A. Antioxidant properties of Myristica fragrans (Houtt) and its effect on selected organs of albino rats. African Journal of Biotechnology. v. 5, n.13, p. 1274-1278, 2006.

PETERSEN, S.; FAHR, A.; BUNJES, H. Flow Cytometryas a New Approach to investigate Drug Tranfer between Lipid Particles. Molecular Pharmaceutics.v. 7, n. 2, p. 350-363, 2010.

VOGEL. A. I. Química Orgânica - Análise Orgânica Qualitativa. vol. 3. 3 ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1988.