ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: OS CONDIMENTOS COMO UM CONTEXTO NO ENSINO DE QUÍMICA ORGÂNICA

AUTORES: CRUZ, J.V. (UEAP) ; ALVES, L.M.G. (UEAP) ; ALMEIDA, S.S.M.S. (UNIFAP)

RESUMO: O estudo em questão teve como objetivo compreender a relação existente entre o ensino
de Química Orgânica e os condimentos. Nesse contexto, o estudo dos condimentos pode ser
trabalhado nas aulas de química orgânica, pois, a partir da fórmula estrutural da
composição química dos condimentos, pode-se trabalhar conteúdos de química orgânica,
acerca de: compostos orgânicos, hidrocarbonetos: características e nomenclatura. A fim
de estabelecer uma relação entre a sala de aula e o cotidiano através de uma abordagem
comunicativa e contextual, todavia, para o aluno este conhecimento está implícito, pois
não consegue estabelecer uma relação entre o conteúdo trabalhado em sala de aula e sua
vida diária. A metodologia deste estudo consistiu em pesquisa de campo e bibliográfica
de caráter qualitativo.

PALAVRAS CHAVES: compostos orgânicos; química orgânica; condimentos.

INTRODUÇÃO: O estudo baseado na temática: Os condimentos como um contexto no ensino de química
orgânica, torna-se relevante, uma vez que o estudo das estruturas químicas presentes
nas moléculas dos condimentos norteia uma relação de interdisciplinaridade e
contextualização. Além disso, a idéia de uma proposta pedagógica que leve o aluno a
assimilar conteúdos de química orgânica com substâncias presentes no seu dia-a-dia,
promove a sua participação no processo de aprendizagem, pois o contexto que é mais
próximo da realidade do aluno é mais fácil de ser explorado. Neste estudo, fez-se uma
abordagem conceitual dos condimentos de acordo com a Comissão Nacional de Normas e
Padrões para Alimentos (CNNPA), bem como a trajetória da utilização deste produto
inicialmente pela Europa, durante as grandes navegações, até a chegada ao Brasil, na
forma de especiaria, de modo que no estado Amapá os condimentos estão presentes até
hoje na culinária em grande proporção na alimentação da população e no tratamento de
enfermidades. Além disso, envolve aspectos relacionados à ciência, tecnologia e
sociedade, pois o estudo dos condimentos permite assuntos relacionados à alimentação
e saúde. De modo que, através dos condimentos, fez-se um estudo teórico tomando por
base concepções de diversos autores que falam a respeito de como são geradas e
classificadas as substâncias orgânicas presentes em cada condimento em seu
metabolismo secundário.

MATERIAL E MÉTODOS: No que se refere ao método de pesquisa utilizado neste estudo, optou-se pela pesquisa
bibliográfica e de campo. Para efetuar a pesquisa de campo, escolheu-se duas
instituições estaduais da rede pública de ensino na cidade de Macapá do estado do
Amapá, envolvendo três turmas da 3ª série do ensino médio. Para atender aos objetivos
da pesquisa foram utilizados para a coleta de dados alguns procedimentos
metodológicos, bem como a aplicação de questionários a alunos, totalizando 85
(oitenta e cinco) questionários respondidos, aos quais aplicou-se perguntas objetivas
de maneira a obter dados referentes ao reconhecimento dos condimentos mais usuais e a
utilização destes produtos na vida diária do aluno, estabelecendo uma relação entre a
sala de aula e cotidiano, a fim de buscar a sua compreensão em relacionar a química
com os condimentos. No que se refere aos professores direcionou-se 15 questionários,
em que denota-se se o estudo dos condimentos pode ser trabalhado nas aulas de Química
Orgânica, por estar presente nestes produtos moléculas em maior concentração,
verificando a importância de se associar a química trabalhada em sala de aula, com
elementos presentes no dia-a-dia através de uma abordagem comunicativa e contextual.
Após, realizou-se uma atividade de ensino, por meio de uma palestra, para 30 (trinta)
alunos da referida escola, onde foi demonstrado o estudo dos condimentos relacionado
com aspectos históricos, biológicos e químicos. Durante a palestra, foram
demonstradas as fórmulas estruturais das substâncias identificadas como majoritárias
nos condimentos, de modo que grande parte dos alunos, ao serem instigados, conseguiu
classificar a cadeia, quanto à disposição de átomos de carbono, tipo de ligações e a
natureza dos átomos que compõe a cadeia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com os dados apresentados nos questionários direcionados aos alunos,
verifica-se, através de uma média aritmética, que 96,70% dos alunos reconhecem a
pimenta-do-reino, alho, urucum, cravo e gengibre que são os condimentos apresentados
na pesquisa, de modo que 100% dos discentes fazem utilização de todos ou alguns
destes produtos em sua casa. Contudo, quando instigou-se: “você conhece um condimento
ou especiaria?” 56% dos alunos responderam não, o que significa dizer que quando
estes elementos são empregados de maneira empírica, compreende-se que são facilmente
reconhecidos pelos alunos, mas quando são tratados com caráter científico, ou seja,
de forma menos usual, a maioria dos alunos desconhecem saber o que é um condimento ou
especiaria. Nesse sentido, permite dizer que o estudo dos condimentos proporciona uma
aproximação com a realidade mediadora do aluno e está diretamente ligado com o
conhecimento científico. Desse modo, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio
(2006), tratam deste aspecto da seguinte maneira, “[...] reafirma a contextualização
e a interdisciplinaridade como eixos centrais organizadores das dinâmicas interativas
no ensino de Química, na abordagem de situações reais trazidas do cotidiano ou
criadas na sala de aula [...]”. Além disso, destaca-se a importância positiva dos
alunos acharem que a química pode estar presente nos condimentos, o que afirma a
frase de um professor entrevistado, a respeito da importância de associar a química
trabalhada em sala de aula com elementos presentes no dia-a-dia, “A importância está
no valor que o aluno dá ao que está sendo apresentado pelo professor. Então, se o
aluno conseguir associar o que o professor ensina com o seu cotidiano, certamente
cria-se uma facilidade no aprendizado” (Professor X).

CONCLUSÕES: Neste estudo, denota-se o quanto é importante estabelecer a relação simultânea entre
uma ciência e o cotidiano. De modo que, a referida pesquisa nos traz uma proposta de
reflexão quanto à prática docente do ensino de química orgânica, pois, nas duas
instituições que fizeram parte deste processo, verificou-se, que ambas adotam o ensino
de química orgânica sem tanta relevância ao reconhecimento da importância dos compostos
orgânicos no cotidiano. Assim, compreende-se que para se ter um ensino proficiente de
química, deve-se considerar para este fim aspectos contextuais e interdisciplinares.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Ministério da Educação. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. In: ______. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: Secretaria de Educação Básica, 2006.

Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos. Gerência- Geral de Alimentos. Resolução – CNNPA Nº 12, de 1978.

LE COUTEUR, Penny; BURRESON, Jay. Pimenta, Noz-Moscada e Cravo-da-Índia. In: ¬-______. Os botões de Napoleão: as 17 moléculas que mudaram a história. Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.

MORTIMER, Eduardo Fleury; SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos. Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem c-t-s (ciência – tecnologia e sociedade) no contexto da educação brasileira. Pesquisa em educação em ciências. Belo Horizonte, n. 2, dezembro, 2002.

SANTOS, Rosana Isabel dos. Metabolismo básico e origem dos metabólitos secundários. In: SIMÕES, Cláudia Maria Oliveira. et al. (Org.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: UFRGS/UFSC, 2003. p. 403-434.