ÁREA: Alimentos

TÍTULO: ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS DO MEL DE APIS PRODUZIDO NO MUNICÍPIO DE SANTA LUZIA DO PARUÁ, MARANHÃO, BRASIL

AUTORES: SOUSA, B.F.S. (UEMA) ; AGUIAR, N. N. (UEMA) ; ALVES, L. M. C. (UEMA) ; COSTA, F. N. (UEMA) ; COSTA, M. C. P. (UEMA)

RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar condições higiênico-sanitárias de amostras de méis
de Apis mellifera obtidas do produtor no município de Santa Luzia do Paruá, Maranhão.
Foram realizadas análises microbiológicas para determinação do NMP de Coliformes totais
e a 45ºC, contagem de Bolores e leveduras, bactérias aeróbias mesófilas e Clostridium
sulfito redutor. As amostras coletadas em Santa Luzia do Paruá, Águas Lindas 1, Águas
Lindas 2 e Santa Rosa apresentaram qualidade higiênico-sanitária insatisfatória. As
instalações físicas e de acondicionamento do mel não se apresentaram conforme as
exigências legais sanitárias. Para melhorar a qualidade do produto devem ser executadas
boas práticas de manejo e extração, para garantir segurança microbiológica na
comercialização e consumo humano.

PALAVRAS CHAVES: condição microbiológica; mel apis mellifera; produtor.

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Mel é um produto alimentício produzido por abelhas melíferas, a partir do
néctar das flores ou de secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de
excreções de insetos sugadores de plantas, que as abelhas recolhem, transformam,
combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam maturar nos favos
da colméia (BRASIL, 2000). É um alimento de fácil digestão e assimilação, se
constituindo numa fonte de energia que contribui para o equilíbrio dos processos
biológicos por conter em proporções adequadas, enzimas, vitaminas, ácidos,
aminoácidos, substâncias bactericidas e aromáticas (KOMATSU et al., 2002).
Atualmente, com o aumento das exigências dos mercados interno e externo quanto à
qualidade dos produtos comercializados, faz-se necessário estudos que objetivem
fornecer o perfil de qualidade do mel, promovendo assim, a sua melhor utilização
alimentícia (MARCHINI, 2001; VILELA, 2000; VILELA, 2000a). Diante da escassez de
informações microbiológicas do mel maranhense, foi delineado este trabalho
objetivando contribuir com o desenvolvimento de técnicas, processos e análises que
apontem soluções para os gargalos tecnológicos que limitam o desenvolvimento do
Arranjo Produtivo Local da Apicultura no Maranhão; ampliando assim a capacidade
competitiva do estado no mercado nacional e internacional.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras foram coletadas de apicultores do município de Santa Luzia do Paruá, no
período de janeiro de 2011. O méis foram armazenados à temperatura ambiente em frascos
de vidro esterilizados e foram transportados até o Laboratório de Microbiologia de
Alimentos e Água da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA onde foram realizadas as
análises microbiológicas para contagens do NMP de Coliformes totais, Coliformes a 45º
C, Bolores e leveduras, bactérias aeróbias mesófilas e Clostridium sulfito redutor
seguindo as normas do Ministério da Agricultura e Abastecimento que estabelece o
regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de mel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Tabela 1 apresenta os resultados microbiológicos obtidos. Em todas as amostras
analisadas a contagem de Coliformes totais e a 45ºC foi <3,0 NMP/g, o que evidenciou
segurança quanto à presença de coliformes e de patógenos entéricos. Contudo, as
amostras de Águas Lindas 1, Águas Lindas 2 e Santa Luzia do Paruá apresentaram
contagens de Bolores e leveduras acima do valor tolerável de 1,0x10² UFC/g
(BRASIL,1997), portanto fora dos padrões. Referente ao mel dos produtores neste foi
identificado o fungo Aspergillus Níger, enquanto nas amostras procedentes de Águas
Lindas 2, Santa Rosa e Santa Luzia do Paruá foram encontrados Aspergillus flavus.
Quanto à contagem de mesófilos, os méis procedentes de Santa Rosa e Santa Luzia do
Paruá revelaram contagens significativas destas bactérias. Também foi identificado
Clostridium sulfito redutor no mel coletado no município de Santa Luzia do Paruá. As
contaminações por Bolores e leveduras são semelhantes aos achados de Abreu et al.,
(2005) que identificou 17 (33,33%) amostras contaminadas por bolores e leveduras,
aos de Matuella e Torres (2000) que encontraram presença significativa destes
microrganismos em uma das colméias analisadas, com valor de 3,2 x 102 UFC/g, bem como
aos Oliveira et al. (2005) que encontraram valores que variaram de 1,5 x 102 UFC/g a
6,5 x 103 UFC/ g. Não há padrões microbiológicos estabelecidos para bactérias
mesófilas, porém esta contagem é comumente empregada para indicar algum procedimento
inadequado sob o ponto de vista higiênico (FRANCO & LANDGRAF, 1996), situação
possivelmente constatada.

CONCLUSÕES: As amostras coletadas em Santa Luzia do Paruá, Águas Lindas 1, Águas Lindas 2 e Santa
Rosa apresentaram qualidade higiênico-sanitária insatisfatória. As instalações físicas
e de acondicionamento do mel não se apresentaram conforme as exigências legais
sanitárias. As instalações físicas e de acondicionamento do mel não se apresentaram
conforme as exigências legais sanitárias. Para melhorar a qualidade do produto devem
ser executadas boas práticas de manejo e extração, para garantir segurança
microbiológica na comercialização e consumo humano.

AGRADECIMENTOS: Projeto COMMEL, financiado pelo CNPq/SEBRAE e aos Laboratórios de Análises de Alimentos
e Água e de Macromoléculas e Produtos Naturais da UEMA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABREU, X. B; ROMANO, P. V.; RISTTOW, M. Andréa; CARVALHO, G. Eliane. Avaliação microbiológica de méis inspecionados comercializados no Estado do Rio de Janeiro. RevistaHigiene Alimentar, v. 19, n. 128, jan/fev. 2005.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Portaria n° 367, de 04 de setembro de 1997. Regulamento técnico para afixação de identidade e qualidade de mel.
BRASIL. Ministério de Agricultura e do Abastecimento. Instrução Normativa Nº 11, de 20 de outubro de 2000. DOU nº 204, seção 1, p. 15-17, 23/10/2000.
FRANCO, B. D. G. de M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. Editora Atheneu: São Paulo, 1996. 182p.

KOMATSU, S. S. Caracterização físico-química de méis de Apis mellifera L., 1758 (Hymenoptera: Apidae) de diferentes municípios do Estado de São Paulo. Piracicaba, 1996. 90p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, 2002.

MARCHINI, L.C. Caracterização de amostras de méis de Apis mellifera L., 1758 (Hymenoptera: Apidae) do Estado de São Paulo, baseada em aspectos físico-químicos e biológicos. 2001. Tese (Livre Docência) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2001.

MATUELLA, M.; TORRES; STOLZENBERG, V. Teste da qualidade microbiológica do mel produzido nos arredores do lixão do município de Chapecó-SC. Revista Higiene Alimentar, v. 14, n. 70, p. 73-77, mar. 2000.

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VILELA, S. L. de O. (org.). Cadeia produtiva do mel no Estado do Piauí. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 121p, .2000.
VILELA, S. L. de O. Importância das novas atividades agrícolas ante a globalização. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 228p. 2000a.