ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DE UM ARGISSOLO AMARELO EUTROCOESO TÍPICO PARA A UTILIZAÇÃO DE CONDICIONADOR ZEOLÍTICO.

AUTORES: NASCIMENTO, C. D. V. (UFC) ; SILVA, D. M. (UFC) ; SOARES, T. R. V. (UFC) ; ANDRADE, J. C. R. A. (UFC) ; ROMERO, R. E. (UFC) ; SILVA, L. R. D. (UFC)

RESUMO: O objetivo foi avaliar um Argissolo Amarelo Eutrocoeso típico visando verificar se há características desejáveis para a atividade zeolítica. Com base em análises físicas e químicas, o perfil foi classificado. O incremento de argila em profundidade sugere o favorecimento da atividade zeolítica devido ao aumento da microporosidade. A textura em superfície arenosa e a CTC são fatores que podem indicar a utilização de zeólita para melhor aproveitamento hídrico e para elevação de CTC. O caráter coeso do solo pode não ser favorável para a atividade da zeólita devido ao pouco ou nenhum contato da zeólita com a água. Conclui-se que características que favorecem a atividade zeolítica são encontradas nesse solo, necessitando de mais estudos para seu melhor aproveitamento na agricultura.

PALAVRAS CHAVES: atividade zeolítica, microporosidade, agricultura.

INTRODUÇÃO: O uso de condicionadores do solo representa uma alternativa para aumentar a capacidade de retenção de água e nutrientes dos solos arenosos. O conceito de condicionadores envolve a aplicação de materiais aos solos para modificar favoravelmente propriedades físicas adversas, como baixa capacidade de retenção de água e excessiva permeabilidade. A natureza deste material é muito variável e engloba desde material natural orgânico e inorgânico, até produtos sintéticos industrializados (STEWART, 1975). Dentre os condicionadores, as zeólitas podem ser utilizadas para aumentar a capacidade de retenção de água bem como incorporar nutrientes minerais de forma controlada em solos sujeitos a frequentes episódios de deficiência hídrica e baixa fertilidade. Esses minerais têm três propriedades principais que lhes confere grande interesse para o uso na agricultura: alta capacidade de troca de cátions, alta capacidade de retenção de água livre em seus poros, e a alta habilidade de adsorção de íons.
Zeólitas são aluminossilicatos cristalinos hidratados, de metais alcalinos ou alcalinos-terrosos, estruturados em redes cristalinas tridimensionais rígidas, formadas por tetraedros de AlO4 e SiO4, cujos anéis, ao se unirem, compõem sistema de canais, cavidades e poros (MUMPTON, 1999). De acordo com LEGGO (2000), em função da afinidade da zeólita por nutrientes, este mineral pode ser utilizado em substratos orgânicos para estimular o crescimento das plantas.
O objetivo do trabalho foi avaliar um Argissolo Amarelo Eutrocoeso típico visando à utilização de condicionador zeolítico, ou seja, verificar se no mesmo há características desejáveis ou não para a atividade da zeólita.


MATERIAL E MÉTODOS: As análises foram realizadas em laboratório utilizando-se um solo da Universidade Federal do Ceará (UFC), retirado de uma trincheira da área didática do Departamento de Zootecnia, latitude 03o 44’32,8” S e longitude 38o 34’38” W. O solo foi desenvolvido dos sedimentos areno-argilosos da Formação Barreiras, constituídos principalmente por quartzo na fração areia e caulinita na fração argila, com baixos teores de óxidos de ferro, principalmente goethita (JACOMINE et al., 1975). A característica climática da área da coleta é representada pela sazonalidade da precipitação e por elevadas temperaturas o ano todo, apresentando uma média anual de 26,6°C (FORTALEZA, 2009).
As amostras foram coletadas em todos os horizontes, após a descrição morfológica dos perfis, e secas ao ar, destorroadas e passadas em peneiras de 2 mm para obtenção da TFSA (terra fina seca ao ar). Foram também coletadas amostras indeformadas para determinação da porosidade total, retiradas com amostrador tipo Uhland e cilindro de aço de Kopecky de bordas cortantes. As análises físicas foram realizadas no laboratório de Física do Solo da Universidade Federal do Ceará, segundo métodos descritos no Manual de Métodos de Análises de Solo (EMBRAPA, 1997). Os parâmetros físicos determinados foram: granulometria, argila dispersa em água, densidade de partículas, densidade do solo e porosidade total. As análises químicas foram realizadas no laboratório de no laboratório de Pedologia da Universidade Federal do Ceará, segundo métodos descritos no Manual de Métodos de Análises de Solo (EMBRAPA, 1997), e foram determinados: matéria orgânica, pH, potássio, cálcio, magnésio, sódio, acidez potencial, soma de bases e saturação por bases.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Considerando-se (0-20 cm): os teores de areia, silte e argila respectivamente de 863, 61, 75 e g.kg-1. A argila dispersa em água foi de 56 g.kg-1. Densidade do solo e de partículas 1,48 e 2,69 g.cm-3, respectivamente. A porosidade total foi de 44,9%. Obteve-se com as análises químicas: matéria orgânica = 5,99 g.kg-1; pH em H2O = 5,6 e pH em KCl = 4,4; K+ = 0,4 mmolc.dm-3; Ca2+ = 8 mmolc.dm-3; Mg2+ = 5 mmolc.dm-3; Na2+ = 1,2 mmolc.dm-3; H + Al = 10 mmolc.dm-3; Soma de bases = 15 mmolc.dm-3; CTC = 25 mmolc.dm-3; Saturação por bases = 55%.
Classificou-se o solo como Argissolo Amarelo Eutrocoeso típico, textura areia franca. A sequência de horizontes foi: Ap1, Ap2, AB, BA1, BA2, Bt1, Bt2 e Bt3. Com relação à profundidade, houve um aumento do teor de argila e uma redução no teor de areia em todos os perfis. Esse incremento de argila pode indicar melhor atividade zeolítica devido ao consequente aumento da microposidade.
A textura arenosa em superfície desse solo é um fator que favorece perdas de elementos como fósforo e potássio. Portanto, o uso de condicionadores zeolíticos nesse solo é uma alternativa que geraria economia com adubos e proteção do ambiental (RESENDE E MONTE, 2000).
O solo apresenta os horizontes AB e BA1 coesos tendo como consequência infiltração e aeração deficientes. Supõe-se que isso não seja desejável para a atividade da zeólita, visto que o contato com a água seria reduzido ou inexistente, dificultando a liberação lenta de nutrientes, visto que se avalia a água essencial para tal liberação. A baixa CTC é outro fator que poderia indicar a utilização de zeólita, visto que certos tipos são usados em países como o Japão para elevar a CTC dos solos há mais de um século, através de mecanismos como a liberação do fósforo da rocha fosfática(LAI E EBERL, 1986).

CONCLUSÕES: Mais estudos voltados para a utilização de condicionadores zeolíticos de acordo com o tipo de solo são necessários para o incremento na produtividade e para o aproveitamento de solos não utilizados. Características que favorecem a atividade de condicionadores zeolíticos são encontradas em Argissolos Amarelos Eutrocoesos típicos, sendo necessários estudos para sua melhor utilização na agricultura.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de solos (Rio de Janeiro, RJ). Manual de métodos de análises de Solo. 2.ed. rev. atual. Rio de Janeiro, 1997. 212p.

FORTALEZA, Secretária Municipal de Planejamento e Orçamento. Fortaleza em Números. Fortaleza: Prefeitura Municipal de Fortaleza, 2009.

JACOMINE, P. K. T.; Cavalcanti, A. C.; PESSOA, S. C. P.; Silveira, C.O. Levantamento exploratório, reconhecimento de solos de Estado de Alagoas. Recife: EMBRAPA/Centro de Pesquisas Pedológicas.

LAI, T.M.; EBERL, D.D. Zeolites, v. 6, p. 129, 1986.

LEGGO, P. J. An investigation of plant growth in an organozeolitic substrate and its ecological significance. Plant and Soil, The Hague, v. 219, n. 1-2, p. 135-146, 2000.

MUMPTON, F.A. La roca magica: Uses of natural previous zeolites in agriculture and industry. Proceedings of National Academy of Sciences of the United States of America, Washington, v.96 n.7, p.3463-3470, 1999.

REZENDE, N.G.A.; MONTE, M.B.M. In: Rochas e Minerais Industriais: Usos e Especificações, Editores Adão Benvindo da Luz e Fernando Freitas Lins, Rio de Janeiro: CETEM/MCT, p. 699-717, 2005.

STEWART, B. A. Soil conditioners. Madison: Soil Science Society of America, 1975. 186 p. (Special publication, n. 7).