ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: ESTERÓIDES PRODUZIDOS PELO FUNGO ENDOFÍTICO PESTALOTIPSIS GUEPINII (PGGVM-22) ISOLADO DOS GALHOS DE VIROLA MICHELII

AUTORES: ARAUJO, R. N. M. (UFPA) ; SOARES, A. M. S. (UFPA) ; RANIERI, H. S. C. (UFPA) ; SANTOS, W. C. B. (UFPA) ; GUILHON, G. M. S. P. (UFPA) ; MARINHO, A. M. R. (UFPA) ; SANTOS, L. S. (UFPA)

RESUMO: Neste trabalho foi realizado o estudo com a cepa (pggvm-22) do fungo endofítico Pestalotiopsis guepinii, isolado dos galhos de Virola michelii. O fungo foi cultivado em meio de cultura sólido (arroz) do qual foram obtidos os extratos brutos a partir da biomassa do fungo. Do extrato acetato de etila foram isolados os esteróides ergosterol e peróxido de ergosterol, os quais foram identificados com base nos dados de RMN 1H e 13C em comparação com dados da literatura.

PALAVRAS CHAVES: fungo endofítico, pestalotiopsis guepinii, esteróides

INTRODUÇÃO: Endófitos são microrganismos que habitam o interior das plantas, sendo encontrados em órgãos e tecidos vegetais como as folhas, ramos e raízes. Esta comunidade endofítica é constituída principalmente por fungos e bactérias, e ao contrário dos microrganismos patogênicos, não causam prejuízos aos seus hospedeiros (PEIXOTO NETO et al., 2002). A aplicação desses microorganismos já é realidade e configura-se como avanço nas seguintes áreas: controle biológico de pragas e doenças, bioerbicidas, bioindicadores de vitalidade, vetores para introdução de genes em plantas, biorremediação de solos contaminados com poluentes e como produtores de antibióticos, e outros metabólitos secundários de interesse farmacológico (TRABULSI, 2002; STROBEL et al., 2004). Neste trabalho estudou-se o potencial do fungo Pestalotiopsis guepinii na produção de aleloquímicos.

MATERIAL E MÉTODOS: 4,05 kg do cereal (arroz) foram distribuídos uniformemente em 27 erlenmeyeres de 1000 mL (150 g de cereal a cada erlenmeyer). Em seguida, adicionou-se água destilada e autoclavou-se este sistema introduzindo o fungo P. guepinii (cepa pggvm-22). O fungo foi incubado em modo estático sem presença de luz por 30 dias. Após o período de incubação foi acrescentado metanol aos erlenmeyeres, e em seguida filtrado e concentrado para a obtenção do extrato MeOH-1. O resíduo resultante da filtração foi extraído com solventes hexano (1x), acetato de etila (2x) e metanol (1x), os quais após eliminação do solvente em evaporador rotativo originaram os extratos denominados extrato metanólico-1 (15,4 g), extrato hexânico (7,6 g), extrato acetato de etila-1 (21,6 g), extrato acetato de etila-2 (5 g) e extrato metanólico-2 (21,6 g) . Os extratos foram submetidos à cromatografia em camada delgada comparativa (CCDC), e diante dos resultados, optou-se por trabalhar o extrato acetato de etila-2. O extrato acetato de etila-2 (800 mg) foi fracionado em coluna cromatográfica de sílica gel por via úmida, utilizando hexano, acetato de etila e metanol como eluentes, em ordem crescente de polaridade, obtendo-se vinte frações, as quais foram analisadas por cromatografia de camada delgada comparativa (CCDC). A fração 2 eluída com Hex/AcOEt 5% levou ao isolamento dos esteróides ergosterol e peróxido de ergosterol. As substâncias isoladas foram identificadas pela análise de seus espectros de RMN 1H, e por comparação com dados da literatura (SOUBIAS, 2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Do extrato acetato de etila do endofítico P. guepinii (cepa pggvm-22) foram isoladas duas substâncias das classes dos esteróides: ergosterol e peróxido de ergosterol. Os esteróides compreendem uma classe de produtos naturais que possuem um esqueleto carbônico tetracíclico. Eles derivam do cicloartenol quando biossintetizados por plantas e do lanosterol quando biossintetizados por animais e fungos (DEWICK, 2001). O lanosterol é um triterpeno derivado do esqualeno, o precursor de todos eles. Na biossíntese, os esteróides por sua vez, perdem três metilas vindas do lanosterol, porém ganham uma metila através da enzima S-adenozil metionina que é geralmente inserida no carbono C-24 (DEWICK, 2001). O ergosterol é um esteróide bastante comum nos fungos fazendo parte de sua estrutura celular e neste trabalho foi isolado dos extratos acetato de etila-2 de P. guepinii (cepa pggvm-22) cultivado em arroz. O peróxido de ergosterol (S2), um esteróide também derivado do lanosterol foi isolado do extrato acetato de etila-2 do fungo P. guepinii (cepa pggvm-22) cultivado em arroz.

CONCLUSÕES: Neste trabalho foram descritos os isolamentos e identificação dos esteróides peróxido de ergosterol e do ergosterol a partir da biomassa produzida pelo fungo endofítico Pestalotiopsis guepinii (pggvm-22), isolado dos galhos de Virola michelii.

AGRADECIMENTOS: Ao Programa de Pós-graduação em Química-UFPA, e ao CNPq pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DEWICK, P. M. Medicinal Natural Products. John Wiley & Sons. New York. 4ª ed. 2001.
PEIXOTO NETO, P. A. S; AZEVEDO, J. L., ARAÚJO, W.L. Microorganismos endofíticos. Biotecnologia ciência e desenvolvimento, Ed. 29, 2002
SOUBIAS, O.; JOLIBOIS, F.; MASSOU, S.; MILON, A.; RÉAT, V. Determination of the orientation and dynamics of ergosterol in model membranes using uniform 13C labeling and dynamically averaged 13C chemical shift anisotropies as experimental restraints. Biophysical Journal. 89, 1120–1131, 2005.
STROBEL, G.; DAISY, B.; CASTILLO, U.; HARPER, J. Natural Products from Endophytic Microorganisms. Journal of Natural Products. 67, 257-268, 2004.
TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. Livrarias Atheneu, 4ª ed, 2004