ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: ISOLAMENTO DE FUNGOS ENDOFÍTICOS DE PLANTAS DO GÊNERO VIROLA

AUTORES: SOARES, A. M. S. (UFPA) ; ARAÚJO, R. N. M. (UFPA) ; SANTOS, W. C. B. (UFPA) ; PACHECO, L. C. (UFPA) ; PEIXOTO, R. N. S. (UFPA) ; ALMEIDA, E. S. (UFPA) ; LOPES JÚNIOR, M. L. L. (UFPA) ; BORGES, F. C. (UFPA) ; OLIVEIRA, M. N. (UFPA) ; GUILHON, G. M. S. P. (UFPA) ; SANTOS, L. S. (UFPA)

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo isolar e identificar fungos endofíticos de duas espécies de plantas medicinais da Amazônia, Virola surinamensis e V. michelii, visando a utilização desses microorganismos na produção de metabólitos secundários. Das folhas de V. michelii foram isolados 14 cepas, das quais foram identificadas duas linhagens de Pestalotiopsis guepinii e duas linhagens de Paecilomyces variotii. Dos galhos de V. michelii foram isoladas 10 cepas, das quais foram identificadas duas linhagens de Colletotrichum gloeosporioides, uma linhagem de Paecilomyces variotii e duas linhagens de Pestalotiopsis guepinii. Das folhas de Virola surinamensis somente foi identificado o fungo Glomerella cingulata.

PALAVRAS CHAVES: fungos endofíticos, virola michelii, virola surinamensis

INTRODUÇÃO: Os fungos tem capacidade de produzir uma grande variedade de metabólitos secundários, e vêm ganhando importância por suas diversas aplicações tecnológicas. Fungos endofíticos são fungos que durante certo período de suas vidas, colonizam os tecidos internos de plantas sem causar sintomas a estas (PETRINI et al., 1992). É estimado que cerca de 80% das plantas são hospedeiras de fungos (ZHANG et al., 2006). A interação planta-fungo endofítico pode ser benéfica à planta, pois esses são capazes de produzir metabólitos que podem auxiliar o sistema imunológico da planta com produção de toxinas. Há relatos de um possível “aprendizado” conhecido por “transferência genética horizontal”, entre fungo e planta que seria a capacidade dos organismos associados produzirem a mesma classe de substâncias (ROHR, 1997). O estudo dos fungos endofíticos foi intensificado nos últimos 20 anos, conseqüente de um aumento do interesse no estudo dos endofíticos de gramíneas nos países temperados. Mais recentemente, o estudo de endofíticos de hospedeiros tropicais, incluindo as palmas (palmeiras), vem sendo destacado.

MATERIAL E MÉTODOS: O material botânico coletado foi processado dentro de quatro horas, após a coleta, tendo sido lavado abundantemente com água corrente e detergente neutro para retirar o excesso de epifíticos. Em seguida, em câmara asséptica, o material foi imerso em álcool 70% por um minuto, e em hipoclorito de sódio a 3%, por 4 minutos, e, novamente, em álcool a 70%, por 30 segundos, para retirar o excesso de hipoclorito. Lavou-se, então, em água destilada estéril que foi usada para fazer o controle da assepsia (PEREIRA, 1993). Após a assepsia, pequenos fragmentos foram plaqueados em meio de batata, dextrose e agar (BDA), com 0,2 % de extrato de levedura acrescido de terramicina (1mg/mL), para inibir o crescimento bacteriano no decorrer do processo de isolamento dos fungos endofíticos. As placas de Petri (9 cm de diâmetro), contendo os fragmentos, foram incubadas a 25 ºC. A partir do sétimo dia de incubação, pequenos fragmentos de BDA com hifas dos fungos recém desenvolvidos foram transferidos para outras placas contendo meio BDA. Após a transferência dos endófitos a purificação dos mesmos foi feita pela técnica de repiques sucessivos. Os endofíticos isolados foram armazenados em triplicata conforme a metodologia descrita na literatura (CASTELLANI, 1939).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Folhas e galhos sadios de Virola michelii e folhas de V. surinamensis foram lavados abundantemente com água corrente e sabão neutro para eliminar os fungos epifíticos. Após a lavagem com etanol 70%, hipoclorito de sódio e água destilada, o material foi cortado em pequenos fragmentos (cerca de 0,5 cm) e dispostos em placa de Petri contendo o meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar). Após o período de incubação (sete dias) hifas dos fungos foram purificadas pela técnica de repiques sucessivos. Das folhas de V. michelii foram isoladas 14 cepas, das quais foram identificadas duas linhagens de Pestalotiopsis guepinii e duas linhagens de Paecilomyces variotii. Dos galhos de V. michelii foram isoladas 10 cepas, das quais foram identificadas duas linhagens de Colletotrichum gloeosporioides, uma linhagem de Paecilomyces variotii e duas linhagens de Pestalotiopsis guepinii. Das folhas de V. surinamensis foi identificado o fungo Glomerella cingulata. Os fungos de V. michelii foram identificados pelo Dr. Francisco das Chagas de Oliveira Freire do Centro Nacional de Pesquisa de Agroindústria Tropical da EMBRAPA e o de V. surinamensis pelo Dr. Artur Silva do Depto. de Biologia da UFPA. Os fungos estão depositados na Coleção de Cultura do Laboratório de Microbiologia do Programa de Pós-graduação em Química da UFPA.

CONCLUSÕES: Neste trabalho foram descritos os isolamentos de fungos endofíticos das espécies de plantas Virola michelii e V. surinamensis. Foram identificadas nove linhagens de fungos das espécies Pestalotiopsis guepinii, Colletotrichum gloeosporioides, Paecilomyces variotii e Glomerella cingulata.

AGRADECIMENTOS: Ao Programa de Pós-graduação em Química-UFPA pela infra-estrutura, a FAPESPA e ao CNPq pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CASTELLANI, A. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 42, 225, 1939.
PELCZAR, M.; REID, R. & CHAN, E. C. S. Microbiologia. São Paulo, Mc Graw-Hill, 1981.
PETRINI, O.; Sieber, T. N.; Toti, O. Journal of Natural Toxis 1, 185, 1992.
ROHR, J. Angewandte Chemie- International Edition English. 36, 2190, 1997.
ZHANG, H. W.; SONG, Y. C.; TAN, R. X. Biology and Chemistry of Endophytes. Natural Product Report. 23, 753 – 771, 2006.