ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: ÓXIDOS TOTAIS, CRISTALIZADOS E MAL CRISTALIZADOS EM ALGUNS NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS ÓRTICOS DE MATO GROSSO

AUTORES: LORENZON, L. L. (IFMT - SVC) ; MORONI, A. B. (IFMT - SVC) ; SANTOS, O. A. S. (IFMT - SVC) ; WEBER, O. L. S. (UFMT)

RESUMO: Para quantificar os teores de óxidos totais, cristalizados e mal cristalizados em Neossolos Quartzarênicos órticos foram escolhidas duas áreas com ocorrência considerável dessa classe de solo e com histórico de utilização agrícola. As amostras foram secas ao ar, destorroadas e tamisadas em peneira de 2,0 mm. As determinações dos óxidos totais foram realizadas por Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios-X (EDX) e os óxidos cristalizados foram extraídos com solução de citrato-bicarbonato e ditionito de sódio (DCB) e os mal cristalizados extraídos com solução ácida de oxalato de amônio. A determinação por espectrofotometria de absorção atômica. Verificou correlação entre argila e os óxidos de ferro cristalizados provavelmente na forma de ilmenita.

PALAVRAS CHAVES: óxido de ferro; ilmenita; teor de argila; óxidos de titânio

INTRODUÇÃO: Os Neossolos Quartzarênicos Órticos (RQo) são solos que sofreram baixa intensidade de atuação de processos pedogenéticos, os quais ainda não conduziram a modificações expressivas das características do seu material de origem, seja em razão de sua resistência ao intemperismo químico, dada sua composição mineralógica, ou ainda dado o relevo que pode limitar sua evolução. Não possui nenhum tipo de horizonte B diagnóstico, apresentando textura areia ou areia franca até pelo menos (1,5 m) de profundidade ou até contato lítico, com teor de argila menor que 15%, essencialmente quartzosos, tendo nas frações areia grossa e areia fina 95% ou mais de quartzo, calcedônia e opala e, praticamente, ausência de minerais primários alteráveis menos resistentes ao intemperismo (EMBRAPA, 1999).
Além do baixo teor de nutrientes, apresentam elevada acidez e predominância de argilas de baixa atividade, como a caulinita e óxi-hidróxidos de Fe e Al (Frazão et al., 2008). Dentre os óxidos presentes nos RQo estão os óxidos de ferro que influem na cor do solo (Kämpf & Schwertmann, 1983), na retenção aniônica, na estruturação e agregação dos solos por meio da associação com outros minerais e compostos orgânicos (Dick & Schwertmann, 1996) e os óxidos de alumínio que é componente importante da fração argila do solo (Curi, 1993). A proposta deste trabalho se deveu à incorporação dos Neossolos Quartzarenicos Órticos na produção agrícola e a escassez de estudos sobre os mesmos.


MATERIAL E MÉTODOS: As áreas escolhidas para o estudo se localizam nos municípios de Nova Marilândia (RQo – NM) e Barra do Garças (RQo – BG), em Mato Grosso. Municípios com ocorrência considerável de RQo e com histórico de utilização agrícola dessa classe de solo. Foi feita uma amostragem em trincheira aberta com coleta de amostra de solo nos horizontes AP, AC, CA, C1 e C2.
As amostras foram secas ao ar, destorroadas e tamisadas em peneira de 2,0 mm. Foi feita análise granulométrica do solo pela dispersão com NaoH 0,5 mol L- e leitura pelo densímetro conforme EMBRAPA (1997). A determinação dos óxidos totais foi feita por Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios-X (EDX). Os óxidos cristalizados (FeDCB e Al DCB) e os óxidos de ferro e de alumínio mal cristalizados (FeOX, AlOX) foram determinados segundo metodologia descritas em Camargo et al. (1986). Os óxidos cristalizados foram extraídos com solução de citrato-bicarbonato e ditionito de sódio (DCB). Para tanto, foram feitas quatro extrações sucessivas com 1,0 g de ditionito de sódio à temperatura de 75 ºC a cada 30 minutos, sob agitação, até que a suspensão adquirisse coloração amarelada e o precipitado se tornasse acinzentado. Após as extrações, a suspensão foi submetida à floculação com 10 mL de solução de NaCl saturada e centrifugada a 2.000 rpm. O líquido sobrenadante de cada extração foi coletado em balão volumétrico de 250 mL, juntando-se as águas de lavagem do resíduo, completando-se o volume com água destilada. Os óxidos de ferro e de alumínio mal cristalizados (FeOX, AlOX) foram determinados por extração com solução ácida de oxalato de amônio (OXA), com agitação por quatro horas em ausência de luz.
Os teores de Fe e de Al cristalizados e mal cristalizados foram determinados por espectrofotometria de absorção atômica.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao relacionar as frações granulométricas do solo (Tabela 1) com os óxidos totais (Tabela 2) observa-se para o RQo – NM correlação positiva entre a fração argila e Fe2O3 de modo que esses óxidos, provavelmente estejam associados à fração argila , enquanto que, a correlação entre o FeDCB e a argila seja devido à quantidade considerável desses óxidos em estado de cristalinidade, como a distribuição dos óxidos de titânio no perfil tem o mesmo sentido da distribuição dos óxidos de ferro, provavelmente essa cristalização esteja na forma de ilmenita, uma vez que está é formada pelos dois óxidos (Dana,1970). A presença desse mineral é comum em solos tropicais (Ferreira et al., 2003). A constituição teórica da ilmenita é de aproximadamente 53% de TiO2 e 47% de Fe (Maia, 2001) o que pode justificar o decréscimo na relação Fe2O3/TiO2 ao longo de ambos os perfis. Os óxidos de ferro, de titânio, entre outros são interessante do ponto de vista prático, pois exercem papel importante na relação solo-planta, como indicadores dos processos de pedogeneses e como critérios auxiliares de agrupamento e hierarquização dos solos (EMBRAPA, 1999).
A distribuição dos óxidos totais de alumínio (Tabela 2) oscila ao longo dos dois perfis dos solos analisados, não sendo possível observar uma correlação considerável com os teores de argila. As maiores concentrações para esses óxidos foram encontrados no horizonte C2, enquanto que, as maiores concentrações para os óxidos de alumínios cristalizados foram encontrados no horizonte AC, justificado pelo fato da matéria orgânica, mais concentrada nos horizontes superficiais, proporcionar ambiente redutor (Dias et al., 2003) e dessa forma dificultar a cristalização desses óxidos.






CONCLUSÕES: A fração argila e os óxidos de ferro cristalizados correlacionam-se positivamente para ambos os perfis analisados;
Houve evidências de que os óxidos de ferro cristalizados estão em grande parte na forma de ilmenita.
Houve predominância de óxidos de alumínio cristalizados no horizonte AC para ambos os solos analisados;
Não houve correlação considerável dos óxidos de alumínio cristalizados e mal cristalizados com a fração argila.


AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CAMARGO, O.A.; MONIZ, A.C.; JORGE, J.A.; VALADARES, J.M.A.S. Métodos de análise química, mineralógica e física de solos do Instituto Agronômico de Campinas. Campinas: Instituto Agronômico, 1986. 94p.
CURI, N. Vocabulário de Ciência do Solo. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, 1993. 89p.
DANA, J. D. Manual de Mineralogia. Tradução de Rui Ribeiro Franco. EDUSP, v.1-2, São Paulo, 1970.
DIAS, H. C. T; SCHAEFER, C. E. G. R.; FERNANDES FILHO, E. I. et al. Caracterização de solos altimontanos em dois transectos no parque estadual do Ibitipoca (MG). Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.27, p.469-481, 2003.
DICK, D. P; SCHWERTMANN, U. Microaggregates from oxisols and inceptisols: dispersion through seletive dissolutions and physicochemical treatments. Geoderma, Amsterdam, v.74, p.49-63, 1996.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro, 1999. 412p.
EMBRAPA. Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Pesquisa de Solos, 1997. 212p.
FERREIRA, B.A.; FABRIS, J.D.; SANTANA, D. P.; CURI, N. Óxidos de ferro das frações areia e silte de um Nitossolo desenvolvido de basalto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.27, n.3, p.405-413, 2003.
FRAZÃO,L. A.; PICCOLO, M. C.; FEIGL, B. J. et al. Propriedades químicas de um Neossolo Quartzarênico sob diferentes sistemas de manejo no Cerrado mato-grossense. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.43, n.5, p.641-648, 2008.
KÄMPF, N.; SCHWERTMANN, U. Goethite and hematite in a climosequence in Southern Brazil and their application in classification of kaolinitic soils. Geoderma, Amsterdam, v.29, p.27-39, 1983.
MAIA, A. Titânio. Balanço Mineral Brasileiro, p. 1-20, 2001. Disponível em <http://www.dnpm.gov.br/assets/galeriadocumento/balancomineral2001/titanio.pdf> acesso em 05.06.2011.