ÁREA: Físico-Química

TÍTULO: Análise físico-química e espectrofotométrica de frutos de buriti (Mauritia flexuosa L.)

AUTORES: RAMOS, R. S. (UEAP) ; ALMEIDA, M. D. C. (UEAP) ; RODRIGUES, A. B. L. (UEAP) ; COSTA, J. S. (UEAP) ; ALMEIDA, S. S. M. S. (UNIFAP)

RESUMO: A Amazônia apresenta uma rica disponibilidade de matérias-primas de origem vegetal, que representam fontes consideráveis de vitaminas. Nesse sentido este trabalho teve como objetivo caracterizar, por meio de análises físico-químicas, o fruto do buriti (Mauritia flexuosa) e verificar a presença do composto beta-caroteno a partir da extração com solvente orgânico e posterior análise espectrofotométrica. Os resultados das análises físico-químicas foram: Umidade 24,5229%, Acidez 2,2269%(NaOH), Lipídios Totais 2,5500% e Cinzas 1,0320%. As concentrações de beta-caroteno determinadas para os extratos obtidos foram 2,996, 2,970, 2,471 e 2,580 mg/L. Os teores dos frutos estudados revelaram que o consumo de 3 a 4 frutos de buriti é suficiente para suprir as necessidades diárias de vitamina A.

PALAVRAS CHAVES: β-caroteno; vitamina a; buriti.

INTRODUÇÃO: A Amazônia é composta por várias espécies de plantas frutíferas que apresentam um alto potencial nutricional, existindo a necessidade de se realizar estudos sobre a diversidade de espécies vegetais dessa região. Por isso, vem despertando o interesse científico de profissionais de diversas áreas (ALMEIDA, 1994; FRANCO, 2004).
A relação direta entre alimentação e saúde vem fazendo com que um maior número de pessoas incluam em suas dietas alimentos de alto valor nutricional. Nesse sentido, a quantificação e qualificação de nutrientes nos alimentos são de fundamental importância, tanto para determinar o valor nutricional quanto para valorizar aspectos comerciais.
Os carotenóides são pigmentos orgânicos encontrados em plantas e microorganismo como fungos e algas, classificam-se em isopropenóides e apresentam um numero variável de duplas ligações conjugadas que lhe confere a propriedade de absorver luz visível em diferentes comprimentos de onda, desde 380 a 500 nm. O beta-caroteno (C40H56) é um isopropenóide, caracterizado por sua natureza poliinsaturada e propriedades antioxidantes. Pode existir em diferentes formas geométricas (cis e trans), sendo a forma mais abundante a trans beta-caroteno, precursor da vitamina A. Aos carotenóides também são atribuídas ações importantes a saúde, como diminuição do risco ao câncer e à formação de catarata, aumento da eficiência do sistema imunológico, bloqueio da degeneração muscular e prevenção de doença cardiovascular (MCLARTY, et al, 1995).
Este estudo visa contribuir com medidas de prevenção de doenças carenciais e incentivar o desenvolvimento sustentável de matérias-primas regionais através da busca de dados científicos para conhecimento de fontes alimentícias com potencial nutritivo e econômico, nesse caso o fruto do buriti.


MATERIAL E MÉTODOS: Os frutos de buriti foram coletados na APA da Fazendinha no Município de Macapá - AP e as análises realizadas nos laboratórios de química da Universidade do Estado do Amapá.
As análises físico-químicas de determinação de acidez, umidade, cinzas (resíduo por incineração) e a determinação de lipídeos para as polpas de frutos do buriti foram realizadas em triplicata e de acordo com as normas estabelecidas pelo Instituto Adolfo Lutz.
A análise espectrofotométrica ultra-violeta utilizada na quantificação do beta-caroteno presente nas polpas de buriti foi realizada de acordo com o método descrito por Talcott e Howard (1999) com algumas modificações.
A metodologia consistiu na pesagem de 2 g de polpa de buriti e posterior diluição em 25 mL de solução Acetona-Etanol (P.A) (1:1 v/v). A solução resultante foi filtrada e o resíduo sólido (de cor laranja) restante no papel filtro, lavado até descoloração. O volume do extrato obtido foi completado até 100 mL com adição da solução de Acetona-Etanol (P.A) (1:1 v/v). Esse procedimento foi efetuado em triplicata para quatro frutos.
A curva característica de calibração do espectro UV para o beta-caroteno padrão foi determinada para 5,2 μg, diluídos em 100 mL de Hexano (P.A).
A concentração de beta-caroteno nos frutos do buriti foi determinada em cubetas específicas no espectrofotômetro UV com capacidade para 4 mL de extrato.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em relação às análise físico-químicas, os resultados obtidos para Umidade (24,5229%), Acidez (2,2269%) e Cinzas (1,0320%) estão dentro dos padrões de qualidade determinados pela legislação vigente (BRASIL, 2005). A umidade obtida é relativamente baixa se comparada a outros frutos muito consumidos com cerca de 96% de umidade. O valor de umidade baixa é determinante para aumentar o tempo de armazenamento e reduzir a perecibilidade de frutos do buriti. Porém, alguns cuidados devem ser tomados quanto ao armazenamento devido a probabilidade de proliferação de microorganismo em decorrência da umidade, que podem ocasionar o aumento da acidez, aumentando, assim, a pericibilidade do alimento em questão. As cinzas correspondem aos materiais inorgânicos que o fruto tenha absorvido no decorrer de sua maturação ou no processo de despolpamento, e foram detectados no processo de incineração da polpa. A quantidade de Lipídios Totais corresponde a 2,5500%, quantidade comum encontrada em uma grande diversidade de frutas (Costa, et al, 2010).
O espectrofotograma de varredura da solução de β-caroteno padrão apresentou absorção máxima para o comprimento de onda 440 nm (figura 1). Esse dado foi utilizado como padrão para quantificação da concentração do beta-caroteno nos frutos de buriti.
As concentrações de beta-caroteno encontrados nas amostras apresentaram valores diferentes: 2,996, 2,970, 2,471 e 2,580 expressos em mg/L, sendo que as absorções analisadas para o comprimento de onda padrão do beta-caroteno (430 nm) apresentaram valores de absorbância de 0,103 a 0,298 A (figura 2).
A partir dos resultados, a massa média obtida de beta-caroteno para as polpas de buriti foi de 2,2034 mg por fruto.






CONCLUSÕES: As análises físico-químicas dos frutos de buriti foram essenciais para esclarecer a qualidade e a quantidade de alguns componentes químicos existentes no fruto e em que condições esse fruto deve ser armazenado. A espectrofotometria UV utilizada para quantificação do beta-caroteno ou pró-vitamina A, revelaram que os teores existentes nos frutos classificam-no como fonte eficiente e expressiva deste nutriente, além de forte inibinidor de doenças carenciais. O consumo de 3 a 4 frutos de buriti é suficiente para suprir as necessidades diárias de vitamina A de um indivíduo que é de 6,6 mg.

AGRADECIMENTOS: À UEAP pelo suporte técnico e ao CNPQ pelo suporte financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, S.P.; SILVA, J.A. Piqui e Buriti: Importância alimentar para a população dos cerrados. Planaltina:EMBRAPA-CPAC, 1994. 38p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Métodos Físico- Químicos para Análise de Alimentos. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 1018 p.

COSTA, et al, Composição de carotenoides em CANISTEL
(Pouteria campechiana (Kunth) Baehni). Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 32, n. 3, p. 903-906, 2010.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ (SÃO PAULO). Métodos físico-químicos para análise de alimentos/coordenadores Odair Zenebon, Neus Sadocco Pascuet e Paulo Tiglea -- São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008 p. 1020.

MCLARTY, et al. β -carotene, vitamin A, and lung cancer chemoprevention: results of an intermediate endpoint study. American Journal of Clinical Nutrition. 1995 .

TALCOTT, S.T.; HOWARD, D.L.R. Phenolic autoxidation is responsible for color degradation in orocessed carrot puree. Journal Agricultural Food Chemistry, v.47, p.2109-2115, 1999.