ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Monitoramento da Relação entre a DBO e a DQO em Pontos Estratégicos dos Rios Cotinguiba e Sergipe

AUTORES: RAMOS, M. L. N. S. (IFS) ; SANTOS, S. O. M. (IFS) ; SANTOS, M.F.C. (IFS) ; CARRIÇO, J. M. M. (IFS) ; LOPES, F.L.G. (IFS)

RESUMO: O trabalho se propôs a fazer o monitoramento da qualidade da água dos rios Cotinguiba e
Sergipe, mediante a relação entre a DBO e a DQO. O monitoramento foi realizado nos
pontos próximos às canaletas de descarte de águas pluviais ou efluentes de três grandes
indústrias: FAFEN, Usina Pinheiro e TAVEX. As amostras coletadas nas imediações da
FAFEN e da TAVEX ficaram dentro dos padrões recomendados pelo CONAMA, enquanto que 50%
das amostras coletadas nas imediações da Usina Pinheiro ficaram fora de especificação.
A relação da DBO/DQO nas imediações da Usina Pinheiro foi, em média, 21 vezes maior que
a relação nas imediações da FAFEN e TAVEX, indicando a necessidade da continuidade do
monitoramento, inclusive, com análises nos sedimentos deste ponto de amostragem.

PALAVRAS CHAVES: monitoramento da qualidade da água, rios cotinguiba e sergipe, dbo e dqo.

INTRODUÇÃO: O Estado de Sergipe possui seis bacias hidrográficas, sendo três federais e três
estaduais. A bacia hidrográfica do rio Sergipe drena aproximadamente, 16,7% do Estado
e é a que possui maior percentual de estabelecimentos industriais cadastrados do
Estado de Sergipe, cerca de 777 estabelecimentos, o que corresponde a 47% do total do
Estado. Dentre seus afluentes, o rio Cotinguiba (classe 2 / Resolução CONAMA
257/2005) é enquadrado como de água doce no seu início e de água salobra até sua
confluência com o rio Sergipe. Possui múltiplos usos, como dessedentação de animais,
irrigação, pesca extrativa e abastecimento público (ALVES, 2006). Desde o ano de
2010, a Associação de Pescadores de Nossa Senhora do Socorro, município do Estado de
Sergipe, vêm tentando, com o apoio público e privado, viabilizar a instalação de um
módulo piloto de piscicultura em tanque-rede, no rio Cotinguiba, como uma alternativa
de produção e renda para a Associação. A Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) é uma
variável da qualidade da água que quantifica a poluição orgânica pela depleção do
oxigênio, que poderá conferir condição anaeróbica ao ecossistema aquático e é
caracterizada como um dos principais parâmetros para se saber a qualidade de uma água
(MACEDO, 2002). Dessa forma, o trabalho se propôs a fazer o monitoramento da
qualidade da água do rio Cotinguiba e Sergipe, avaliando a relação entre a DBO e a
DQO (Demanda Química de Oxigênio), além de outras análises físico-químicas, em pontos
estratégicos próximos às canaletas de águas pluviais ou de efluentes de três grandes
indústrias, como forma de subsidiar os pescadores e piscicultores locais na tomada de
medidas preventivas e cautelares contra possíveis derramamentos de resíduos ilegais
nestes corpos d’ água.

MATERIAL E MÉTODOS: A área foco para a implantação do projeto de piscicultura em tanque-rede está
localizada no rio Cotinguiba, na prainha de Nossa Senhora do Socorro-SE, distante
aproximadamente de 2 a 6 km do leito do rio Sergipe. O monitoramento foi realizado nos
pontos próximos às canaletas de descarte de águas pluviais ou efluentes de três grandes
indústrias: Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados – FAFEN (Rio Sergipe), Usina Pinheiro
(Rio Cotinguiba) e TAVEX (Rio Cotinguiba). Foram realizadas coletas de amostras de água
nestes pontos durante seis meses (janeiro a junho de 2011). A metodologia de análise
laboratorial da DQO e DBO foi fundamentada em normas oficiais do Standart Methods of
Analysis of Water and Wastewater, publicada pela APHA (1998).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados mostraram que as amostras coletadas nas proximidades das canaletas de
descarte de águas pluviais ou efluentes da FAFEN e da TAVEX estavam de acordo com a
resolução 357/2005 do CONAMA, nos aspectos: pH, quantidade máxima de sólidos
dissolvidos totais e até 5 mg/L de O2 para a DBO 5 dias a 20ºC, além da não
verificação de efeitos tóxicos crônicos a organismos e ausência visual de materiais
flutuantes, óleos e graxas, corantes e resíduos sólidos objetáveis. Para as amostras
coletadas nas proximidades da lagoa de estabilização da Usina Pinheiro, 50% ficaram
fora da especificação recomendada pelo CONAMA, em relação à DBO, sendo que em uma
destas amostras o valor encontrado para a DBO foi três vezes superior ao recomendado
como máximo pelo CONAMA.. A literatura relata vários estudos sobre a relação média
entre a DBO e a DQO, de forma a se reduzir a quantidades de análises de DBO. De
acordo com SILVA e MENDONÇA (2003), a relação média da DBO/DQO para o esgoto bruto em
estações de tratamento de efluentes de águas residuais de origem doméstica varia de
0,45 a 0,50, enquanto que para efluente de lagoas facultativas varia de 0,18 a
0,26.Verifica-se que a relação DBO/DQO para os pontos amostrados nas imediações da
Usina Pinheiro é, em média, 21 vezes maior que os pontos amostrados nas imediações da
FAFEN e TAVEX. A relação média DBO/DQO nos pontos amostrados na Usina Pinheiro foi de
0,2049. Comparando-se o resultado encontrado para a Usina Pinheiro aos resultados
encontrados para a TAVEX e a FAFEN, percebe-se uma grande divergência entre os mesmos
e uma proximidade aos resultados apresentados por SILVA e MENDONÇA (2003), para
efluentes de lagoas facultativas. A relação DBO/DQO para todos os pontos amostrados
neste trabalho pode ser vista na Figura abaixo.



CONCLUSÕES: As amostras coletadas nas imediações da FAFEN e da TAVEX ficaram dentro dos padrões
recomendados pelo CONAMA, enquanto que 50% das amostras coletadas nas imediações da
Usina Pinheiro ficaram fora de especificação. A relação da DBO/DQO nas imediações da
Usina Pinheiro teve como resultado médio 0,2049. Este valor é 21 vezes maior que a
relação média nas imediações da FAFEN e TAVEX e muito próximo ao valor de uma lagoa
facultativa, 0,22. Infere-se a necessidade da continuidade do monitoramento da
qualidade da água no entorno da Usina Pinheiro com análises dos sedimentos nos pontos
de amostragem.

AGRADECIMENTOS: Ao DPEPT/SETEC/MEC pelo financiamento do projeto de pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: APHA: Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 20th ed., Washington: American Public Heath Association (APHA), 1998. ALVES, J. P. H. Rio Sergipe: importância, vulnerabilidade e preservação. São Cristóvão: Editora da Universidade Federal de Sergipe. 222 p. 2006. MACEDO, J. A. B. Introdução a Química Ambiental. - Química e meio ambiente e sociedade. 2ª ed., Editora O Locutor: Belo Horizonte-MG, 2002. SILVA, S. R.; MENDONÇA, A. S. F. Correlação entre DBO e DQO em esgotos domésticos para a região da grande Vitória – ES. Engenharia Sanitária e Ambiental. Vol. 8 – No 4, p. 213 – 220. 2003.