ÁREA: Ambiental

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DA DOSAGEM IDEAL DE SEMENTES DE Moringa oleifera LAM PARA SER USADA NA CLARIFICAÇÃO DA ÁGUA EM FUNÇÃO DA SAZONALIDADE DO RIO NEGRO-AM.

AUTORES: SARGENTINI, E.C.P. (INPA) ; SARGENTINI JUNIOR, E. (INPA) ; BOLSON, M.A. (INPA)

RESUMO: A Moringa oleifera Lam é um polímero natural que vem ganhando destaque no tratamento de água, pois atua como agente clarificante natural. O objetivo principal deste trabalho foi avaliar o potencial das sementes de Moringa oleifera Lam no processo de clarificação de água coletada no rio Negro em função da sazonalidade anual. Os ensaios foram realizados no “Jar Test”, onde se verificou a dosagem ideal para propiciar a remoção dos parâmetros estabelecidos de pH, condutividade, turbidez e cor, usando diferentes concentrações do biopolímero, sobre as variações de cor da água do rio Negro. Ficou definida que a dosagem mínima (ideal) para ser usada durante os diferentes períodos do ano no tratamento de água é de 2 g do pó de sementes de Moringa por litro de água com 4 horas de sedimentação.



PALAVRAS CHAVES: moringa, rio negro, coagulante natural

INTRODUÇÃO: O rio Negro no Amazonas é um dos maiores rios do mundo em volume de água, porém é altamente colorida em virtude das altas concentrações de substâncias húmicas tornando-a imprópria para o consumo humano. A presença de substâncias húmicas em mananciais de águas destinadas ao abastecimento tem ocasionado diversos problemas decorrentes da formação de subprodutos orgânicos quando há utilização do cloro nas etapas de desinfecção, dando origem aos trialometanos (DI BERNARDO & DANTAS, 2006). Os produtos que não são biodegradáveis, como é o caso do sulfato de alumínio usado nas Estações de Tratamento de Água, produz lodo e este pode disponibilizar íons solúveis que comprometem o ambiente e também pode ocasionar problemas à saúde humana (SAWAYA, 2006). Os moradores ribeirinhos da região de São Gabriel da Cachoeira-AM, consomem água coletada das chuvas, nascentes naturais, e na maioria das vezes é coletada diretamente do rio Negro sem passar por nenhum tipo de tratamento para eliminação dos microorganismos o que pode ocasionar problemas de saúde como pro exemplo a hepatite, o cólera, a febre tifóide, entre outras. O objetivo principal deste trabalho foi determinar a dosagem ideal de sementes de Moringa oleifera Lam, para ser usada como coagulante natural sobre as variações de cor da água do rio Negro influenciada pela sazonalidade, com a principal função de torná-la adequada ao consumo humano, obedecendo aos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria do Ministério da Saúde nº 518/2004, visando os menores custos, facilidade de operação, manutenção e gerando o menor impacto ambiental.

MATERIAL E MÉTODOS: A parte experimental dessa pesquisa foi realizada, no laboratório de Química Analítica Ambiental - MCT/INPA, onde foram feitos os ensaios de coagulação/floculação e determinação dos parâmetros necessários para se avaliar a clarificação da água coletada no rio Negro, utilizando como coagulante natural pó das sementes de Moringa.
A metodologia para a obtenção do coagulante a partir das sementes de M. oleifera, foi baseada nas metodologias apresentadas por NDABIGENGESERE & NARASIAH (1996), NDABIGENGESERE et. al. (1995), MUYIBI & OKUOFU (1995 a e 1995b) e MUYIBI & EVISON (1995), adaptadas para o presente estudo, eliminando a etapa de filtração da solução coagulante, a fim de tornar o processo mais simples e viável tecnicamente. As cascas das sementes foram facilmente removidas e após este processo foram maceradas com auxílio do cadinho/pistilo. As águas para análises foram coletadas na Cidade de Manaus - AM. O sítio de amostragem foi escolhido próximo ás margens do rio Negro, com a finalidade de aproximar ao máximo ao cotidiano dos moradores de comunidades ribeirinhas no processo de coleta das águas para o consumo. Após cada coleta foram feitas as análises físico-químicas para obtenção dos parâmetros determinados de cor, turbidez, pH e condutividade.
A metodologia usada para medição da qualidade da água foi executada de acordo com os métodos padronizados descritos na edição atualizada do “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater – 20th edition” (APHA, AWWA, WPCF-1995).Os parâmetros escolhidos fazer o monitoramento da água analisada foram: pH, condutividade elétrica, cor, turbidez e turbidez remanescente, os quais foram comparados com os valores estabelecidos na Portaria n.º 518/2004 do Ministério da Saúde.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: A portaria 518/2004 não considera importante a determinação da condutividade, por isso o mesmo é raramente monitorado nas estações de tratamento de água. Os valores de pH encontrados na água bruta foram abaixo de 6,0 o que é uma característica da região, devido a baixa quantidade de cálcio e magnésio nas formações geológicas da nascente do rio Negro, associados aos altos índices de matéria orgânica presente na água. Para o estudo de coagulação/floculação foi determinado o uso de 1, 2 e 3 g/L de água do pó das sementes de moringa.Os resultados podem ser vistos dos nas Figuras 1 e 2. Na Figura1 (a, b e c), visualizam-se os gráficos de turbidez em função dos tempos de coagulação com as variações de cor. Todos os resultados apresentados na Figura 1 (a, b e c), encontram-se dentro do padrão estabelecido na 518/2004 que é de 5 UT. A Figura 2 (a, b e c), mostra os resultados das determinações dos valores de cor, onde nos ensaios foram correlacionados os tempos decantação por dosagem de sementes Moringa. Na Figura 2 (a) mostra que com a adição de 1g do pó de sementes na água com concentração inicial de 91,56 e 164,34 uH, em 6 h de decantação ficaram dentro dos limites aceitáveis da 518/2004, sendo esta dosagem insuficiente para remover a cor, acima destes valores. Podemos observar em (b), que a redução da cor aumentou em função do aumento da dosagem de sementes de Moringa. Quando foi usado 2g do coagulante todos os resultados evidenciam que a partir de 4 h de decantação os valores permaneceram dentro dos padrões. No mesmo estudo quando foi usado 3g/L de sementes de Moringa, o tempo de sedimentação diminuiu para 2 h, removendo a cor da água analisada deixando-a dentro dos padrões de potabilidade da Portaria 518/2004, a qual estabelece o limite aceitável para cor igual a 15 uH.





CONCLUSÕES: A Moringa oleifera Lam apresentou-se eficiente na remoção de cor e turbidez, sendo considerada um processo promissor na etapa de clarificação de água coletada no rio Negro para ser usada por moradores das pequenas comunidades da Amazônia.A dosagem suficiente para o processo de clarificação foi de 2 g/L de sementes de Moringa, a partir de 4h de sedimentação ou de 3 g/L em 2 h de decantação, sendo que os valores obtidos estavam de acordo com os padrões de potabilidade, estabelecidos na Portaria 518/2004.Vale ressaltar que para fins potáveis deve-se acrescentar as etapas de filtração/desinfecçao.

AGRADECIMENTOS: A FUNASA e ao INPA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 518, de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26/03/2004.
NDABIGENGESERE A.; NARASIAH, S. K. Influence of operating parameters on turbidity removal by coagulation with Moringa oleifera seeds. Environmental Technology, v.17,p.1103-1112, 1996.
NDABIGENGESERE A.; NARASIAH, S. K; TALBOT B. G. Active agents and mechanism of coagulation of turbid waters using Moringa oleifera. Water Research, v.29, n.2, p.703-710, 1995.
MUYIBI, S. A. & OKUOFU, C. A. Coagulation of low turbitysurface waters with Moringa oleifera seeds. InternationalJournal of Environmental Studies , v.48, n.3/4, p.263-273, 1995.
SAWAYA, A. L. Desnutrição: conseqüências em longo prazo e efeitos da recuperação nutricional. Estudos Avançados. São Paulo. v. 20 no.58, 2006.