ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Levantamento etnobotânico e etnofarmacológico de plantas utilizadas como fitoterápicas na comunidade Bom Jesus em Imperatriz-MA

AUTORES: OLIVEIRA, A.R. (CESI-UEMA) ; NASCIMENTO,O.I. (CESI-UEMA) ; MORAIS,J. (CESI-UEMA) ; DIAS,N.L.V. (CESI-UEMA) ; SOUSA,S.M.V. (CESI-UEMA) ; NUNES,A.E.S. (CESI-UEMA) ; AZEVEDO,A.S. (CESI-UEMA) ; OLIVEIRA,A.R. (CESI-UEMA)

RESUMO: A falta de medicamentos para tratar doenças mais prevalentes que, por sua vez, poderiam ser evitadas com medidas simples leva grande parte da população a utilizar plantas medicinais. A presente pesquisa teve como objetivo traçar um perfil etnobotânico e etnofarmacológico de plantas utilizadas como fitoterápicas por moradores da Comunidade Bom Jesus em Imperatriz-Ma, pela necessidade de resgatar o conhecimento popular e cultural adquirido ao longo dos tempos. A coleta de dados foi realizada no período de janeiro a abril de 201, foram entrevistadas 65 famílias residentes da comunidade. Considerando os resultados obtidos observou-se que os entrevistados utilizam as plantas medicinais para o tratamento de diversas enfermidades, devido à confiança nesses fitoterápicos.

PALAVRAS CHAVES: levantamento etnobotânico, fitoterápicos e plantas medicinais

INTRODUÇÃO: A utilização de plantas para o tratamento da saúde teve seu registro em diferentes épocas, e permanece até os dias de hoje fazendo parte da cultura de diferentes comunidades populacionais (MARONDIN, 2001).
A medicina popular vem oferecendo uma contribuição cada vez maior às ciências do homem, devido a uma gama de conhecimentos e práticas médicas de caráter empírico, influenciadas pelo contexto sócio-cultural, econômico e físico, no qual, encontram-se inseridos (CAMARGO, 1976).
A abordagem ao estudo de plantas medicinais a partir de seu emprego por sociedades tradicionais, de tradição oral, pode contribuir com muitas informações úteis para a elaboração de estudos farmacológicos, fotoquímicos e agronômicos sobre essas plantas, com grande economia de tempo dinheiro. Ela permite planejar a pesquisa a partir de um conhecimento empírico já existente e muitas vezes consagrado pelo uso contínuo, que devera então ser testada em bases cientificas (AMOROZO, 2001).
A etnobotânica analisa, estuda e interpreta a história e a relação das plantas nas sociedades antigas e atuais, abordando as formas como diferentes grupos humanos interagem com a vegetação (PRANCE, 1987). No Brasil e em outros países, a intensificação dos trabalhos etnobotânico leva ao conhecimento das espécies que são utilizadas, podendo servir como instrumento para delinear estratégias de utilização e conservação das espécies nativas e seus potenciais (MING, 2009).
Objetivou-se neste estudo realizar um levantamento etnobotânico das espécies vegetais utilizadas pela comunidade como medicinais, juntamente com a identificação taxonômica das plantas. Resgatar o saber popular e cultural adquirido ao longo dos tempos, gerado subsídios e informações em beneficio da população.



MATERIAL E MÉTODOS: Área de estudo
A pesquisa foi desenvolvida no Município de Imperatriz-MA na comunidade Bom Jesus.


Período de Estudo

A coleta de dados foi realizada no período de janeiro a abril de 2011, contando com a colaboração de 65 famílias residentes na comunidade. A faixa etária dos entrevistados variou de 15 a 76 anos, dentre estes, 22 eram do sexo masculino e 43 do sexo feminino.
Durante as entrevistas foram registradas todas as informações relatadas pelos entrevistados, baseando-se em questionários semi-estruturados a cerca do modo de uso, preparo, parte do vegetal utilizada, forma de aprendizagem e aquisição das plantas. De acordo com Albuquerque, (2002), para uma pesquisa de qualidade em etnobotânica, além de informações referentes aos usos de plantas é importante salientar o registro de como são feitos esses usos e quais as partes dos vegetais utilizados pelo os mesmos.
Preparação das exsicatas
Para identificação das espécies foram feitas exsicatas sendo em seguida prensadas e depositada no Herbário da Universidade Estadual do Maranhão (CESI-UEMA), para comparações com materiais já identificados e por especialistas na área. Os nomes das espécies e seus autores foram confirmados e atualizados por bibliografias específicas. Realizou-se a coleta somente de espécies informadas pela comunidade para devidos fins medicinais


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com base no a realização de levantamento etnobotânico das espécies utilizadas como fitoterápico na comunidade de Bom Jesus constatou-se que 92% dos entrevistados faz uso de plantas medicinais. (Figura1). No qual seu cultivo se dá em suas próprias residências servindo como rede de transmissão do conhecimento tradicional para as demais faixas etárias proporcionado a continuidade do saber, ocorrendo o mesmo em diversas regiões do país conforme afirma ALBUQUERQUE e ANDRADE (2002).
Das espécies indicadas as partes mais utilizadas foram as folhas seguida de raízes, cascas e frutos (Tabela 2). Tradicionalmente as folhas são mais utilizadas como propriedade medicinal provavelmente devido uma maior facilidade de coleta e por estar presente na planta, durante a maior parte do ano. O uso desta parte do vegetal apresenta menos risco para a planta uma vez que não impede sua capacidade regenerativa e reprodução, resultado semelhante foi observado por (MARODIN; BAPTISTA, 2001 e PAULA, 2000). A maioria das plantas é associada a enfermidades do aparelho respiratório e digestivo o mesmo foi verificado por (SANTOS e LIMA, 2009).
Mediante os dados obtidos foi elaborada uma tabela, registrando as características das plantas, sendo estas catalogadas, coletadas e identificadas, de acordo com a classificação taxonômica (família, gênero e espécie), nome popular, a indicação terapêutica, modo de utilização e partes utilizadas das mesmas pelos moradores do povoado com base no saber popular. (Tabela 1).
A utilização das plantas pela comunidade de Bom Jesus está de acordo com as propriedades medicinais que lhe são atribuídas na bibliografia consultada sendo que as maiorias já tiveram suas propriedades farmacológicas avaliadas quanto a sua utilização como medicamento.






CONCLUSÕES: Acredita-se que essa pesquisa foi de fundamental importância para o resgate etnobotânico da comunidade Bom Jesus em Imperatriz- MA, possibilitando a verificação das plantas medicinais de maior interesse utilizados pelos os moradores, além subsidiar trabalhos sobre uso sustentável da biodiversidade rica em espécies de plantas medicinais. Foram mencionadas diferentes espécies vegetais utilizadas na medicina caseira, distribuídas em 14 famílias. A interação entre os moradores possibilita a troca de informação resgatando o saber popular aliada ao conhecimento cientifico.



AGRADECIMENTOS: Agradeço a Deus, minha família, a comunidade de Bom Jesus, a UEMA e FAPEMA, aos colegas do Laboratório FMA, e as professoras Vera Lúcia, Ivaneide e Sheila Elke.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALBUQUERQUE, U. P., ANDRADE, L. H. C. Uso de recursos vegetais da caatinga: o caso do agreste do Estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil). Interciência. 2002
AMOROSO, M.C.M. Uso e diversidade de plantas medicinais em Santo Antonio do Leverger-MT, Brasil, Acta. Botanica Brasileira, Mato Grosso, 2001.
CAMARGO, M.T.L.. A medicina popular. Rio de Janeiro: Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, 46p., 1976.

PRANCE, G. T. Quantitative ethnobotany and Amazonian conservation. Conservation Biology. 1987. 8: 225-228.

MARODIN,S.M.; BAPTISTA, L.R.M. O uso de plantas com fins medicinais no município de Dom Pedro de Alcantara, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais , Botucatu, v. 4, n. 1, 2001.

MING, L.C. A Etnobotânica na recuperação do conhecimento popular. Departamento de Produção Vegetal. Faculdade de Ciências Agronômicas. UNESP, 2009. Disponível em: hhp://WWW.winbr.com/abc/medicina.htm>. Acesso em: 20 de agosto de 2010.

SILVA ,A.F. Levantamento do uso de plantas medicinais na população do centro urbano e zona rural denominada Lagoa dos Martins no município de Piumhi – MG. Lavras, UFLA,2003.60p. (Monografia de conclusão de curso de pós-graduação Lato Senso em gestão e manejo ambiental de sistemas agroflorestais).