ÁREA: Ambiental

TÍTULO: ATIVIDADE BIOLÓGICA E SÍNTESE DE ACETATO DE COBRE (II) E FERRO (III) PARA O CONTROLE DE Aedes aegypti (DIPTERA: CULICIDAE).

AUTORES: NARDELI, J. V. (UFGD) ; INGLEZ, S. D (UFGD) ; FONSECA, G. G (UFGD) ; CARVALHO, C. T (UFGD) ; ARRUDA, E. J (UFGD)

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo a síntese de acetatos de Cu2+ e Fe3+ e aplicação contra larvas de Aedes aegypti e bactérias Gram negativo e Gram positivo. Os íons metálicos Cu2+ e Fe3+ possuem atividade bactericida e são tóxicos para larvas de Aedes aegypti nos estágios de ovos e larvais iniciais, inviabilizam a eclosão dos ovos e retardam o ciclo reprodutivo do inseto. Nessa pesquisa estuda-se a potencialidade dos complexos quanto ao transporte e internalização celular dos íons tóxicos no sistema digestório do mosquito. Sabe-se que a atividade inseticida ou bactericida é devido aos íons metálicos Cu2+ e/ou Fe3+.

PALAVRAS CHAVES: aedes aegypti , acetatos, larvicida.

INTRODUÇÃO: A Dengue é doença infecciosa virótica e, atualmente, de maior ocorrência nos seres humanos (WHO, 2009). Os mosquitos são insetos eficazes na sucção de sangue do indivíduo contaminado pelo vírus e, pode propagá-lo para outro indivíduo (FANG, J, 2010). Sabe-se que não se pode erradicar o inseto vetor, pois o nicho biológico seria preenchido por outra espécie, talvez, até mais competente para a propagação do vírus e doença. Neste trabalho buscou-se investigar ativos inseticidas não convencionais que possam controlar a população do inseto a partir das formas imaturas e alterar/retardar o ciclo reprodutivo com vistas ao controle da doença. O trabalho investigou a preparação e toxidade dos acetatos básicos de Cu+2 e Fe+3 para o Ae. aegypti nos estágios de ovos e larvas.

MATERIAL E MÉTODOS: Os complexos de acetatos de ferro e cobre foram preparados por adição do ácido acético nos carbonatos de ferro e cobre (CARVALHO, C. T et al, 2010).
Os antibiogramas foram realizados com acetatos de ferro e cobre com concentrações de 10-1 a 10-4 mol L-1 contra bactérias Gram(-) e Gram(+) por metodologias estabelecidas (NATIONAL COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS, 1993).
Os bioensaios de toxicidade foram realizados por metodologia descrita na literatura e estabelecida pela OMS com modificações para larvas de 3o instar de Ae. aegypti cepa Rockfeller. Os resultados experimentais da mortalidade foram tratados estatisticamente utilizando o programa probit (WHO, 1981).


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados experimentais mostraram que o acetato de cobre pode inviabilizar e/ou impedir a eclosão dos ovos a partir da disponibilidade do íon cobre em solução. A mortalidade das larvas ocorrem pela destruição da matriz peritrófica provocado pelo íon cobre. Portanto, a função do complexo metálico é potencializar a entrada do íon metálico no sistema digestório das larvas de Ae. aegypti causando danos celulares por reações de estresse oxidativo nas células
A imposição dessas condições desfavoráveis altera a dinâmica reprodutiva e, permite uma estratégia adicional ao controle populacional do inseto. Os antibiogramas realizados para análise da susceptibilidade das bactérias E. coli e S. aureus em soluções diluídas com concentrações de acetato de cobre no intervalo de 10-1 a 10-4 mol L-1 são mostrados na Figura 1. Os halos de inibição para bactérias E. coli(-) e S. aureus(+) são indicados através dos diâmetros de inibição versus concentração do acetato.
Os bioensaios de toxicidade com larvas de 3º instar de Ae. aegypti mostraram que o acetato de cobre, possui CL50 de 28,52 mg.L-1 com intervalo de confiança de 23,91 < CL50 < 36,73. O acetato de ferro (III) não demonstrou atividade larvicida até 1000 mg l-1, mas possui atividade bactericida. O acetato de ferro (III) não possui atividade larvicida nas condições utilizadas. Porém, pelos resultados biológicos este pode ser utilizado para interferir negativamente no processo de reprodução do Ae. aegypti e de espécies aquáticas nos criadouros agindo no controle da cadeia alimentar das larvas.




CONCLUSÕES: O acetato de cobre possui atividade larvicida para larvas de Ae. aegypti e bactericida para bactérias Gram(+) e Gram(–). Nas concentrações de controle de larvas de 3o instar de Ae. aegypti e microrganismos da cadeia alimentar nos criadouros. O acetato de ferro (III) não é larvicida, entretanto, possui atividade bactericida podendo ser utilizado no controle da cadeia alimentar do mosquito. Outros estudos devem ser realizados para melhor compreensão dos mecanismos envolvidos na toxicidade por íons metálicos e/ou complexos metálicos no controle de vetores e possibilitando com esses estudos prévios a redução dos impactos ao ser humano e ao meio ambiente.

AGRADECIMENTOS: UFGD, UNESP, CNPq, FUNDECT.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CARVALHO, C. T et al. Synthesis, characterization and thermal behaviour of solid-state compounds of 2-methoxybenzoate with some bivalent transition metal ions. Eclética, v. 30, p. 19-26, 2005.

FANG, J. A world without mosquitoes. Nature. Washington-DC, p.433-434, 2010.

NATIONAL COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS - NCCLS. 1993. Methods for dilution antimicrobial susceptibility tests for bacteria that grow aerobically. Approved standard M7-A3, 2nd ed. National Committee for Clinical Laboratory Standards, Villanova, Pa.

WHO - World Health Organization. Instructions for determining the susceptibility or resistance of mosquito larvae to insecticides: WHO-VBC 81.807. p. 1-6, 1981.

WHO. Dengue guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control. (2009). World Health Organization. WHO/HTM/NTD/DEN/2009.