ÁREA: Ambiental

TÍTULO: ESTUDO PHALLOCEROS CAUDIMACULATUS (GUARUZINHU, BARRIGUDINHO) COMO BIOINDICADOR DA CONTAMINAÇÃO POR CROMO

AUTORES: PEREIRA, F.O. (IFSUL-PELOTA) ; FONSECA, V. K. (IFSUL-PELOTA) ; SANCHES FILHO, P. J. (IFSUL-PELOTA)

RESUMO: Neste estudo foi avaliado o peixe Phalloceros caudimaculatus como bioindicador dos impactos ambientais decorrentes da poluição por Cromo. Foi investigado o fenômeno bioacumalação e da toxicidade aguda para encontrar o valor da CL50 96h, do espécime em estudo. Para o teste de bioacumulação e para o de toxicidade foi empregado o dicromato de potássio. No experimento da bioindicação, foram utilizados 3 aquários com 75 peixes, 1 aquário padrão e 2 com concentração de contaminantes acima dos padrões de potabilidade definido pela Portaria 1.469 do Ministério da Saúde. O espécime se mostrou resistente e adequado ao fenômeno da bioacumulação, fatores como concentração e tempo de confinamento foram importantes levando ao um enriquecimento dos metais nos indivíduos, nos ensaios de toxicidade aguda

PALAVRAS CHAVES: phalloceros caudimaculatus, bioindicação, cromo

INTRODUÇÃO: Ensaios com substâncias tóxicas presentes na água ou em sedimentos podem ser realizados em condições laboratoriais com o uso de vários tipos de animais como, anfíbios, moluscos e peixes, os quais servirão como bioindicadores da poluição do meio aquático (MINISSI; CICCOTTI; RIZZONI, 1996).
Para este propósito, os mais adequados são os peixes, pois sofrem bioacumulação, respondem a agentes mutagênicos em baixas concentrações (GOKSOYR et al., 1991; ABNT, 2003b e ABNT, 2004c).
No entanto, deve-se ressaltar que devido à variedade de possíveis efeitos de um xenobiótico, um teste isolado não é suficiente para avaliar a atuação deste sobre um ser vivo. (RABELLO-GAY; RODRIGUES; MONTELEONE-NETO, 1991 e FRENZILLI; NIGRO; LYONS, 2008).
Portanto, a utilização de animais como bioindicadores é extremamente útil, especialmente para a avaliação de impactos ambientais por poluentes em biota aquática (IBAMA, 1987). Os bioindicadores são definidos como qualquer resposta a um contaminante ambiental ao nível individual, medidos no organismo ou matriz biológica, indicando um desvio do status normal que não pode ser detectado no organismo intacto, ou seja, são medidas de fluidos corporais, células, tecidos ou medidas realizadas sobre o organismo completo, que indicam, em termos bioquímicos, celulares, fisiológicos, compartimentais ou energéticos, a presença de substâncias contaminantes ou a magnitude da resposta do organismo alvo
Este trabalho tem por escopo o estudo de uma espécie amplamente distribuída em diferentes ambientes aquáticos e bastante resistentes, o barrigudinho (Phalloceros caudimaculatus) como bioindicador da contaminação por cromo


MATERIAL E MÉTODOS: Os experimentos foram realizados com o peixe Phalloceros caudimaculatus . Os peixes foram coletados na cidade de Pelotas RS . No laboratório de análise de contaminantes ambientais (LACA - IFSUL)os peixes foram confinados em aquários de 30L, conforme as recomendações do IBAMA (1987) com oxigenação, e temperatura de 27ºC e pH entre 8,0~5,0, para sua adaptação e procriação. Os testes de toxicidade aguda foram realizados em triplicata, com dicromato de potássio, em ambiente estático, sem substituição e sinfonagem da água, com duração de 96 horas e sem alimentação (ABNT, 1993). Para esses testes, os foram separados em 6 grupos, com 8 indivíduos em recipiente com capacidade de 4 L .Um grupo padrão, sem contaminante, e 5 grupos com concentrações crescente de 50 mg L-1a 300 mg L-1 de dicromato de potássio
Os peixes ficaram 24 horas em adaptação em águas com dureza total de 40 mg L-1 de CaCO3, oxigênio dissolvido entre 7,5 e 7,0, pH entre 7,10 e 6,90 e condutividade de 165,5 a 181,2 µs cm-1 (GEORGETTI, 2010). Após essa adaptação os recipientes foram contaminados e passaram por 96 horas em teste. Foram controlados dureza, oxigênio, dissolvido, pH, condutividade e temperatura. A cada 24 horas, os indivíduos mortos eram quantificados e retirados do recipiente. Para a análise estatística da CL50 foi utilizado o "Método Behrens-Karber" KLASSEN (1991).
Para a avaliação da bioacumulação foram utilizados 3 aquários com cerca de 25 corpos testes em cada aquário, um aquário padrão (P) e dois aquários (1 e 2) com contaminação em cromo acima dos padrões de potabilidade definidos pela Portaria 518/04, do Ministério da Saúde (0,05 mg L-1 de Cr). Aquário 1, 0,09 mg L-1 confinados em 3 meses. Aquário 2 com 0,51 mg L-1 de Cr confinados 1 mês e 15 dias em ambiente contaminado

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os testes de toxicidade aguda foram feitos em triplicata, obtendo a CL50 96h média no guaruzinhu foi de 164,58±13,3% mg/l de dicromato de.potássio No recipiente padrão não houve mortalidade. No recipiente com concentração de 50 mg L-1 a mortalidade variou entre 0,0 % e 37,5 % dos indivíduos. Em 100 mg L-1 a mortalidade alterou entre 25,0 % e 50,0 %. Em 150 mg L-1 variou entre 37,5 % e 50,0 %; em 200 mg L-1 variou-se entre 50,0 % e 62,5 % e no de 300 mg L-1 obteve uma mortalidade de 100% dos indivíduos em exposição. Os resultados obtidos nos testes foram similar ao alcançado no CRUZ (2008). Comparando aos resultados foram bem superiores ao espécime em estudo no ASHISH (2008).
Os parâmetros das águas se mostraram homogêneos nos testes, onde o oxigênio dissolvido variou-se entre 7,5 e 5,3, o oxigênio dissolvido foi decrescendo com o passar das 96 horas.. A dureza foi analisada antes da adaptação dos peixes na água descontaminada e após as 96h em águas contaminadas, variando entre 40 e 45 mg L-1 CaCO3 , o pH variou entre 5,10 à 7,50, a condutância da água alternou entre os valores de 220,4 a 260,1 μs cm-1. Os peixes que foram expostos as maiores concentrações mostraram mudanças comportamentais como, o nado desequilibrado, próximo à superfície e batimento opercular elevado.
Os resultados para ensaio da bioacumulação, indicaram a capacidade do Phalloceros caudimaculatus, de absorver e acumular o metal, O valores para os peixes confinados nos aquário P (sem Contaminação) 1 e 2 (contaminados) foram respectivamente 2,4±0,49 mg kg-1, 7,8±1,4 mg kg-1 e 32,0±7,1 mg kg-1 de cromo.


CONCLUSÕES: Por conseguinte, a partir do bom embasamento teórico e metodológico desse estudo, e a multiplicidade dos testes é conclusivo afirmar que o desenvolvimento das experiências com os peixes Phalloceros caudimaculatus alcançou um excelente desempenho e resultados conclusivos, considerando importante a utilização destes corpos teste como bioindicador de contaminação, mostrando-se um espécime adequado para o fenômeno da bioacumulação e sendo excelente para resistência no teste de toxicidade aguda.

AGRADECIMENTOS: Ao PIBIT da CNPq pelo auxilio financeiro. A coordenadoria de química do IFSul pelas instalações e ao GPCA pelo equipamento e todo apoio necessário para a realiz

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – (2003b) Projeto 00:001.44-001 – Ecotoxicologia aquática – Toxicidade aguda – Método de ensaio com peixes. Rio de Janeiro, 15p.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – (2004c) Ecotoxicologia aquática – Toxicidade aguda – Método de ensaio com Daphnia spp (Cladocera, Crustacea). Rio de Janeiro, 17p.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – (1993) NBR 12715 – Água, Ensaio de Toxicidade Aguda com Peixes. Parte I – Sistema Estático. Rio de Janeiro.

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CRUZ C. DA, P. CUBO, GOMES G. R., VENTURINI F. P., GUILHERME P. E. & PITELLI R. A. 2008. Sensibilidade de Peixes Neotropicais ao Dicromato de Potássio. J. Braz. Soc. Ecotoxicol., v. 3, n. 1, 2008, 53-55 p.

DURAL, M.; Göksu, M.Z.L. & Özak, A.A. 2007. Investigation of heavy metal levels in economically important fish species captured from the Tuzla lagoon. Food Chemistry. 102: 415-421.

FRENZILI, G.; NIGRO, M.; LYONS, B. P. (2008). The Comet Assay for the
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IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Brasil, Ministério do Meio Ambiente. Avaliação da toxicidade aguda para Daphnia similis. In: Manual de testes para avaliação da ecotoxicidade de agentes químicos. Brasília, 14p., 1987.

IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Brasil, Ministério do Meio Ambiente. Avaliação da toxicidade aguda para peixes. In: Manual de testes para avaliação da ecotoxicidade de agentes químicos. Brasília, p.20-32, 1987.

KLASSEN, C.D., 1991. Principles of toxicology. In: Gilman, A.G., Tall, T.W., Nies, A.S., Taylor, P. (Eds.), Pharmacological Basis of Therapeutics, 8th ed. McGraw Hill, pp. 49–61.

MINISSI, S.; CICCOTTI, E.; RIZZONI, M. (1996). Micronucleus Test in Erythrocytes of Barbus plebejus (Teleostei, Pisces) from Two Natural Enviroments: a Bioassay for the in Situ Detection of Mutagens in Freshwater. Mutation Research – Genetic Toxicology. v. 367, p. 245-251.

MINISTÉRIO DA SAÚDE Portaria nº 1.469, de 29 de dezembro de 2000. (Republicada no DO nº 38 - E de 22/2/2001, Seção 1, pág. 39)

RABELLO-GAY, M. N.; RODRIGUES, M. A. R.; MONTELEONE-NETO, R. (Ed.). (1991). Mutagênese Teratogênese e Carcinogênese: métodos e critérios de avaliação. Ribeirão Preto: Revista Brasileira de Genética.