ÁREA: Ambiental

TÍTULO: ANÁLISE MULTIVARIADA APLICADA NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS AMAZÔNICAS

AUTORES: PEREIRA, J. S. (UFPA) ; SILVA, C. S. (IFPA) ; PEREIRA, S. F. P. (UFPA) ; MORAES, W. N. (IFPA) ; MORAES, S. H. S. (UFPA) ; PONTES, R. G. (UFPA) ; BITTENCOURT. J. A. (UFPA) ; NASCIMENTO, K. M. (UFPA) ; OLIVEIRA, M. S. (UFPA) ; SANTOS, L. P. (UFPA)

RESUMO: No presente trabalho foi realizada a avaliação da qualidade das águas superficiais da Baia do Guajará-PA, através do monitoramento dos parâmetros físico-químicos: OD, pH, Turbidez, sólidos Totais Dissolvidos, Salinidade, Cloreto, Clorofila e Temperatura em dez amostras coletadas em pontos georeferenciados. Para avaliação dos resultados foi utilizada a resolução 357/2005 do CONAMA e aplicada à análise multivariada dos dados. Os resultados obtidos mostraram-se em conformidade com o que preconiza a legislação vigente, sugerindo a necessidade de novos estudos sazonais para obtenção de resultados mais conclusivos considerando o elevado aporte de águas residuárias domésticas e industriais carreadas para a baia do Guajará.

PALAVRAS CHAVES: baia do guajará, águas superficiais, parâmetros físico-químicos

INTRODUÇÃO: A baia do Guajará é formada pelas confluências dos rios Guamá e Acará (PEREIRA, 2001). Ela faz parte do estuário Amazônico e prolonga-se até próximo à ilha de Mosqueiro, onde se limita com a baia do Marajó. Numerosas ilhas e canais compõem a baia dando destaque na sua margem esquerda para as Ilhas das Onças, Jararaca, Mirim, Paquetá-Açu e Jutuba. Na sua margem direita localiza-se a cidade de Belém e mais ao Norte, separadas pelos furos do Maguary e das Marinhas, as ilhas do Outeiro e Mosqueiro, respectivamente (PINHEIRO, 1987). Várias bacias hidrográficas sofrem influência da baia do Guajará dentre elas destacam-se as bacias Tamandaré, Comércio Reduto, Armas, Una, Val-de-cães, Cajé, Tapanã e do Paracuri (BELÉM, 1997).
Faz parte do estuário Amazônico e é o acidente geográfico que mais sofre com a influência urbana e com a intrusão de águas oceânicas, apresenta grandes variações espaciais de suas características físico-químicas como temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, turbidez, pH, etc., um vetor de cargas originárias da poluição urbana causada pela ação antrópica, tendo contribuição tanto das atividades domésicas como industriais.
O aumento populacional e a intensiva atividade antropogênica que se realizam a sua volta frequentemente afetam a qualidade da água e as comunidades que se utilizam dele. As principais fontes de poluição estão relacionadas com: I) organismos patogênicos, matéria orgânica e nutriente em excesso causada por despejos municipais (doméstico e industrial); II) metais pesados, óleo e substâncias tóxicas, que são resíduos de indústrias, portos, marinas e navegação; III) grande quantidade de sedimentos, provenientes de rios associados com desmatamento das florestas, pavimentação, construção e obras portuárias (MIRANDA et al. 2002).

MATERIAL E MÉTODOS: A baía do Guajará enquadra-se dentro dos paralelos 1°10' Latitude S e 1°30' Latitude S e dos meridianos 48°25' Longitude W e 48°35' Longitude W, distante aproximadamente 95 km do Oceano Atlântico. Para realização deste Trabalho foram pré-estabelecidos 10 (dez) pontos de coleta, todos georeferenciados. As análises físico-químicas das amostras de água foram realizadas in loco usando Sonda Multiparâmetros – Fabricante YSI – Hexis do Brasil – Modelo 6600 – que avaliou o OD, pH, Turbidez, TDS, Salinidade, Cloreto, Clorofila e Temperatura, calibrados com soluções padrão certificadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados dos parâmetros físico-químicos estão descritos na tabela 01. Os resultados obtidos estão em conformidade com a resolução 357/2005 do CONAMA, excetuando-se OD e pH no ponto P6 (ponte sobre o rio Murucupí, Barcarena-PA), que apresentaram resultado abaixo da média e abaixo do preconizado pela legislação. O resultado obtido para OD indica possivelmente interferência da ação antrópica, considerando que o referido rio, recebe rejeitos domésticos da área urbana em seu entorno e margeia uma grande área industrial, o que pode está influenciando na qualidade da água. Ainda no ponto P6 o pH abaixo do estabelecido pela legislação pode ser explicado pela grande quantidade de matéria orgânica em decomposição que leva a formação de sulfetos e outros ácidos orgânicos que podem explicar a acidez determinada no ponto de coleta, enquanto que na baia do Guajará os valores de pH mais elevados podem ser justificados pela intrusão das águas oceânicas que elevam o pH das águas dos rios que deságuam na baia.
A análise multivariada apresentou a formação de dois grupos bem distintos, pH, OD, Temperatura, havendo uma correlação entre as duas primeiras variáveis de 0,982 com uma significando de 95%, mostrando o oxigênio dissolvido está diretamente relacionado com o pH, em decorrência da ação do oxigênio agir como oxidante da decomposição da matéria orgânica, levando a formação de ácidos orgânicos e outros compostos químicos determinantes para a acidez no corpo d’água estudado, onde a temperatura é um fator determinante para a velocidade das reações químicas envolvidas nesse processo químico. Observa-se também a formação de outro grupo: condutividade, TDS, Cl-, clorofila, turbidez e salinidade que contribuem diretamente para as características químicas da água (Figura 01)





CONCLUSÕES: Os resultados obtidos estão em conformidade com a resolução 357/2005 do CONAMA, excetuando-se OD e pH no ponto P6 (ponte sobre o rio Murucupí, Barcarena-PA), que apresentaram resultado abaixo da média e abaixo do preconizado pela legislação. A ação das águas oceânicas pode esta agindo como agente depurador da Baía do Guajará, logo estudos sazonais são necessários para obter dados mais precisos que possibilitem um parecer mais conclusivo.

AGRADECIMENTOS: Ao Laboratório de Química Analítica e Ambiental (LAQUANAM) da Universidade Federal do Pará.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BELÉM está consumindo água sem flúor. O Liberal: Cad. Atualidades. 15 de nov. 1997. p. 6.

MIRANDA, Luiz Bruner de; CASTRO, Belmiro Mendes de; KJERFVE, Bjorn. Princípios de Oceanografia Física de Estuários. São Paulo: Edusp, 2002. 411 p.

NASCIMENTO, F.S. Dinâmica da distribuição dos poluentes metálicos e orgânicos nos sedimentos de fundo dos canais de drenagem de Belém-PA. 1995. 127f. Dissertação (Mestrado em Geoquímica), Universidade Federal do Pará. Centro de Geociências, Belém, 1995.

PEREIRA, Kátia Regina Brito. Caracterização geoquímica de sedimentos de fundo da orla de Belém – Pará. 2001. 91 f. Dissertação (Mestrado em geologia e Geoquímica) - Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará. Belém, 2001.

PINHEIRO, Roberto Vizeu Lima. Estudo Hidrodinâmico Sedimentológico do Estuário Guajará – Belém (PA). 1987. 176 f. Dissertação (Mestrado em Geologia e geoquímica) - Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará. Belém, 1987.