ÁREA: Ambiental

TÍTULO: A MONITORAÇÃO RADIOLÓGICA AMBIENTAL DA CENTRAL NUCLEAR ALMIRANTE ÁLVARO ALBERTO

AUTORES: CARDOSO, S.N.M. (ELETRONUCLEA) ; TAVARES, P.G. (ELETRONUCLEA) ; BARBOZA, E. (ELETRONUCLEA)

RESUMO: A monitoração radiológica do meio ambiente ao redor da Central Nuclear objetiva verificar a ocorrência de possíveis impactos causados pela operação das usinas. O Programa de Monitoração Ambiental Radiológico foi implementado para atender às exigências de licenciamento das usinas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. Este programa estabelece os tipos de amostras, os pontos e as freqüências das coletas e as análises radiométricas que são realizadas para detectar a presença de radionuclídeos artificiais. Os resultados obtidos são comparados com aqueles observados no período pré-operacional realizado entre 1978 e 1982, antes de Angra 1 entrar em operação. Os resultados mostram que até hoje não foi detectada nenhuma mudança significativa no meio ambiente, causada pela operação das usinas.

PALAVRAS CHAVES: meio ambiente, radioatividade, monitoração

INTRODUÇÃO: A Central Nuclear de Angra (CNAAA), localizada no município de Angra dos Reis ao sul do Estado do Rio de Janeiro, é constituída por 3 unidades do tipo PWR: Angra 1 – de 640 MW de potência, projeto Westinghouse (EUA), em operação comercial desde 1985; Angra 2 – de 1.350 MW de potência, projeto Siemens/KWU (Alemanha), em operação comercial desde 2001; Angra 3 – usina idêntica à Angra 2, em construção, com previsão de entrada em operação em 2014 [1,2].
O Laboratório de Monitoração Ambiental (LMA), localizado a 12 km da CNAAA, tem como objetivo monitorar a área sob influência da operação da CNAAA, compreendida pelos municípios de Angra dos Reis e Paraty.
A monitoração ambiental radiológica é realizada através do Programa de Monitoração Ambiental Radiológico Operacional (PMARO)[3], que foi implementado para atender às exigências de licenciamento da CNEN[4,5] e estabelece quais os tipos de amostras são coletadas, os pontos e a frequência de coleta e as análises radiométricas que são realizadas, para se determinar a presença de radionuclídeos artificiais nestas matrizes.
Do final dos anos 70 até o início dos anos 80, foi realizado um levantamento de informações ambientais no entorno da CNAAA. Esse estudo, denominado Pré-Operacional, teve como objetivo gerar um diagnóstico da região permitindo que fosse estabelecido o back-ground radiológico, uma vez que radionuclídeos artificiais não são exclusividade de uma usina nuclear. Os radionuclídeos encontrados neste levantamento eram provenientes dos testes atômicos realizados pelas grandes potências mundiais no anos 60 e 70, que “contaminaram” a natureza[6]. Este fenômeno chama-se “fall out”.
Os resultados do programa são comparados com os valores obtidos no período pré-operacional e são enviados aos órgãos fiscalizadores.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras e os pontos de coleta foram definidos para serem representativos dos caminhos críticos da radiação ao homem, caso ocorra um acidente com liberação líquida ou gasosa.
A monitoração consiste em medições diretas de radiação no ambiente, através a utilização de dosímetros termoluminescentes (DTL) instalados em 41 pontos entre Angra dos Reis e Paraty, além da análise radiométrica de diversas matrizes ambientais de origem marinha (água de mar, peixes, algas, sedimentos e areia de praia), terrestre (leite, pasto, banana, solo, água de superfície, água e sedimento de rio e água subterrânea) e aérea (ar e água de chuva), nas quais os radionuclídeos artificiais formados dentro do reator, como resultado da reação de fissão (produtos de fissão) podem ser liberados acidentalmente para o meio ambiente.
As amostras após serem coletadas, são levadas ao LMA para serem preparadas e analisadas. As amostras de água são filtradas e aciduladas com HNO3, peixes, algas, banana e pasto são pesadas e calcinadas à 400oC para virarem cinzas e areia de praia, sedimentos e solo são pesadas e secas à 110oC. As amostras acima além dos filtros de ar (filtros de carvão ativado e de papel), são analisadas radiometricamente por espectrometria gama e cintilação líquida, para a determinação das atividades dos radionuclídeos presentes. As amostras de leite são analisadas “in natura” e posteriormente para I-131 e Sr-89/90 após separações radioquímicas destes elementos. As águas são analisadas para H-3 (trítio) também[7,8].

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O LMA realiza a monitoração ambiental da área sob influência da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto desde 1978, antes portanto do início da operação da Usina Nuclear de Angra 1, em 1982, em cumprimento às exigências de licenciamento das unidades 1 e 2.
Durante todo o período operacional das usinas Angra 1 e Angra 2, nenhum impacto significativo foi detectado no meio ambiente a nível radiológico, quando comparado ao pré-operacional.
As Figuras 1 e 2 apresentam os gráficos de Cs-137 em leite e em sedimentos marinhos respectivamente. Pode-se observar que, ao longo destes anos de monitoração, os resultados obtidos apresentam uma leve tendência de queda devido ao tempo de meia-vida dos radionuclídeos analisados (Cs-137 – 30 anos, Sr-90 – 28 anos, etc...). O mesmo tipo de gráfico pode ser observado em outras matrizes e outros radionuclídeos, o que significa que a operação das usinas não impactam o meio ambiente. Os valores encontrados são muito inferiores aos estabelecidos por normas internacionais[9,10].





CONCLUSÕES: Pelo trabalho de monitoração realizado pelo Laboratório de Monitoração Ambiental, pode-se concluir que uma usina nuclear não causa nenhum impacto significativo no meio ambiente.
Os valores e as observações obtidos atualmente, quando comparados ao período pré-operacional, comprovam que não houve nenhum impacto significativo ao meio ambiente causado pela operação das duas usinas.
É esperado que, com a entrada em operação da Usina Nuclear de Angra 3, não haja nenhuma mudança no meio ambiente e que ele continue da mesma forma que se encontra hoje.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos aos colegas do Laboratório de Monitoração Ambiental pelo trabalho de monitoração e esforço diário para cumprir nossa missão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. ELETRONUCLEAR S.A. – “Final Safety Analysis Report (FSAR) – Angra 1” – Cap.11.6 – Revisão 35 – 2010.

2. ELETRONUCLEAR S.A. – “Final Safety Analysis Report (FSAR) – Angra 2” – Cap.11.6 – Revisão 11 – 2010.

3. ELETRONUCLEAR S.A. – “Programa de Monitoração Ambiental Radiológico Operacional (PMARO)” – Revisão 09 – 2010.

4. COMISSÃO NACIONAL DE ENRGIA NUCLEAR (CNEN) – Norma CNEN-NN-3.01 – “Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica” – Janeiro 2005.

5. COMISSÃO NACIONAL DE ENRGIA NUCLEAR (CNEN) – Posição Regulatória 3.01/008 – “Programa de Monitoração Radiológica Ambiental” – Novembro 2005.

6. FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. – “Programa de Monitoração Ambiental Pré-Operacional de Angra 1” – 1982.

7. Environmental Measurements Laboratory (E.M.L.) – HASL-300 – “Procedures Manual” - U.S. Atomic Energy Commission - New York – 1972.

8. Yankee Atomic Environmental Laboratory (Y.A.E.L.) – “Procedures Manual” – 1980.

9. U.S. NUCLEAR REGULATORY COMISSION - NUREG 1301 – “Offsite Dose Calculation Manual Guidance: Standard Radiological Effluent Controls for Pressurized Water Reactors” – 1991.

10. U.S. NUCLEAR REGULATORY COMISSION - Regulatory Guide 4.8 – “Environmental Technical Specifications for Nuclear Power Plants” - Revision 1 – Washington – 1975.