ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Espécies químicas de zinco em sedimentos da nascente do alto rio São Lourenço, Campo Verde - MT

AUTORES: ROSA, F. M. M. (UFMT) ; SOUSA, D. P. (UFMT) ; SANTOS, A. C. A. (UFMT) ; WEBER, O. L. S. (UFMT)

RESUMO: O trabalho teve como objetivo monitorar os teores de zinco total e trocável nos sedimentos de fundo da represa da nascente do Rio São Lourenço-MT. Foram realizadas amostragens mensais, em pontos localizados ao longo da represa. Para a determinação química foram analisados o pH e a matéria orgânica do sedimento. Para determinar Zinco total utilizou-se da digestão nitro-perclórica. Para a obtenção da fração solúvel + trocável utilizou-se nitrato de magnésio 0,1 mol.L-1. Os pontos amostrais apresentaram uma variação de pH de 4,2 a 6,3. Observou-se que as faixas de concentração de Zn trocável nos meses de março e maio de 2011, respectivamente foram 5,72 e 4,89 mg.kg-1. O Zn total teve maiores concentrações nos meses de dezembro/2010 e fevereiro/2011, respectivamente com 37,11 e 40,73 mg.kg-1.

PALAVRAS CHAVES: monitoramento, recursos hidrícos

INTRODUÇÃO: Os metais pesados são componentes naturais da deposição atmosférica, de solos, águas e biota encontrados em maiores ou menores concentrações. O aparecimento de metais na biota é devido a processos naturais como a lixiviação do solo e a decomposição de rochas, e fontes antrópicas como agrotóxicos, resíduos urbanos, resíduos industriais e resíduos de fertilizantes minerais. Com o desenvolvimento humano e a utilização desordenada de defensivos agrícolas, observa-se um aumento nos teores de metais que podem causar um possível impacto sobre a saúde humana e a biota. O impacto do lançamento destes metais no ambiente depende basicamente de sua forma de lançamento, comportamento no ambiente e a capacidade de incorporação destes metais aos organismos vivos (Penna-Franca et al., 1984). Os metais pesados integram-se aos componentes do solo e sedimentos e representam uma ferramenta importante na avaliação do grau de contaminação desses poluentes, tendo em vista que são representativos dos processos que ocorrem nas bacias de drenagem dos sistemas hídricos em questão. Uma vez no ecossistema aquático, os metais pesados são distribuídos nos diversos compartimentos do ambiente, como solo, sedimento, plantas e animais. Especificamente no caso dos sedimentos, a literatura mostra que este compartimento funciona como um sistema de estoque de poluentes (Förstner, 1987; Filgueiras et al., 2004).Este trabalho tem como objetivo principal monitorar os teores de zinco total e trocável nos sedimentos de fundo da represa da nascente do Rio São Lourenço, e como objetivos específicos determinar os teores do zinco total e os teores do zinco trocável.



MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de sedimentos foram coletadas em uma propriedade agrícola, ao longo da represa em uma nascente do rio São Lourenço, que acaba por receber elevada carga de nutrientes devido à aplicação de agroquímicos nas culturas de algodão, soja e milho. E foram coletadas nos pontos: S1 (entrada), S2 (meio), S3 (saída), S4 (vertedouro). Houve um monitoramento dos índices pluviométricos nos meses de coletas, de Agosto de 2009 a Maio de 2010. As amostras foram coletados (± 1 Kg) com amostradores Van-Veen e embalados em sacos de polietileno duplos em caixas de isopor com gelo. Foram secas em estufa com renovação de ar a 50 ºC, peneiradas em tamis de 0,2 mm e estocadas em sacos de polietileno. Para a determinação química o pH foi feito em CaCl2 0,01 mol L-1 e o teor de matéria orgânica foi por incineração em mufla a 660°C. A extração do Zn total foram realizadas por digestão nitro-perclórica (3:2), Tedesco et al. (1995), onde pesou-se 0,6g da amostra, e transferiu-se para tubo de ensaio e adicionou-se 6 mL da solução nitro-perclórica (3:2), colocou-se os tubos no bloco digestor pré-aquecido a 150°C por 2 h. Esfriou-se e completou-se para 60 mL com água destilada, e acondicionadas em recipientes plásticos. Na extração da fração solúvel + trocável do Zn por Ahnstrom e Parker (1999), onde pesou-se 2 g da amostra em tubos de centrífuga de 50 mL, adicionou-se 15 mL de Mg(NO3)2 0,1mol L-1, agitando por 2 h em baixa velocidade. Centrifugou a 2500 rpm por 10 minutos e o sobrenadante, filtrado em balão volumétrico de 50 mL. Repetiu-se o procedimento. Após, foram lavadas com 5 mL de NaCl 0,1 mol L-1. Centrifugado, e o sobrenadante recolhido e adicionou-se 1 mL de HNO3 concentrado para a preservação do extrato, completou-se com água deionizada e acondicionou-se em recipientes plásticos.



RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os quatro pontos amostrais apresentaram uma variação de pH de 4,2 a 6,3, ou seja é considerado que esse sedimento possui um pH ácido. Segundo Esteves (1988) isso é de grande relevância, pois atua no controle da precipitação, mobilidade e biodisponibilidade dos íons metálicos. Os pontos amostrais nos meses de monitoramento apresentaram as concentrações zinco trocável em mg.kg-1, correspondentes aos meses de estação chuvosa e seca (Figura 1).
No ponto S1 observou-se que a maior concentração de Zn trocável ocorreu em Março de 2010 com 5,61 mg.kg-1. No ponto S2, a maior concentração de Zn trocável foi de 5,14 mg,kg-1 em Março de 2010. No ponto S3, a maior concentração ocorreu em Março de 2010 com 5,72 mg.kg-1. No ponto S4, a maior concentração foi de 4.89 mg.kg-1 em Março de 2010. Na Figura 2, estão as concentrações de Zinco total nos meses de estação chuvosa e seca.
No ponto S1 observou-se que a maior concentração de Zn total ocorreu em Dezembro de 2009 com 37,11 mg.kg-1. No ponto S2, a maior concentração de Zn total foi de 40,73 mg,kg-1 em Fevereiro de 2010. No ponto S3, a maior concentração ocorreu em Outubro de 2009 com 37,77 mg.kg-1. No S4, a maior concentração foi de 23,96 mg.kg-1 em Fevereiro de 2009. Observou-se que, em meses de maior pluviosidade as concentrações do zinco trocável foram menores do que nos meses de menor pluviosidade onde as concentrações foram maiores. Nos meses de maior pluviosidade houve um decréscimo nas concentrações de zinco total. Nos meses de menor pluviosidade as concentrações foram maiores, provavelmente pela lixiviação. Segundo os critérios da CETESB (2009) para sedimento para água doce, o limite de zinco é de 315 mg.kg-1. Dessa forma os teores de Zn trocável e total estiveram abaixo desse limite em todos os pontos de coleta.







CONCLUSÕES: As faixas de concentração de zinco em sedimento na área do fundo de represa da bacia do rio São Lourenço-MT apresentaram as maiores concentrações de Zn trocável nos meses de março e maio de 2011. As maiores concentrações de Zn total foram nos meses de dezembro/2010 e fevereiro/2011, respectivamente 37,11 e 40,73 mg.kg-1.
Os teores de Zn trocável e total estiveram abaixo do limite em todos os pontos de coleta.
A partir das concentrações encontradas de Zn trocável e totais para sedimento em água doce, nota-se que o zinco presente nesta área de estudo, não está sendo considerado um contaminante.


AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AHNSTROM, Z.S.; PARKER, D.R. Development and assessment of a sequential extraction procedure for the fractionation of soil cadmium. Soil Science Society of America Journal, v.63, p.1650-1658, 1999.

CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – Critérios de Avaliação da Qualidade de Sedimentos - 2009

ESTEVES, F. A. Fundamentos de limnologia. Rio de Janeiro: Interciência/FINEP, 1988. 575p.

FILGUEIRAS, A.V.; Lavilla, I.; Bendicho, C. 2004. Evaluation of distribution, mobility and binding behaviour of heavy metals in surficial sediments of Louro River (Galicia, Spain) using chemometric analysis: a case study. Science of the Total Environment, 330: 115129.

Förstner, U. 1987. Changes in metal mobilities in aquatic and terrestrial cycles. In: Metals speciation, separation and recovery. Ed. Patterson, J. W. & Pasino, R., Lewis Publishers, Chelsa, 3-26.

PENNA FRANÇA, E.; Pfeiffer, W. C.; Fiszman, M., & Lacerda, L. D. Aplicabilidade da análise pelos parâmetros críticos, usualmente empregada para instalações nucleares no controlo de poluição do ambiente marinho por metais pesados. 1984

TEDESCO, M. J., GIANELLO, C., BISSANI, C. Análise de solo, plantas e outros materiais. Boletim Técnico, 5. 2a ed. Porto Alegre, Departamento de Solos da UFRGS. 174p, 1995.