ÁREA: Ambiental

TÍTULO: AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO NÍVEL DE ACIDEZ DA CHUVA NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES, ESTADO DE RONDÔNIA: INSTRUMENTO DE CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL.

AUTORES: BOA SORTE, P.H.S (FAEMA) ; BRONDANI, F.M.M (FAEMA) ; BARBOSA, N.V. (FAEMA) ; ZAN, R.A. (FAEMA) ; SOUZA, R.A.A.R. (FAEMA) ; SANTOS, R.C. (FAEMA)

RESUMO: O avanço da agricultura, indústrias e da urbanização em Ariquemes-RO,podem contribuir para o evento da chuva ácida. Este trabalho buscou sensibilizar a sociedade, mediante a avaliação dos níveis de pH na região nos meses de Agosto e Setembro de 2010, Março e Abril de 2011. As amostras foram coletadas em 8 dias de precipitação das chuvas, analisadas no laboratório da Faculdade de Educação e Meio Ambiente-FAEMA. Os resultados apontaram índices de pH , com médias entre 4,91 e 4,82 nos dias 31/08/2010 e 02/09/2010, e máximas de 6,03 e 6,09 nos dias 19/04/2011 e 25/04/2011 respectivamente. Considerando que o pH natural da chuva é de 5,7, os dados apontam acidificação moderada nos primeiros eventos chuvosos, provavelmente em decorrência do final do período de estiagem na região.

PALAVRAS CHAVES: precipitação ácida, meio ambiente, urbanização.

INTRODUÇÃO: O pH natural da água da chuva apresenta um valor de 5,7,ocorre pela presença de ácido carbônico (H2CO3), que é formado pela reação entre gás carbônico (CO2) e água (H2O) (FRANCISCO, 2003). A deposição ácida é dividida em deposição úmida e deposição seca. A deposição úmida está relacionada especificamente com a água de chuva, já a deposição seca se caracteriza como sendo partículas que se depositam sob ação de uma força gravitacional. (SOUZA et al., 2006).
A chuva ácida se precipita em regiões afastadas de seus poluentes primários, como óxidos de nitrogênio (NOx) e dióxido de enxofre (SO2), acarretando problemas para outras regiões antes não afetadas pelo fenômeno. Os poluentes primários citados não levam a acidificação da água das chuvas , porém quando estes poluentes são convertidos em poluentes secundários, como os ácidos nítrico (HNO3) e sulfúrico (H2SO4), ocorre o fenômeno da chuva ácida. (BAIRD, 2002).
O conhecimento relacionado à precipitação ácida se destaca como um dos parâmetros de grande importância, inseridos nos processos atmosféricos. (ALMEIDA, 2006).
O município de Ariquemes vem passando por inúmeras transformações, originadas dos processos industriais e de urbanização. Juntamente com a rápida urbanização, que pode ser notada através do aumento na frota de veículos, e industrialização por meio da instalação de novas indústrias, o aumento nas emissões de gases presentes na chuva ácida pode ser evidente. Isto pode trazer para o município e a população a população que nela vive alguns problemas relacionados ao meio ambiente, saúde humana e economia. O presente trabalho busca sensibilizar a população ariquemense, sobre algumas causas e efeitos provenientes da precipitação ácida da água das chuvas.


MATERIAL E MÉTODOS: Foram medidos valores de pH da água das chuvas no bairro do setor 06 do município em uma região periférica da cidade, nos meses de Agosto e Setembro de 2010, Março e Abril de 2011.
As amostras foram coletadas em cinco pontos isolados, nomeados de (A), (B), (C), (D), (E) em uma região aberta (09º53’30,8” S e 063º0,1’35,3” W), sem interferência de agentes externos, no campus da Faculdade de Educação e Meio Ambiente (FAEMA.
Foram coletadas 05 amostras em 08 eventos (chuva), nos dias 31/08/2010, 02/09/2010, 25/03/2011, 31/03/2011, 08/04/2011, 13/04/2011, 19/04/2011 e 25/04/2011. Foram utilizados para coletar a água, recipientes plásticos com capacidade de 2000 ml cada, instalados na superfície de suportes com aproximadamente 2,1 metros de altura acima do solo. Cerca de 40 amostras estiveram sendo avaliadas no laboratório de Química e Bioquímica da FAEMA.
As amostras foram submetidas às análises no mesmo dia em que ocorreram as precipitações chuvosas, utilizando-se de um pHmetro digital marca DIGIMED modelo DM-20 (figura-4), calibrado previamente com solução tampão de pH 4,00 e 7,00. (CUNHA et al., 2009 ).
Logo após as medições de pH, seguindo o parâmetro adotado por Marques et al., (2006), as amostras foram devidamente etiquetadas e guardadas em um refrigerador para posterior análise química. O procedimento de limpeza dos frascos foi realizado com água destilada (03 ou 04 vezes), antes e após a retirada de cada amostra para que não houvesse contaminação por parte de agentes externos. As medidas de pH foram anotadas durante um período de 35 a 40 minutos.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com os estudos realizados nos pontos pré-determinados, envolvendo medidas de pH nos oito dias de precipitação das chuvas, verificou-se que os valores de pH variaram no início da estação chuvosa ao seu término. Os valores mais baixos de pH foram registrados nos dias 31/08/2010 e 02/09/2010, e os máximos nos dias 19/04/2011 e 25/04/2011. (Figura 1).
Destaca-se que o limite superior dentro do intervalo de confiança no dia 02/09/2010 foi abaixo do limite natural de pH da água das chuvas que é igual ou superior a 5,6 citado por (CUNHA et al., 2009 ). De acordo com estes dados pode-se dizer então, que a chuva do segundo dia na área coletada apresentou acidez. Cabe aqui ressaltar que as primeiras amostras recolhidas nos dias 31/08/2010 e 02/09/2010 apresentaram baixos índices de pH, provavelmente pelo fato de haver um tempo maior com ausência de precipitação das chuvas.
Com base nos dados, pode se atribuir um decréscimo no valor de pH nas águas das chuvas nos primeiros dias, com a proximidade de um pólo madeireiro, onde lançam poluentes na atmosfera oriundos da queima de madeira, com a área da coleta, a qual está próxima a região periférica da cidade, destacada pela queima de lixo que é associada à falta de sensibilização das pessoas e ao forte setor agrícola e industrial instalados no município. Os valores de pH no município de Ariquemes chegam próximos aos obtidos em outras regiões do País, como os encontrados na cidade de Cuiabá-MT. O monitoramento da acidez no município de Cuiabá-MT, cita valores de pH que variaram de 4,25 (mínimo encontrado) a 6,45 (máximo encontrado) (MARQUES et al., 2006), Entretanto, se comparado com outras cidades, existem valores baixíssimos de pH, como na região de Rio Grande-RS, onde foram registrados valores gerais entre 3,6 e 7,8 (MIRLEAN, VANZ e BAISCH, 2000).

CONCLUSÕES: É importante destacar que o aumento do número de habitantes, automóveis e indústrias podem levar a um aumento nas emissões dos gases causadores do fenômeno da chuva ácida, mostrando assim que a região pode vir a sofrer com o passar dos anos, conseqüências provenientes da chuva ácida. As medidas que foram encontradas trazem baixos valores de pH da água das chuvas, porém as mesmas ainda se mostram insuficientes para um esclarecimento maior a respeito do fenômeno da chuva ácida, fazendo-se necessário a continuidade de novos estudos envolvendo a avaliação dos índices de acidez em diferentes áreas do município de Ariquemes-RO, onde se concentra um maior número de focos de poluição atmosférica.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, Vanessa Prezotto Silveira. Acidez orgânica da precipitação e uso do solo nas regiões dos Parques Estaduais de Intervales e morro do Diabo (Estado de São Paulo): 2006. 98f. Tese de doutorado (doutorado em Ciências)-Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006. Disponível em: < www.teses.usp.br/teses/disponiveis/64/64135/tde... 160605/.../Mestrado.pdf>. Acesso em 20 de maio de 2011.

BAIRD, Colin. Química Ambiental. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.

CUNHA, Gilberto Rocca da, et al. Dinâmica do pH da água das chuvas em Passo fundo, RS. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v.44, n.4 , 2009. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100204X2009000400002&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em 10 de maio de 2011.

FRANCISCO, Regina Helena Porto. Meio Ambiente e chuva ácida. Revista Eletrônica de Ciências, São Carlos, n.15, 2003. Disponível em:< http://cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_15/chuvaacida.html>. Acesso em 20 de Maio de 2011.

MARQUES, Rodrigo. et al. Ensaios preliminares para o monitoramento da acidez da chuva em Cuiabá-MT. Caminhos de Geografia. n.7, v.17. 2006. Disponível
em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/view/10214>. Acesso em 22 de Abril de 2011.

MIRLEAN, Nicolai; VANZ, Argeu.; BAISCH, Paulo. Níveis e origens da acidificação das chuvas na região do Rio Grande do Sul, RS. Quím. Nova. São Paulo, v.23, n.5, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422000000500004 SBQ>. Acesso em 07 de Fevereiro de 2011.

SOUZA, Patricia Alexandre de, et al. Composição química da chuva e aporte atmosférico na Ilha Grande, RJ. Quím. Nova. São Paulo, v.29, n.3, 2006. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S01004042200600000013&scrip=sci_arttext>. Acesso em: 05 de fevereiro de 2011.