ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS ALTERNATIVOS REFERENTES AO CARÁTER ÁCIDO-BASE NAS AULAS DE QUÍMICA

AUTORES: CORRÊA, P.G. (UEAP) ; LOBATO, C.C. (UEAP) ; SANTOS, C.B.R. (UEAP) ; MORAIS, S.S.S. (UEAP)

RESUMO: A pesquisa tem como objetivo verificar se o uso de materiais alternativos aumenta o nível de aprendizado dos alunos em relação ao caráter ácido-básico de substâncias do cotidiano. Este estudo é bastante memorístico e de difícil entendimento para a maioria dos alunos causando distanciamento e desinteresse pelo componente curricular. Evidenciou-se que com o uso da experimentação usando esses materiais é garantido o interesse e empenho pela disciplina. Com isso é possibilitado uma aprendizagem significativa. A pesquisa foi realizada numa escola no município de Santana–AP. Os resultados mostraram que o nível de aprendizado dos alunos que participaram da experimentação com materiais de baixo custo aumentou em 14,8% quando comparado aos alunos que tiveram apenas aulas teóricas/expositivas.

PALAVRAS CHAVES: caráter ácido–base. materiais alternativos. ensino-aprendizado.

INTRODUÇÃO: O atual ensino da química parece ser inadequado uma vez que passa a ilusão de um conhecimento absoluto e imutável impedindo a relação entre o aluno e o cotidiano (MORTIMER, 2006). Os conteúdos de química não devem se resumir apenas a transmissão de informações, mas devem fazer relação com o habitual do aluno, seus interesses e suas vivências (ANTUNES et al, 2009).
De acordo com os PCN’s para o Ensino Médio, o processo de experimentação pode ser entendido como um direito do aluno, pois acarreta discussões sobre assuntos que se tornam visíveis (BRASIL, 2000). É notório que a atividade prática desperta forte interesse de alunos em diversos níveis de escolarização, pois faz com que a teoria se adapte à realidade além de propiciar uma aprendizagem significativa (duradoura e prazerosa). Nesse sentido, deve-se construir uma aliança entre o aluno, a química e o cotidiano. (NANNI, 2004); (MORTIMER, 2006); (BUENO et al, 2007).
Gonçalves e Marques (2006) corroboram os pontos positivos da inclusão de materiais alternativos nas aulas de química, são eles: supera as dificuldades de infra-estrutura e a falta de material específico; contribui para o desenvolvimento criativo do aluno; aproxima o aluno do cotidiano; enfoque na química verde; ressaltar quanto à segurança; e desperta o caráter motivacional dos discentes.
É importante a identificação do caráter ácido-base, pois este saber propicia o entendimento da química, áreas afins e do dia-a-dia como: chuva ácida, ecossistema, agricultura, alimentação dentre outros exemplos que expressam a relevância deste conteúdo (DAVID, 2005). Por isso este aprendizado deve ocorrer para que o aluno possa desenvolver a criticidade e consequentemente entender o porquê de muitos processos que ocorrem ao seu redor (CHASSOT, 2001).

MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa experimental foi realizada com alunos da 1ª Série do Ensino Médio regularmente matriculados na Escola Estadual Almirante Barroso localizada no município de Santana-AP. Os discentes participantes foram divididos e identificados como Grupo de Controle (GC) e Grupo Experimental (GE). O método utilizado baseou-se em três momentos:
1. Primeiramente, aplicaram-se aulas expositivas por meio de slides com reprodutor de mídia sobre os conteúdos: o caráter ácido-base e os indicadores. Houve ainda uma abordagem contextual e interdisciplinar.
2. Em seguida ocorreu o processo de experimentação utilizando materiais do cotidiano, sobre o assunto em questão, somente para os alunos do GE. O experimento em questão foi denominado “repolhando” e contou com os seguintes materiais: suco de repolho roxo, vinagre, limão, refrigerante soda, leite de vaca, água destilada, leite de magnésia, soda cáustica, sabão em pó, amoníaco, canudos e copos descartáveis transparentes.
3. E por fim, consagrou-se um exame avaliativo sobre o conteúdo abordado composto de dez questões mescladas em subjetivas e objetivas.
As ações ou momentos executados neste trabalho estão expostos de maneira sucinta na Figura 1:
Ressalta-se a minimização de interferências como: o espaço de tempo entre a ocorrência dos momentos, e o esforço para que o momento inicial e final ocorresse da mesma maneira em ambos os grupos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Durante a aula prática vivenciou-se a inquietação de alunos, que formularam as seguintes perguntas “por que só usamos o refrigerante soda e não a coca-cola?”; “e o sabonete? Se eu pingar uma gota desse indicador ele vai mudar de cor?” e “se eu usar o açaí vai mudar de cor?” tais questões só foram evidenciadas no GE. Acredita-se que este fato decorreu da experiência com material alternativo.
Outra questão observada apenas na aula prática foi a “quebra” de conceitos prévios, pois um aluno do GE pensava que “ácido é tudo aquilo que corrói”, porém, através da experiência, percebeu que não é verdade, pois a soda cáustica é uma base que possui propriedades corrosivas.
Para tanto, cita-se outros pontos marcantes do exame avaliativo:
- 54,5% dos alunos do GE conseguiram aprender o conceito de indicador ácido-base, já no GC esse aprendizado foi de 25%.
- Os alunos do GE se sobressaíram em relação aos participantes do GC na identificação do caráter de substâncias do cotidiano.
O rendimento dos alunos do GE e GC através do exame avaliativo está expresso na Figura 2.
Na figura 2, nota-se que o GE foi superior ao GC em todos os momentos, obtendo uma diferença de 14,8% no nível de aprendizado.
De acordo com Cahssot (2001) e Schwarcz (2009) esse nível de aprendizado abaixo do almejado pode ser atribuído a questões culturais, pois se acredita que os participantes não foram habituados à participação de atividades práticas de ciências e/ou química. Com isso, houve deslumbramento dos alunos na observação do fenômeno, desviando-os do objetivo da experiência. Em consonância, Luckesi (2005) discorre que o ato de examinar é extremamente pontual e excludente. Neste sentido ressalta-se o brilhante desempenho de discentes do GE nas duas primeiras etapas já na ultima não obtiveram o mesmo exito.





CONCLUSÕES: Conhecer o caráter ácido-base de substâncias ajuda a entender inúmeros processos que ocorrem no dia-a-dia, pois a química está presente em todos os momentos. A experimentação deve ser freqüente nas aulas de química, pois é uma forma de aliar a teoria à prática (VALADARES, 2006); (MORTIMER, 2006). Por isso se deve evitar as aulas meramente expositivas e/ou memorísticas (CHASSOT, 2001). O emprego de materiais do cotidiano nas aulas experimentais de química aumenta o nível de aprendizado dos alunos participantes, pois possibilita a aprendizagem significativa (LUZ JUNIOR, 2004).


AGRADECIMENTOS: Ao quadro de professores da área de química da Universidade do Estado do Amapá.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANTUNES, Márjore et al. pH do solo: Determinação com indicadores Ácido-Base no Ensino Médio. Química Nova na Escola. Vol. 31, n° 4, Novembro de 2009. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc31_4/11-EEQ-3808.pdf> Acesso em: 20 de abril de 2011.
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BUENO, Lígia, et al. O ensino de química por meio de atividades experimentais: a realidade do ensino nas escolas. Universidade Estadual Paulista, 2007. Disponível em: <www.unesp.br >. Acesso em: 24 de novembro de 2010.
CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Ijuí: Unijuí, 2001.
DAVID, Marciana Almendro. Orientação pedagógica: a concentração de um ácido, pH e pOH de soluções mais familiares. 2005. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br> Acesso em: 15 de maio de 2011 as 22:10.
GONÇALVES, Fábio Peres; MARQUES, Carlos Alberto. 2006. Contribuições pedagógicas e epistemológicas em textos de experimentação no ensino de química. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/Artigo_ID151/v11_n2_a2006.pdf > Acesso em: 07 de maio de 2011.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem; visão geral. 2005. Disponível em: <http://www.luckesi.com.br/textos/art_avaliacao/art_avaliacao_entrev_paulo_camargo2005.pdf > Acesso em 28 de maio de 2011.
LUZ JUNIOR, Geraldo Eduardo da et al. Química Geral Experimental: Uma nova abordagem didática. Química Nova, Vol. 27, N°. 1, 2004, 164 p.
MORTIMER, Eduardo Fleury (Org.). Química: Ensino Médio. Vol. 4, Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006.
NANNI, Reginaldo. A natureza do conhecimento científico e a experimentação no ensino de ciências. Revista Eletrônica de Ciências. N°. 26. Maio 2004. São Carlos. Disponível em: <http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_26/natureza.html> Acesso em: 11 de abril de 2011.
SCHWARCZ, Joe. Barbies, bambolês e bola de bilhar: 67 deliciosos comentários sobre a fascinante química do dia-a-dia. Tradução: José Maurício Gradel; revisão técnica, Suzana Herculano – Houzel. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p. 19 e 20.
VALADARES, Eduardo de Campos. Proposta de experimentos de Baixo Custo Centradas no Aluno na Comunidade. In: MORTIMER, Eduardo Fleury (Org.). Química: Ensino Médio. Vol. 5, Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. p. 69.