ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: Fabricação de sabão: o ensino de química através da sustentabilidade.

AUTORES: MENDONÇA, A. F. (IFG) ; SILVA, L. O. P. (IFG) ; SANTOS, V. F. (IFG) ; RODRIGUES, E. A. (IFG) ; SILVEIRA, I. D. (IFG) ; REZENDE, G. A. A. (IFG)

RESUMO: A experimentação no ensino de Química é essencial, visto que possibilita revelar fenômenos palpáveis e de significados concretos, pode ainda proporcionar uma sólida construção do conhecimento pelo aluno e demonstrar a ligação interdisciplinar da Química com as demais ciências (SCHNETZLER e ARAGÃO, 1995).
Deste modo, o presente trabalho teve o intuito de instigar o processo de ensino-aprendizagem de Química, além de salientar a importância de se conservar o meio ambiente, com medidas simples tais como a reutilização do óleo de cozinha, proposto pelo presente trabalho. Este óleo quando despejado na pia e em contato com os mananciais hídricos dá origem a uma camada de gordura na superfície da água que impossibilita a transposição solar, ocasionando a morte da fauna aquática.

PALAVRAS CHAVES: sabão, ensino de química, sustentabilidade.

INTRODUÇÃO: Tanto as gorduras animais quanto os óleos vegetais são formados por ésteres e insolúveis em água. Tais substâncias quando reagidas com soluções alcalinas, de hidróxido de sódio ou potássio, produzem sabão. Tal reação é uma das mais antigas formas relacionadas a processos orgânicos conhecidos e utilizadas pelo homem, para realizar a conversão de gorduras animais e óleos vegetais em sabão (NETO e PINO, 2011).
Atualmente há uma preocupação contínua dos docentes com as metodologias adotadas a fim de fazer com que processo ensino-aprendizagem seja mais proveitoso (HERRON e NURRENBERN, 1999).
Faz-se importante destacar que com este trabalho além de alcançar o intuito de ensinar Química, no ensino médios, através da fabricação de sabão, pode-se também evidenciar a importância de se conservar o meio ambiente, levando-se em consideração que com a metodologia e procedimentos adotados neste trabalho há a produção de um produto de limpeza menos prejudicial ao meio ambiente concomitante a reutilização do óleo sujo de cozinha. Tal óleo nos mananciais hídricos pode ocasionar, por exemplo, a morte da fauna aquática no solo, impermeabiliza-o e possibilita ocasionar processos de enchente e ainda eliminar gás metano quando em contato com o sol, o que provoca a chuva ácida.

MATERIAL E MÉTODOS: A turma selecionada foi o 3ª ano do ensino médio do Colégio Estadual Dr. José Feliciano Ferreira, situado no município de Itumbiara - GO.
Num primeiro momento foi aplicado um questionário com o objetivo de avaliar previamente os conhecimentos dos alunos. Em seguida iniciou-se a prática para fabricação de sabão na qual os alunos foram seguindo o roteiro proposto e observando o que ia ocorrendo à medida que se misturavam os reagentes. De acordo com as observações que estavam sendo realizadas, iniciou-se também uma discussão a respeito do que estava ocorrendo e o porquê de tais fenômenos, concomitante a uma abordagem geral da relação da prática com aulas teóricas ministradas anteriormente e também com o que presenciam no cotidiano, incluindo-se a importância de se preservar o meio ambiente.
Por fim, aplicou-se um segundo questionário com o intuito de analisar o desenvolvimento conceitual que os alunos obtiveram com essa experimentação e discussão que foram propostas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para a fabricação de sabão foram utilizados hidróxido de sódio, álcool etílico 70%, hipoclorito de sódio 12%, água e óleo de cozinha usado. Com o primeiro questionário constatou-se que a maioria dos alunos sabia como o sabão é obtido, 85% deles mencionaram ter conhecimento do por que utilizamos o sabão no processo de limpeza e dentre as respostas obtidas um deles disse que: “O sabão é um excelente produto para remover impurezas, por ser tensoativo”. Quando indagados a respeito de qual fenômeno ocorre no processo de fabricação do sabão apenas 23 % disseram não saber, e quando se utiliza o sabão no processo de limpeza de utensílios 62% afirmaram que ocorre um fenômeno físico. Dessa maneira, 70% dos alunos responderam que já fabricaram ou já viram alguém fazer sabão.
A discussão proposta durante a experimentação foi de grande sucesso mediante o fato de todos os alunos terem participado e também colaborado com a fabricação do sabão. Todos quiseram levar um pouco do sabão para casa a fim de mostrar para seus familiares.
Com o segundo questionário aplicado 23% dos alunos não souberam responder como o sabão age na limpeza da sujeira, dentre os que souberam responder, as explicações obtidas é que alguns justificaram a ação do sabão se deve mediante o processo de saponificação. Para o processo de obtenção do sabão todos souberam responder quais as funções orgânicas envolvidas. 54% deles discordaram da afirmação “sabão que dá mais espume limpa mais”, pois justificaram que a espuma não interfere na limpeza e que não passa de um mito. Dentre as vantagens de se fabricar sabão em casa, 40% salientou o reaproveitamento do óleo usado em benefício do meio ambiente.

CONCLUSÕES: A colaboração dos alunos durante a aula foi muito satisfatória e notou-se que o entusiasmo pelo assunto fabricação de sabão continuou mesmo nas aulas subseqüentes, de acordo com a professora, nas quais os alunos ainda estavam curiosos e comentando o tema. Também, cresceu muito o empenho dos alunos pelos assuntos referentes aos conteúdos abordados durante a aula como, por exemplo, as funções orgânicas. Esta experiência com os alunos foi gratificante. Trabalhar conteúdos químicos através de um tema com relevância ambiental e social favorecendo uma aprendizagem mais enriquecedora e significante.

AGRADECIMENTOS: Ao Instituto Federal de Goiás – Campus Itumbiara. À direção, professores e alunos da escola participante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1 SCHNETZLER, Roseli Pacheco; ARAGÃO, Rosália Maria Ribeiro.Importância, sentido e contribuições de pesquisa para o ensino de química. Revista Química Nova na Escola, n. 1, p. 27-31, maio/1995.

2 NETO, Odone Gino Zago; PINO, José Claudio Del. Trabalhando a Química dos Sabões e Detergentes. Disponível em: http://www.iq.ufrgs.br/aeq/html/publicacoes/matdid/livros/pdf/sabao>. Acesso em: 22 Jun 2011;

3 HERRON, J.D. e NURRENBERN, S.C. Chemical education research. Journal of Chemical Education, v. 76, p. 1354-1361, 1999.