ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: Os Níveis de Inclusão Digital dos professores de Química de cidades do Norte Goiano

AUTORES: DEUS, T.C (IFG) ; SILVA, M.M.C.T (IFG) ; NEVES, J.P.S (IFG)

RESUMO: Este trabalho apresenta um estudo sobre o nível de inclusão digital dos professores de Química de seis cidades do Norte Goiano próximas ao IFG - Campus Uruaçu, que oferece desde 2008 o curso de Licenciatura em Química. Aliado às definições de inclusão digital e inclusão social como interdependentes, aplicou-se um questionário avaliativo e entrevistas aos professores de química da região. A aplicação dos questionários tem como intuito analisar como os professores entendem as novas tecnologias, o uso de computadores, o acesso à rede e a utilização da informática na relação ensino/aprendizagem. Os resultados mostram que o professor não pode ser considerado incluído digitalmente e que sua relação com as tecnologias da informação e comunicação estão ainda em nível de usuário iniciante.

PALAVRAS CHAVES: inclusão digital, tic, computador

INTRODUÇÃO: Em uma perspectiva contemporânea, a Inclusão digital vem sendo entendida como a aquisição de competências básicas para utilizar o computador na perspectiva de usuário consumidor de bens e serviços e informações (BONILLA, 2002). Esta ótica não explora o verdadeiro potencial das novas tecnologias, como instrumento da dinâmica social, capaz de promover o surgimento de uma cultura própria, na qual os “incluídos” possuem habilidades necessárias para circular não só como consumidores, mas como participantes ativos na construção dessa cultura. Os “incluídos”, na perspectiva contemporânea, não são capazes de acompanhar a evolução das tecnologias e, em pouco tempo se tornam excluídos. Durante os cursos de graduação, o contato com as tecnologias da informação e comunicação se da apenas para cumprir exigências das disciplinas, executando funções meramente mecânicas, como a construção de gráficos, tabelas ou utilização de programas de construção de moléculas em versões anteriores. Funções que os inserem parcialmente nas novas tecnologias. Considerando-se estes aspectos, realizou-se uma pesquisa com a participação de 24 professores de química que ministravam aulas na rede estadual e/ou privada de ensino das cidades de Uruaçu, Niquelândia, Campinorte, São Luiz do Norte, Mara Rosa e Barro Alto, cidades próximas à Uruaçu, onde está localizado um campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás e que desde 2008 oferece o curso de Licenciatura em Química. Utilizou-se para a coleta de dados: o questionário semi-aberto e a entrevista, para dirimir eventuais dúvidas do questionário, contendo perguntas fechadas e abertas.

MATERIAL E MÉTODOS: Utilizou-se para a coleta de dados: o questionário semi-aberto e em um segundo momento, a entrevista, para dirimir eventuais dúvidas do questionário. O questionário continha perguntas fechadas e abertas e a entrevista foi também semi estruturada. O questionário semi-aberto, que apresenta questões abertas e fechadas, mostra-se como um instrumento eficaz, pois se pode obter um grande número de dados, respostas mais rápidas e precisas e apresentar questões iguais para todas as pessoas (LUDKE e ANDRE, 1986).Em nossa pesquisa, o questionário/formulário apresentado aos professores possui um total de 41 questões abertas e fechadas divididas em três partes. A parte I busca explorar o perfil sócio cultural dos professores; a parte II, especificamente sobre computadores, busca explorar os conhecimentos adquiridos pelos professores no que diz respeito às tecnologias da informação e comunicação, especificamente, o computador; a parte III explora a Internet, sua linguagem e informações que nos permitem dimensionar a qualidade e o nível de acesso desses professores. Em um segundo momento foram feitas entrevistas com oito (08) professores de química da rede publica e/ou particular da região, com o objetivo de diminuir eventuais dúvidas que surgiram ao longo da análise das respostas dos questionários. Em termos de método de análise específica dos resultados, escolhemos o Estudo de Caso. “É um meio de organizar dados sociais preservando o caráter unitário do objeto social estudado” (GOODE & HATT, 1969). De outra forma, afirma-se que “um estudo de caso refere-se a uma análise intensiva de uma situação particular” e BONOMA (1985) coloca que o “estudo de caso é uma descrição de uma situação gerencial".

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Considerando-se as respostas do questionário, das entrevistas e o referencial bibliográfico, foi feito um levantamento do nível de Inclusão Digital desses professores. Segundo DEUS (2008) existem seis níveis de inclusão Digital para professores de Química. 1 – Não incluído. O professor não tem contato com o computador. Não o usa, nem o liga. O acesso às novas tecnologias se dá nas agências bancárias ou aparelhos eletrônicos. 2 – Iniciante. O professor tem dificuldade em ligar o computador, acessar os programas e conectar a internet. Esse professor nunca utiliza o computador em sala de aula e apresenta uma forte resistência em iniciar um processo de inclusão e acredita que não conseguirá aprender sobre informática. A utilização é restrita aos editores de texto e alguns jogos simples. 3 – Básico. O professor nesse nível é capaz apenas de executar tarefas básicas como ligar o computador, acessar a internet, digitar textos, planilhas e editores de apresentação. Ele não utiliza o computador em sala de aula e não vê outra função para o computador a não ser a pesquisa. 4 – Intermediário. Alem das funções básicas, ele também consegue fazer gráficos, planilhas, executar programas de modelagem química. A “pesquisa” ainda continua sendo o foco principal, mas esses profissionais conseguem buscar softwares na internet. O professor nesse nível começa a incluir seu aluno. 5 – Avançado. O professor também é capaz de trabalhar com pelo um tipo de linguagem de programação, elaborando softwares. Ele usa constantemente o computador em sala de aula e consegue executar com competência o processo de inclusão de seus alunos. 6 – Expert. O professor também domina a máquina, consegue acessar o SETUP da placa mãe, alterando o que achar necessário e entende duas ou mais linguagens de programação.

CONCLUSÕES: Grande parte dos professores pesquisados (50%) encontra-se no Nível 3 – Básico, 24% encontra-se no nível 2 - Iniciante, 13% no nível 1 - Não incluido e 13% no nível 4 - Intermediário. Torna-se necessário uma série de iniciativas tais como agregar a informática à formação do professor, considerar a informática nos cursos de formação continuada, associar o processo de inclusão à realidade da comunidade em que o professor esta inserido, disponibilizar cursos presenciais de inclusão à distância de professores, entre outras que judariam a romper com o paradigma existente entre o professor e as TIC.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BONILLA, M. H. S.; Inclusão digital e formação de professores. Revista de Educação, Lisboa, Portugal, v. XI, n. 1, p. 43-50, 2002.
BONOMA, Thomas V.; - Case Research in Marketing: Opportunities, Problems, and Process. Journal of Marketing Research, Vol XXII, May 1985.
DEUS, T.C. Um estudo sobre Inclusão Digital de Professores de Química da Região Metropolitana de Goiânia. 2008. 78 f. Dissertação (Mestrado em Química) – Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiás. 2008.
GOODE, W. J. & HATT, P. K. - Métodos em Pesquisa Social. 3ªed., Cia Editora Nacional, São Paulo:, 1969.
LUKDE, M. e ANDRÉ, M. E. D. A.; Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. 6ª. Ed. São Paulo: EPU, 1986.
OLIVEIRA, S. L. O.; Tratado de Metodologia Científica. Editora Pioneira, São Paulo: 1999.