ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: Riscos de Acidentes em Laboratórios de Química

AUTORES: ANGELO, L.W. (UFF) ; ANDRADE, S.A. (UFF) ; FILHO, A.P.N. (UFF)

RESUMO: Objetivando atentar (principalmente) os alunos de graduação aos riscos envolvidos no ambiente laboratorial, foram realizados testes simulando queimaduras em tecido animal envolvendo ácidos e bases geralmente utilizadas na rotina dos laboratórios, além das aferição das relativamente altas temperaturas atingidas em dissoluções/diluições. Foi possível criar um arquivo visual de impacto, sendo possível perceber a intensidade e profundidade que queimaduras químicas podem alcançar, de sorte a causar o sentimento de catarse no público. Aliando essa experiência à orientação de onde encontrar as referências teóricas de boas práticas laboratoriais, é provável que formemos um indivíduo mais consciente dentro do laboratório, que preza ainda mais pela sua segurança e do demais ao redor.

PALAVRAS CHAVES: acidentes,laboratório,catarse.

INTRODUÇÃO: A cada semestre ingressam diversos alunos em Instituições de ensino técnico e superior que necessariamente deverão cursar aulas e desenvolver atividades dentro de um laboratório químico. A permanência num laboratório de química requer um estado de alerta e precaução inerente a qualquer ambiente em que haja risco de iminente acidente. Mesmo para um profissional experiente, existem riscos associados ao laboratório que consistem em variáveis arbitrariamente previsíveis, tais como rótulos parcialmente legíveis, concentrações equivocadas, integridade de tampas e registros, instrumentos adequados à tarefa realizada e etc. Quando se trata de um laboratório de graduação, no mesmo espaço físico
são inseridos indivíduos eventualmente despreparados para lidar e se comportar adequadamente com as circunstâncias laboratoriais. Juntamente à eles, estão substâncias químicas e instrumentos que requerem ser adequadamente manipulados, propiciando razoável chance de acidente caso não o sejam. A segurança no laboratório será mantida se as noções de boas práticas laboratoriais tiverem sido incorporadas pelo aluno. Para tal, além da indicação de onde exatamente se encontram as normas que regem os comportamentos e procedimentos mais adequados laboratorialmente, surge a idéia de catarse como tema motivador ao assunto, expondo o aluno à simulações de queimaduras com ácidos e bases em tecido animal e a que temperaturas podem chegar a simples diluição ou dissolução de substâncias.


MATERIAL E MÉTODOS: Foram utilizadas uma câmera de vídeo para a gravação dos resultados, Ácido sulfúrico P.A. para simulações de queimaduras com ácidos e solução (6 mol/L) e de pérolas hidróxido de sódio para ilustrar eventuais queimaduras com bases. O tecido animal no qual foram testadas as substâncias anteriores foram coxas de frango (sem a camada de pele característica). Sempre foram comparadas as queimaduras com um teste em branco. Foi utilizado um termopar para aferição das temperaturas atingidas na parte externa de béqueres utilizados para: 1)diluição de Ácido Sulfúrico P.A. na proporção de 1:1 com água. 2)Dissolução de pérolas de hidróxido de sódio em 100 mL de água, suficientes para a preparação da solução de concentração 6 mol/L.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Simulando em laboratório a exposição de tecidos animais aos representantes canônicos de ácidos e bases fortes: ácido sulfúrico e hidróxido de sódio, respectivamente, foi possível visualizar nos tecidos a extensão de penetração das queimaduras ocasionadas num eventual acidente, sendo percebidas através da mudança de textura e do gradiente de cores transversal ao corte nas coxas de frango utilizadas. Foram ainda medidas as temperaturas atingidas no preparo de soluções rotineiramente utilizadas de ácidos e bases. Foi utilizado para o exemplo de diluição na proporção de 1:1, o ácido sulfúrico P.A. e na dissolução, pérolas de hidróxido de sódio suficientes para 100 mL de concentração 6 Mol.L-1. As temperaturas atingidas foram de 89º C e 73º C, respectivamente, exemplificando mais uma possível fonte de acidente, causada pela queimadura do calor liberado na diluição de desses reagentes e/ou pela surpresa causada por esse aquecimento relativamente rápido e consequente derramamento.Existem pesquisas que demonstram o quão subestimadas são as probabilidades de sinistro, revelando que uma grande quantidade de alunos considera imprescindível somente o uso de jaleco, não atentando pra outros EPIs ou mesmo a vestimenta adequada ao laboratório. Considerando-se o efeito de catarse, isto é, da transposição da vivência de outrem em si, tentou-se inserir nos alunos a qualidade do perigo de se lidar com ácidos e bases utilizando como alvo tecido animal (coxas de frango) para ilustrar de forma mais realista possível os efeitos sobre o tecido humano, sem no entanto expor o aluno propriamente a este conteúdo ( o que pode ser deveras chocante) e demonstrando o quão a queimadura se aprofunda no tecido.






CONCLUSÕES: Associando a exposição dos efeitos danosos de algumas soluções concentradas e o conhecimento de quais variáveis estão envolvidas no cotidiano experimental (por exemplo, a variação de temperatura de uma diluição ou dissolução) aos roteiros teóricos de segurança em laboratório é possível tornar o indivíduo que apenas executa experimentos num sujeito consciente e que torna a rotina laboratorial segura não só para si, mas para todos os demais ao redor.

AGRADECIMENTOS: A Pró-Reitoria de extensão da UFF – PROEX – pelo financiamento da bolsa de extensão e a todos os docentes e discentes envolvidos no desenvolvimento do projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: OLIVEIRA, Robério Fernandes Alves de. Caderno de Gestão: da segurança química em laboratório. Rio de Janeiro: ABQ, 2011.

FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2010.

DULCÓS, Miguel. Nota sobre o conceito de mimesis e katharsis na Poética de Aristóteles. Dez. 1999. (Disponível em: http://www.consciencia.org/aristoteles_poetica.shtml).