ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: VERIFICAÇÃO DO TEMA RADIOATIVIDADE NOS CONTEÚDOS DISCIPLINARES DE QUÍMICA NAS ESCOLAS DE ANGRA DOS REIS

AUTORES: LIMA, J.P. (IFRJ) ; MILATO, J.V. (IFRJ) ; ALVES, T.R.S. (IFRJ) ; MESSEDER, J.C. (IFRJ)

RESUMO: Um dos grandes desafios dos professores é conseguir associar os conteúdos que são ensinados em aula com o cotidiano dos alunos. A partir desse contexto foi realizada uma pesquisa com professores e estudantes da rede pública e privada de Angra do Reis (RJ), município que detêm as únicas usinas nucleares do Brasil para saber como está a compreensão destes alunos a respeito do tema Radioatividade. Obtiveram-se resultados significativos por parte dos estudantes, mas, por outro lado, enxergou-se que eles possuem entendimentos superficiais e até mesmo distorcidos quando se abordou o tema em sala de aula.

PALAVRAS CHAVES: radioatividade , ensino de química , usinas nucleares

INTRODUÇÃO: Conforme as Orientações Curriculares para o Ensino Médio: a extrema complexidade do mundo atual não mais permite que esse ensino seja apenas preparatório para um exame de seleção, em que o estudante é perito, treinado em resolver questões que exigem sempre a mesma resposta padrão. O mundo atual impõe que o estudante se posicione, julgue e tome decisões, e seja responsabilizado por isso (BRASIL, 2006). O estabelecido pelo PCN sugere um aprendizado de química no ensino médio possibilitando o aluno a uma compreensão dos processos químicos assim como também da construção de um conhecimento cientifico onde deve ser estabelecida uma relação com as aplicações tecnológicas, ambientais, sociais, políticas e econômicas (BRASIL, 2000). A maneira mais sucinta de se trabalhar os conteúdos pode ser enfatizando a sua história - desde quando começou a ser “descoberta” até hoje em dia - o que despertaria a curiosidade dos alunos para os fatos que contribuíram para se chegar as teorias que hoje, explicam fenômenos do cotidiano deles. Estes assuntos podem render muitas discussões e debates, despertando ainda mais a curiosidade destes. Através dessas reflexões o presente trabalho objetivou saber como estava o entendimento dos alunos a respeito do tema Radioatividade, visto que com o decorrer dos anos observamos que em muitas salas de aulas os conteúdos se tornam mais ausentes, seja por falta de tempo, condições de trabalho ou até mesmo despreparo dos professores.


MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi realizado em quatro escolas, sendo três públicas (Arthur Vargas, Honório Lima e Nazira Salomão) e uma particular (Moraes Bastos) na modalidade Ensino Médio Regular, no município de Angra do Reis, alcançando um quantitativo de 143 estudantes. Apresentou-se inicialmente aos alunos um questionário contendo quatro perguntas, sendo estas discursivas e objetivas, a fim de saber como estava o entendimento destes com o tema Radioatividade. Após a aplicação do questionário os mesmos foram recolhidos e nesse momento foi realizada uma apresentação através de slides e vídeos (selecionados do site YouTube - que retratam o conteúdo de forma interessante e didática) abordando um breve histórico da radioatividade e sua descoberta, a sua definição, contribuições, sendo elas positivas e negativas, assim como também os acidentes causados no mundo, em especial o de Goiânia (Brasil) e Fukushima (Japão), sendo este último devido a atualidade do acontecimento. Durante a apresentação realizou-se um diálogo aberto (sobre os tópicos abordados) entre os alunos assim como com os pesquisadores. Ao término das atividades fez-se uma entrevista com o professor de Química responsável pelas turmas do Colégio Estadual Arthur Vargas abordando questões sobre: ”Você teve alguma disciplina que abordava o tema radioatividade na graduação?; Você aborda o tema Radioatividade na sua disciplina? Se sim, como o assunto é abordado?”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dos 143 alunos participantes da pesquisa verificou-se que 72,7% relataram o ocorrido na cidade de Fukushima, no Japão. Este alto índice deve-se a atualidade e a alta veiculação sobre o caso nos meios de comunicação. O acidente de Chernobyl foi registrado com 26,6%. Este valor é considerável devido ao período em que o acidente ocorreu e por ser o primeiro acidente nuclear correlacionado a usinas e uma minoria de 5,6% citou o acidente de Goiânia. A descrição da radioatividade através de um desenho foi solicitada no questionário aplicado, onde muitas respostas se repetiam e foram separadas, portanto, em grandes grupos. No grupo símbolos associados a radioatividade aproximadamente 28% dos estudantes desenharam o símbolo da radioatividade (trifólio) e de perigo. Outro grupo de destaque foi o desenho das usinas. 18,5% dos alunos representaram através de desenho a radioatividade com as próprias usinas da região. O grupo relacionado à tecnologia foi registrado por 12,8% dos alunos, onde encontrou-se desenhos de celulares, micro-ondas, rádio, pilha/bateria, TV. De forma interessante durante a análise dos dados foi verificado a presença de imagens de personagens de desenhos animados constatando que o aluno estabelece uma relação do assunto com o conteúdo deparado em revistas em quadrinhos, séries, desenhos e filmes. Por fim, os alunos foram argüidos em qual série ou em qual período da vida escolar, eles se depararam com o tema radioatividade e aproximadamente 44% deles registraram ter aprendido ou ouviram falar sobre o assunto no ensino fundamental. Outros 30% tiveram o contato do tema no decorrer do ensino médio e 3% dos estudantes possuem o conhecimento sobre o assunto através da mídia, ou por conversas informais, internet, etc, ou seja, outros meios diferentes do ambiente escolar. Em contrapartida 10% dos alunos nunca ouviram sobre o tema e 11% não responderam a questão.

CONCLUSÕES: A imagem transmitida é que muitos alunos sabem sobre o assunto de maneira superficial e não estabelecem uma relação do conteúdo com o cotidiano. A contextualização inter-relaciona conhecimentos diferentes contribuindo para a estruturação de novos significados (SILVA, R. T. et al). E esses significados incorporam valores, favorecendo, assim, a formação de cidadãos com capacidade de discutir questões ambientais, sociais, econômicas e tecnológicas (WARTHA e FALJONI-ALÁRIO, 2005). Muitos só tiveram noção da complexidade do assunto a partir dos vídeos exibidos e do espaço que foi aberto para perguntas e discussões durante a apresentação, após o recolhimento dos questionários, no qual experiências foram trocadas ocorrendo, assim, uma reflexão sobre o tema.

AGRADECIMENTOS: Ao Colégio Estadual Arthur Vargas, Colégio Estadual Nazira Salomão, Colégio Estadual Honório Lima, Centro Educacional Moraes Bastos e à todos os estudantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Orientações curriculares para o ensino médio. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias / Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. p. 135. v.2
[2] BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio/ Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2000. p. 136.
[3] SILVA, R. T. et al. Contextualização e experimentação: uma análise dos artigos publicados na seção “Experimentação no ensino de Química” da revista “Química Nova na Escola” 2000-2008. Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciência, [S. I.], v.11, n.2, p. 245-261, dez. 2009.
[4] WARTHA, E.J. e FALJONI-ALÁRIO, A. A contextualização no ensino de Química através do livro didático. Química Nova na Escola, São Paulo, n. 22, 2005, p. 42-47.