ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: EDUCAÇÃO EM AMBIENTES NÃO FORMAIS: O ENSINO DE QUÍMICA NA COMUNIDADE RIBEIRINHA DE MELGAÇO – ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ – PARÁ

AUTORES: SANTOS, W.C.B. (UFPA) ; MARTINS, T.A. (UFPA) ; GALVÃO, C.F. (UFPA) ; CAMPOS, J.L. (UFPA) ; MACHADO, J.R.C (UFPA)

RESUMO: O “aprender” é algo intrínseco ao comportamento humano sendo estimulado no individuo
desde o seu nascimento e, como tal, pode ser trabalhado individualmente ou em grupo,
conforme os contextos sociais, econômicos, ambientais no qual este está inserido. O
presente trabalho foi desenvolvido no município de Melgaço – Arquipélago do Marajó –
Estado do Pará, durante a realização do 14º encontro Programa Campus Flutuante/
IFNOPAP, o qual analisou qualitativamente o ensino de Química em um ambiente não formal
de educação por meio de oficina ministrada à comunidade ribeirinha. Percebeu-se que o
público tornou-se consciente dos malefícios do descarte inadequado do óleo de cozinha
utilizado, adquirindo uma atitude mais crítica em relação à química ambiental.

PALAVRAS CHAVES: saponificação, ensino de química, meio ambiente

INTRODUÇÃO: Segundo Gohm (1999), a educação não formal pode ser definida como a que proporciona a
aprendizagem de conteúdos da escolarização formal em espaços como museus, centros de
ciências, ou qualquer outro em que as atividades sejam desenvolvidas de forma bem
direcionada, com um objetivo definido.
O Programa Campus Flutuante/ IFNOPAP (O Imaginário nas Formas Narrativas Orais
Populares da Amazônia Paraense) realizou o 14º encontro no período de 10 a 18 de
setembro de 2010 em três municípios do arquipélago do Marajó – Breves, Portel e
Melgaço.
A escolha destes municípios deveu-se por esta região ser definida como o primeiro
alvo das ações do Programa de estudos Geobioculturais da Amazônia Campus Flutuante,
além das carências mais significativas detectadas nas comunidades marajoaras, tais
como: alto índice de homicídio entre jovens, prostituição infantil, e problemas de
infraestrutura, saneamento básico, entre outros.
Dentre os três municípios participantes do projeto, Melgaço foi o escolhido como foco
de estudo para elaboração deste trabalho.
O objetivo do presente trabalho baseia-se em analisar qualitativamente o ensino de
Química em um ambiente não formal de educação. O trabalho foi desenvolvido mediante a
apresentação de uma oficina intitulada “Produção de sabão a partir do
reaproveitamento do óleo de fritura” destinada às pessoas da comunidade do município.


MATERIAL E MÉTODOS: A oficina “Produção de sabão a partir do reaproveitamento do óleo de fritura” foi
realizada na “EEEFM Abel Figueiredo”, na qual foi previamente solicitada pelos
membros do projeto a coleta do óleo de fritura ao público-alvo (comunidade
ribeirinha) do município em questão.
A oficina de reciclagem foi dividida em dois momentos (teoria e prática). Na parte
teórica foram abordadas questões ambientais referentes ao descarte desordenado do
óleo de frituras no meio ambiente. Na parte prática foram abordados conceitos
químicos inerentes ao processo de obtenção do sabão em barra, tais como: óleos,
gorduras, solubilidade, pH, detergentes, reação de saponificação, entre outros.
No primeiro momento houve a explanação a cerca da problemática do descarte de óleo no
meio ambiente e a abordagem teórico-cientifica inerente a produção de sabão, por
parte dos palestrantes para um número significativo de pessoas na “EEEFM Abel
Figueiredo”. Em seguida, coube aos participantes procederem com a metodologia
apresentada durante a exposição da oficina, quanto a produção do sabão.
A seguir apresenta-se o procedimento de obtenção do sabão:


1) Dissolve-se a soda cáustica em água (com prévio aquecimento);
2) Adiciona-se esta solução a 1L de óleo de fritura (devidamente filtrado);
3) Agita-se a mistura até a obtenção de uma emulsão pastosa ;
4) Armazenar durante 8 dias em local seco.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Partindo-se da aplicação do conhecimento cientifico em ambientes não formais de
educação (conhecimento popular) foi possível utilizar a oficina como uma estratégia
de ensino na conscientização ambiental no meio comunitário, no que diz respeito à
reciclagem do óleo de fritura.
O sabão produto obtido a partir do reaproveitamento do óleo de fritura é uma
substância resultante da hidrólise alcalina (saponificação) de uma gordura de origem
vegetal ou animal. Os óleos vegetais são constituídos predominantemente de
substâncias como triglicerídeos, que são ésteres formados a partir de ácidos
carboxílicos de cadeia longa (ácidos graxos) e glicerol (ALBERICI & PONTES, 2004).

A idéia de reciclagem trabalhada durante a realização do projeto de extensão concedeu
aos habitantes locais o desenvolvimento mais amplo do papel do cidadão consciente,
quanto aos problemas ambientais gerados pelo acúmulo de óleo nos rios, pias, ralos,
ente outros.
Ao final da exposição das idéias, percebeu-se uma postura diferenciada adotada pelos
participantes do projeto quanto ao destino dado aos resíduos de óleos de suas casas,
já que no inicio quando indagados a cerca do que faziam com o óleo utilizado em suas
atividades cotidianas relataram despejá-los no solo ou em córregos. Após a
apresentação da oficina, os moradores perceberam que está prática corriqueira ao seu
cotidiano é prejudicial, tanto para o meio ambiente quanto para a comunidade
ribeirinha, uma vez que, o sustento para suas necessidades provêm dos rios.






CONCLUSÕES: Com a apresentação da oficina foi possível aliar conhecimento cientifico ao
conhecimento popular inerente a comunidade ribeirinha em questão.
A produção de sabão por meio do reaproveitamento de óleo de fritura permitiu aos
ribeirinhos refletir sob o descarte desordenado deste produto no meio ambiente, assim
como desenvolver uma atividade econômica lucrativa com a possível venda do sabão.
Dessa forma, pode-se inferir que a transmissão do conhecimento construída em ambientes
não formais foi significativa para a formação cidadã do homem, assim como aproximou a
comunidade dos saberes científicos.

AGRADECIMENTOS: Ao Projeto de Extensão Programa Campus Flutuante/ IFNOPAP e à UFPA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALBERICI, R. M.; PONTES, F. F. F. RECICLAGEM DE ÓLEO COMESTÍVEL USADO ATRAVÉS DA FABRICAÇÃO DE SABÃO. Eng.ambient., Espírito Santo do Pinhal, v.1, n.1, p.073-076, 2004

GOHM, M. G. EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E CULTURA POLÍTICA. IMPACTOS SOBRE O ASSOCIATIVISMO DO TERCEIRO SETOR. São Paulo, Cortez, 1999.

EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL: http://www.dhnet.org.br/dados/pp/edh/br/pnedh1/nao_formal_pnedh.pdf acesso em: 10/12 /2010