ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ANÁLISE DA QUALIDADE E ATIVIDADE ANTIACETILCOLINESTERASE DE MÉIS DE Apis mellifera ORIUNDOS DA PARAÍBA E CEARÁ

AUTORES: PAZ, C.B. (UECE) ; LIBERATO, M.C.T.C. (UECE)

RESUMO: RESUMO: Amostras de méis de Apis mellifera oriundos da Paraíba e do Ceará foram analisadas com relação às suas características físico-químicas e suas atividades antiacetilcolinesterase. Os resultados mostraram tratar-se de méis de boa qualidade e com uma inibição da enzima acetilcolinesterase pouco abaixo do padrão usado, o alcalóide fisostigmina. O presente trabalho teve como objetivos a caracterização físico-química e a avaliação da atividade antiacetilcolinesterase.

PALAVRAS CHAVES: mel, acetilcolinesterase, inibição

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Pesquisas indicam que o mel contém cerca de 200 substâncias sendo considerado de grande importância na medicina tradicional, tendo sido usado desde a antiguidade. O uso do mel para tratamento de queimaduras, problemas gastrointestinais, asma, feridas infectadas, e úlceras da pele, foi redescoberto nos tempos atuais (KÜÇÜK et al., 2007). O mel é, portanto, uma complexa mistura de carboidratos e de compostos minoritários, produzidos na natureza. A composição química do mel é dependente em grande parte dos tipos de flores utilizadas pelas abelhas, assim como também, pelas condições regionais e climáticas. Os açúcares representam a porção maior da composição do mel (95-99% de sólidos do mel) enquanto que as proteínas, aldeídos aromáticos, ácidos carboxílicos aromáticos e seus ésteres, derivados de carotenóides, terpenóides, flavonóides e outros aparecem em menores proporções. Muitos, desta ampla gama de constituintes menores presentes no mel, apresentam propriedades antioxidantes, destacando-se entre estes os compostos fenólicos que também contribuem para exaltar as suas qualidades sensoriais (MUÑOZ & COPAJA, 2007). O objetivo desse trabalho foi comparar aspectos qualitativos dos méis de Apis mellifera oriundos das cidades de Barbalha e Massapê no Ceará e um mel proveniente da Paraíba bem como suas atividades antiacetilcolinesterase.

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: Obtenção das Amostras: As amostras foram obtidas de apicultores em cada local de coleta. Determinação de pH: Foi obtido por potenciometria (BRASIL, 2000). Determinação de Umidade: Foi obtida pela determinação do índice de refração do mel a 20°C, convertido para o conteúdo de umidade através da tabela de Chataway (BRASIL, 2000). Determinação do HMF: O HMF serve como indicador da qualidade do mel, pois quando é formado provavelmente já pode ter ocorrido perda de enzimas, como a glicose-oxidase. Reação de Lugol: Na presença de glicose comercial, a solução de mel com lugol fica colorida de vermelho violeta a azul. A intensidade da cor depende da qualidade e da quantidade das dextrinas na glicose comercial. Determinação do Teor de Proteínas: foi usado o Teste de Lund que se baseia na precipitação de proteínas do mel pelo ácido tânico (IAL, 1985). No mel puro, forma-se um depósito de 0,6 a 3,0 mL. No mel adulterado, não há formação de depósito ou ele será desprezível. Determinação da Atividade Antiacetilcolinesterase: Consiste em um ensaio adaptado para cromatografia em camada delgada por RHEE et al. (2001). Foram utilizadas soluções dos reagentes ácido 5,5’-ditiobis-2-nitrobenzóico (DTNB) e iodeto de acetilcolina (ATCI) em tampão. As amostras foram aplicadas na cromatoplaca. Após a evaporação do solvente pulverizou-se o substrato (ATCI, 1mM em tampão) e o reagente de Ellman (DTNB, 1 mM em tampão 1). Após secagem por 3 a 5 minutos, borrifou-se a enzima a uma concentração de 3 U/mL, e após 10 minutos a cromatoplaca desenvolveu uma coloração amarela. O aparecimento de halos brancos em torno das amostras indicaram a inibição da enzima AChE. Após verificação do tamanho dos halos, comparou-se com o padrão fisostigmina.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os méis analisados apresentaram resultados de acordo com a literatura quanto aos padrões de qualidade relativos ao pH, Lund, Lugol, e Umidade. Quanto ao Teste de Fiehe, eles mostraram presença de Hidroximetilfurfural (HMF). Esse dado pode não significar adulteração, mas ser resultado de altas temperaturas nos locais de coleta. Quanto aos valores da inibição da atividade antiacetilcolinesterase ficaram abaixo do valor de inibição do alcalóide fisostigmina usado como padrão. A umidade do mel pode ser influenciada pela origem botânica, condições climáticas e geográficas ou pela colheita do mel antes da maturidade. Normalmente, no mel maduro há menos de 18,5% de umidade (Seemann e Neira, 1988; Cano et al., 2001). Acima desse valor, haverá risco de fermentação. A variação observada no pH dos méis é provável que se deva à composição florística nas áreas de coleta, já que poderá ser influenciado pelo pH no néctar. Quanto aos resultados da Reação de Fiehe, o mel recém-extraído contém pouca quantidade de HMF. Porém se armazenado em temperaturas elevadas ou aquecido a temperaturas superiores a 40 °C, os açúcares contidos, especialmente a frutose, transformam-se em HMF por desidratação. Quanto aos resultados da Reação de Lund, sabe-se que na presença de mel adulterado, não haverá formação de depósito ou ele será desprezível. Um depósito acima de 3,0 mL indica mel de má qualidade. Nesse estudo o depósito de proteína ficou entre 0,8 a 2,0 mL, indicando que nenhum mel apresentou adulteração. Na análise da inibição da acetilcolinesterase pelos méis estudados houve uma variação no halo de 0,6-0,7mm, enquanto o da fisostigmina, usado como padrão foi de 0,9. Os resultados estão de acordo com os dados encontrados por LIBERATO et al. (2011).

CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: Os méis estudados apresentaram resultados que caracterizam méis de boa qualidade. Quanto à inibição da atividade antiacetilcolinesterase o mel oriundo do estado da Paraíba apresentou o valor mais próximo do padrão fisostigmina.


AGRADECIMENTOS: Agradeço a Universidade Estadual do Ceará - UECE e ao Laboratório de Produtos Naturais e Laboratório de Biotecnologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS
BRASIL. Instrução Normativa do Ministério da Agricultura e do Abastecimento. 2000.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Vol. 1 Métodos Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. São Paulo (SP). 2005.
KÜÇÜK, M.; KOLAYH, S.; KARAOĞLU, Ş.; ULUSOY, E.; BALTACI, C.; CANDAN, F. 2007. Biological activities and chemical composition of three honeys of different types from Anatolia. Food Chemistry, 100: 526-534.
LIBERATO, M. C. T. C., MORAIS, S. M., SIQUEIRA, S. M. C., MENEZES, J. E. S. A., RAMOS, D. N., MACHADO, L. K. A., MAGALHÃES, I. L. 2011. Phenolic contents, antioxidant and antiacetylcholinesterase properties of honeys from different floral origins. Journal of Medicinal Food, 14(6): 658-663.
MUÑOZ, O. & COPAJA, S. 2007. Contenido de Flavonoides y Compuestos Fenólicos de Mieles Chilenas e Índice Antioxidante. Química Nova, 30 (4): 848-851.
SEEMANN, P.; NEIRA, M. 1988. Tecnologia de la producción apícola. Valdivia: Universidad Austral de Chile Facultad de Ciencias Agrarias Empaste. 202p.
RHEE, I. K., MEENT, M., INGKANINAN, K., VERPOORTE, R. 2001. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity staining. Journal of Chromatography A, 915: 217-223.