ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ESTUDO COMPARATIVO DE METAIS E MINERAIS DE AMOSTRAS DE PÓLEN APÍCOLA PRODUZIDOS NO CEARÁ E NO RIO GRANDE DO SUL

AUTORES: ALVES, P.F. (UECE) ; GARCIA, M.M.L. (UECE) ; MACEDO, A.S. (UECE) ; LIBERATO, M.C.T.C. (UECE) ; MAGALHAES, C.E.C. (UECE)

RESUMO: Com o objetivo de se conseguir dados que caracterizem o perfil físico-químico do pólen apícola brasileiro, realizou-se este estudo com pólens do Ceará e do Rio Grande do Sul, obtidos através de apicultores em cada região de coleta. O estudo concentrou-se nas análises de minerais e metais através de métodos de espectrometria atômica. Foram analisados, em ambas as amostras, os teores de Na, K, Fe, Ca, Mg, Zn, Cu, Se, As, Cd e Pb. Nas amostras analisadas nesse estudo, o teor de magnésio foi superior aos demais minerais, seguido do cálcio e do potássio.

PALAVRAS CHAVES: pólen apícola, minerais, metais.

INTRODUÇÃO: O pólen é formado por minúsculos grãos, localizados nas anteras dos estames da flor de onde é coletado pelas abelhas e levados para a colônia para utilização no preparo do alimento das larvas jovens em decorrência do alto valor nutritivo, rico em proteínas, minerais e vitaminas (WIESE, 1995). As abelhas coletam o pólen das flores que adere aos pêlos do seu corpo quando em contato com os estames. Em seguida eles são escovados com os pentes tibiais, e os grãos aglutinados em bolotas ou grânulos (BREYER, 2007). Depois de pousar em várias flores a abelha recolhe os grãos de sua cabeça, tórax e abdômen, transferindo-os com ajuda das patas dianteiras e intermediárias colocando-os nas corbículas. A abelha transporta o pólen até a colméia, onde é depositado nos alvéolos dos favos. Cada pólen tem suas características específicas ligadas às espécies florais e cultivares visitadas pelas abelhas. Ele pode ser monofloral, quando há uma única origem botânica mantendo as propriedades organolépticas e bioquímicas da planta original. Quando a oferta de plantas poliníferas na área em volta do apiário não é suficiente, as abelhas visitam outras flores ou misturam bolotas de pólen de várias flores. Esse pólen passa a ser chamado de heterofloral ou polifloral e possui propriedades bioquímicas variadas (BARRETO et al., 2006). O pólen é necessário às abelhas como alimento protéico e desta forma ele é consumido pelas operárias para a produção de cera e geléia real. É ainda fornecido às larvas que possuem um desenvolvimento rápido, pois em apenas seis dias as larvas que eclodiram dos ovos multiplicam muitas vezes seu peso e tamanho. Desta forma elas necessitam de um alimento rico para que possam conseguir este grande desenvolvimento num período de tempo tão curto (BREYER, 2007).

MATERIAL E MÉTODOS: Obtenção das Amostras: Foram usadas amostras de pólen do Ceará e do Rio Grande do Sul, obtidas através de apicultores em cada região de coleta. Obtenção dos minerais: Foram pesados, em tubos de teflon, aproximadamente 1g de pólen moído. Em seguida adicionado em média 5mL de ácido nítrico P.A. e levado à chapa aquecedora para ser feita a digestão da matéria orgânica presente no pólen. Após a completa digestão de toda esta matéria orgânica, as amostras foram transferidas para balões de 25 mL e aferidas com água reagente. Depois de centrifugadas, foram lidas em espectrofotômetro de absorção atômica de chamas em comprimento de onda específico para cada mineral (Na, K, Fe, Ca, Mg, Zn e Cu). O mercúrio foi lido em absorção atômica com gerador de hidretos. Selênio, arsênio e cádmio, foram lidos em absorção atômica com forno de grafite.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: A composição química do pólen varia com a origem floral, condições ambientais, climáticas, geográficas, idade e estado nutricional da planta e estações do ano. Analisando 20 amostras de pólen apícola de várias regiões da Espanha, SERRA BONVEHÍ e ESCOLÀ JORDÀ (1997) encontraram uma grande variedade de minerais, onde o potássio foi predominante (59% do total), seguido pelo fósforo, cálcio, sódio e magnésio (39,9%). Os elementos ferro e zinco encontrados no pólen, perfazem 15% da dose diária recomendada (RDA), sendo que o teor de zinco chega a se apresentar em maior proporção do que em outros produtos apícolas. Segundo WESH e MARSTON (1983), a presença de zinco, cobre, ferro e uma alta taxa de potássio/sódio tornam o pólen apícola um alimento interessante para dietas com um balanço eletrolítico definido. Os resultados obtidos nesse trabalho estão disponíveis nas tabelas 1 e 2. Ambas as amostras possuem proporções parecidas, apresentando o magnésio seguido do cálcio e do potássio em maiores quantidades e os teores de selênio, chumbo e ferro muito próximos. O pólen do Ceará apresentou um teor de sódio quatro vezes maior e o arsênio também teve uma quantificação superior que nas amostras gaúchas. O pólen do Rio Grande do Sul superou o do Ceará nos teores de magnésio e mercúrio.







CONCLUSÕES: As diferenças observadas nos resultados encontrados nesse trabalho são devidas às variações de origem botânica e geográfica das amostras, além de ações do próprio homem provenientes da poluição ou do uso de agrotóxicos.

AGRADECIMENTOS: Laboratório Clementino Fraga

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARRETO, L. M. R. C.; FUNARI, R. C.; ORSI, R.O.; DIB, A.P.S. Produção de pólen no Brasil. Taubaté, SP, Cabral Editora e Livraria Universitária, 100p, 2006.
BREYER. O pólen apícola. Disponível em: http://www.breyer.ind.br/apicultura/apicultura_polen.htm. Acesso em: 20 de setembro de 2007.
SERRA BONVEHÍ, J.; ESCOLÀ JORDÀ, R. 1997. Nutrient composition and microbiological quality of honeybee-collected pollen in Spain. Journal Agricultural and Food Chemistry, 45 (3): 725-732
WESH, S. O.; MARSTON, R. M. Nutritional Bioavailability of Zinc, Inglett, G. E., Ed.: ACS Symposium Series 210; American Chemical Society: Washington, DC, Chapter 2, 1983.
WIESE, H. Novo manual de apicultura. Livraria e Editora Agropecuária,
Guaíba, RS, 292 p, 1995.