ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: POTENCIAL ANTIFÚNGICO EM ALCALÓIDES, CUMARINAS E CROMONA FRENTE A VASSOURA-DE-BRUXA (Moniliophthora perniciosa) DO CUPUAZUZEIRO

AUTORES: LIMA, M. P. (UFAM) ; MÁXIMO, A. C (INPA, UFAM) ; VERAS, S. M. (UFAM) ; SOUZA, M. G. (EMBRAPA) ; HAYASIDA, W. (INPA, UFAM) ; MAGALHÃES, L. A. M (INPA, UFAM) ; MOREIRA, W. A. S. (INPA, UFAM)

RESUMO: O fungo Moniliophthora perniciosa é o agente causador da vassoura-de-bruxa do cupuaçuzeiro [Theobroma grandiflorum. O controle do fungo por meio de agrotóxicos pode propiciar o surgimento de patógenos resistentes, intoxicação humana e animal além do desequilíbrio ambiental. O presente trabalho teve como objetivo a avaliação de substâncias de origem vegetal frente a M. perniciosa. O isolamento do fungo foi feito através de basidiocarpos coletados de vassouras secas. O ensaio antifúngico foi realizado em meio de cultura BDA utilizando-se substâncias na concentração de 100 µg/mL. O maior percentual de inibição foi do alcalóide casimiroina (100%) e o menor da cromona lorettina (4,5%). Os percentuais de inibição das cumarinas foram 88,3% da xantiletina e 21,0% da escopoletina.



PALAVRAS CHAVES: fitopatogênico, casimiroina, xantiletina

INTRODUÇÃO: Entre as pragas de interesse econômico na região amazônica, destaca-se o fungo Moniliophthora perniciosa (Stahel) Aime & Phillips-Mora, agente causador da vassoura-de-bruxa do cupuaçuzeiro [Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum]. Considerada a principal doença dessa cultura, é endêmica no Amazonas, podendo o patógeno levar a perdas de até 100% se medidas efetivas de controle não forem adotadas (Silva et al. 2007). O controle de M. perniciosa por meio de agrotóxicos pode propiciar o surgimento de patógenos resistentes além causar intoxicação humana e animal, bem como desequilíbrio ambiental (Ghini e Kimati 2000). A literatura registra o potencial de diferentes tipos de substâncias para o controle de fungos fitopatogênicos como exemplificado pelos alcalóides de Ruta graviolens (Rutaceae) que apresentam inibição do crescimento dos fungos causadores de antracnose Colletotrichum fragariae, C. acunata e C. gloeosporioides (Oliva et al. 2003). Considerando que a Amazônia é uma grande fonte de recursos naturais para obtenção de princípios ativos, o presente trabalho teve como objetivo a avaliação de substâncias de origem vegetal frente a M. perniciosa, como uma alternativa no controle da vassoura-de-bruxa.

MATERIAL E MÉTODOS: O isolamento do fungo foi feito através de basidiocarpos coletados de vassouras secas no campo experimental da EMBRAPA. Para o ensaio microbiológico, alíquota de solução de amostra (substância X DMSO) em quantidade apropriada para a concentração final de 100 µg/mL foi incorporada em 20 mL de meio BDA fundente. A amostra foi vertida em placa de Petri e, após sua solidificação, discos miceliais de 8 mm (diam.) foram colocados no centro da placa. A incubação foi realizada em B.O.D. e a avaliação realizada pela observação da formação e medição do halo de inibição do crescimento fúngico nas placas, quando as colônias fúngicas das placas testemunhas cobriram toda a superfície do meio. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, o experimento foi feito em triplicata e controle negativo. A porcentagem de inibição do crescimento micelial (P.I.C.) foi calculada conforme expressa pela fórmula (Edginton et al. 1971):
P.I.C. = cresc. testemunha-cresci. tratamento/cresc.testemunha x 100


RESULTADOS E DISCUSSÃO: As substâncias submetidas ao ensaio antifúngico foram previamente isoladas em nosso laboratório e conforme mostra a tabela 1 o alcalóide casimiroina foi o que apresentou maior potencial de inibição. Comparando a inibição das cumarinas CM-1, CM-2 e a cromona CR-1 pode ser deduzido que o anel pirano e núcleo coumarínico são importantes para a atividade frente ao fungo M. perniciosa. Considerando a alta atividade detectada da casimiroina em 100 µg/mL, realizaram-se testes em concentrações baixas (1-0,5 µg /mL), portanto em 1 µg /mL a atividade antifúngica foi encontrada ente 56,6-60,0%. Assim, concentrações intermediárias dessa substância serão testadas (entre 100-1µg/mL). Os alcalóides do tipo quinolona e cumarinas têm sido relatados pelo potencial no combate a fungos filamentosos do gênero Colletotrichum e Phomopsis e nas espécies de Fusarium oxysporum e Botrytis cinerea (Oliva et al. 2003). As cumarinas também mostram potencial para outros fungos como exemplificado pela xantiletina que apresentou potencial no desenvolvimento do fungo simbiótico (Leucoagaricus gongylophorus) das formigas cortadeiras Atta sexdens (Godoy et al. 2005). Ressalta-se que em relação às substâncias mais ativas (casimiroina, e xantiletina ) no ensaio que realizamos com M. perniciosa, não há relatos prévios sobre sua ação em fungos fitopagênicos.





CONCLUSÕES: O ensaio antifúngico realizado em M. perniciosa permitiu a avaliação do potencial de substâncias de diferentes esqueletos na concentração de 100 µg/mL onde o alcalóide do tipo 2-quinolona conhecido na literatura como casimiroina apresentou alto percentual de inibição.



AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao CNPq pelo auxílio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Aime, M. C.; Phillips-Moura, W. The causal agents of witches’ broom and frosty pod rot of cacao (chocolate, Theobroma cacao) form a new lineage of Marasmiaceae. Mycologia, 97, 5, 1012 -1022, 2005.

Edginton, L. V.; Knew, K. L.; Barron, G. L. Fungitoxic spectrum of benzimidazole compounds. Phytopathology, 61,1, 42-44, 1971.

Ghini, R.; Kimati, H. Resistência de fungos a fungicidas. 1ª edição. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, São Paulo. 78p, 2000.

Godoy, M. F. P.; Victor, S. R.; Bellini, A. M.; Guerreiro, G.; Rocha, W. C.; Bueno, O. C.; Hebling, M. J. A.; Bacci-Jr, M.;. Silva, M. F. G. F.; Vieira, P. C.; Fernandes, J. B.; Pagnocca, F. C. Inhibition of the symbiotic fungus of leaf-cutting ants by coumarins. J. Agric. Food Chem., 16, 3B, 669-672, 2005.

Oliva, A.; Meepagala, K. M.; Wedge, D. E.; Harries, D.; Hale, A. L.; Aliotta, G.; Duke, S. O. Natural fungicides from Ruta graveolens L. leaves, including a new quinolone alkaloid. J. Agric.Food Chem., 51, 4, 890-896, 2003.

Silva, N. M.; Lopes, C. M. D. A.; Nery, D. S. Manejo integrado da broca do fruto do cupuaçuzeiro. Cartilha de Difusão, INPA/UFAM/PPD/PPG-7, Manaus, 15p, 2007.