ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ESTUDOS COMPORTAMENTAIS DA BELLIS PERENNIS EM CAMUNDONGOS NO MODELO DE CONVULSÃO INDUZIDO POR PILOCARPINA

AUTORES: CARVALHO, R.B.F. (UFPI) ; ALMEIDA, A.A.C. (UFPI) ; SILVA, O.A. (UFPI) ; MARQUES, T.H.C. (UFPI) ; FEITOSA, C.M. (UFPI) ; FREITAS, R.M. (UFPI)

RESUMO: A margarida comum (Bellis perennis) é uma herbácea perene, distribuída na Europa e Norte da África. A floração da planta inteira tem sido utilizada para contusões, hemorragias, dores musculares, doenças purulentas de pele e reumatismo na medicina popular européia. Devido ao seu uso popular como planta medicinal, decidiu-se investigar as alterações comportamentais em camundongos Swiss machos adultos tratados com o extrato etanólico das flores (EEF) no modelo de convulsão induzido por pilocarpina. O EEF foi administrado por via intraperitoneal na dose de 50, 100 e 150 mg/kg. Nossos resultados demonstram que o EEF de Bellis perennis nas três doses testadas apresentou efeito anticonvulsivante em camundongos no modelo de convulsão induzido por pilocarpina.

PALAVRAS CHAVES: bellis perennis, convulsão, pilocarpina.

INTRODUÇÃO: A Bellis perennis, popularmente conhecida como margarida comum tem sido usada tradicionalmente na medicina popular do Brasil, no tratamento de reumatismo e como expectorante. Diante do exposto e levando em consideração estudos anteriores realizados por vários grupos de pesquisa, tornou-se de extrema relevância o estudo comportamental da B. perennis em camundongos no modelo de convulsão induzido por pilocarpina. Diferentes modelos de convulsão em animais são bas¬tante utilizados para estudar a fisiopatologia do proces¬so convulsivo, uma vez que reproduz alterações com¬portamentais, eletroencefalográficas e neuroquímicas que são semelhantes à epilepsia do lobo temporal em humanos (FREITAS, 2011). A epilepsia é uma doença prevalente na infância e adolescência, e pode causar um impacto importante na vida escolar, social e emocional (KONESKI, CASELLA, 1997; MARQUES et al., 2011). Essa doença pode ser considerada um agente de risco para problemas emocionais e depressivos, enquanto que o prejuízo cognitivo esta relacionado a problemas comportamentais, em especial problemas de conduta e transtornos psiquiátricos (THOME-SOUZA et al., 2004; TURKY et al., 2008; SHERMAN et al., 2010; MARQUES et al., 2011). O modelo de epilepsia induzido por pilo¬carpina é utilizado para estudar o envolvimento dos diferentes sistemas de neurotransmissores como mo¬duladores da epileptogênese, e ainda permite investi¬gar as alterações comportamentais, histopatológicas, e outros parâmetros neuroquímicos relacionados com a atividade epiléptica (FREITAS, 2011).

MATERIAL E MÉTODOS: No presente estudo, trinta e cinco camundongos Swiss machos, adultos (2 meses de idade, 25-30g), provenientes do Núcleo de Tecnologia Farmacêutica (NTF) da Universidade Federal do Piauí, foram divididos em cinco grupos. O grupo controle foi tratado com solução salina 0,9% (intraperitoneal (i.p.), n=7). O grupo P400 foi tratado com pilocarpina (400 mg/kg, i.p., n=7). Os grupos EEF + P400 foram pré-tratados de forma aguda com o extrato etanólico das flores (EEF) na dose de 50, 100 e 150 mg/kg (i.p), e, 30 min após a dose de EEF, os animais receberam pilocarpina (400 mg/kg, i.p, n=7). Todos os grupos foram observados durante 24 h após os tratamentos para a determinação de sinais colinérgicos periféricos (miose, piloereção, cromodacriorréia, salivação, diarréia e diurese), movimentos estereotipados (aumento da atividade de roer, coçar, mastigar e wet-dog shakes (ato de sacudir – semelhante a um cachorro molhado)), tremores, convulsões (incluindo movimentos clônicos das extremidades superiores que ocorrem em aproximadamente 30 minutos após administração da pilocarpina), estado de mal epiléptico (caracterizado por convulsões motoras límbicas definidas como contínuas quando ocorrem por um período maior que 30 minutos), taxa de sobrevivência, latências para instalação da primeira convulsão (LIPC) e do estado de mal epiléptico (LIEME). Os resultados das latências foram expressas como a Média ± S.E.M em minutos (min) do número de animais usados nos experimentos. Foram utilizados os testes: Análise de Variância (ANOVA) para múltiplas comparações e o teste t de Student-Newman-Keuls como post hoc teste.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados indicam que o grupo controle não apresentou alterações comportamentais características das convulsões induzidas pela pilocarpina. Por sua vez, todos os animais do grupo P400 apresentaram alterações comportamentais, bem como sinais colinérgicos periféricos, movimentos estereotipados, tremores e convulsões. Nesse mesmo grupo não foi observado nenhum índice de sobrevivência durante o período de tratamento. No grupo EEF50 + P400 foi observada uma redução de forma significativa de 33% nos tremores, 72% nos índices das convulsões e no estado de mal epiléptico, como também se verificou uma redução na taxa de mortalidade em 85% em comparação ao grupo P400. No grupo EEF100 + P400 foi observada uma redução de 20% nos Sinais Colinérgicos Periféricos e Tremores, 40% Movimentos Estereotipados, 80% nas Convulsões e 40% na taxa de mortalidade em comparação ao grupo P400. E por fim, no grupo EEF150 + P400 também foi observada algumas alterações comportamentais, como, redução de 13% nos sinais colinérgicos periféricos, 25% nos movimentos estereotipados e estado de mal epiléptico, no entanto, houve um aumento nos tempos para a instalação da primeira convulsão e do estado de mal epiléptico nos grupos EEF50 + P400, EEF100 + P400 e EEF150 + P400 em comparação ao grupo P400.

CONCLUSÕES: O extrato das flores de Bellis perennis apresentou efeito anticonvulsivante nos animais, uma vez que diminuiu o índice de animais que apresentaram convulsão, aumentou da taxa de sobrevivência durante a fase aguda das convulsões, bem como aumentou o tempo necessário para a instalação da primeira convulsão e do estado de mal epiléptico.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FREITAS, R.M. Sistemas de Neurotransmissão Envolvidos no Modelo de Epilepsia: Uma Revisão de Literatura. Neurotransmitter Systems Involved in Epilsepsy Model: A Literature Review. Rev Neurocienc. 2011; 19(1):128-138.

KONESKI, J.; CASELLA, E. Attention deficit and hyperactivity disorder in people with epilepsy.Diagnosis and implications to the treatment. Arq Neuropsiquiatr 2010; 68(1):107-114

MARQUES, T.H.C. ; CARDOSO, K.M.F. ; ALMEIDA, A.A.C. ; TOMÉ, A.R. ; FREITAS, R.M. Behavioral studies and histopathological changes in mice pretreated with Bellis perennis in pilocarpine-induced seizures. Boletín Latinoamericano y del Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas, 2011; - in press.

SHERMAN, E.M.S.; SLICK, D.J.; CONNOLLY, M.B.; EYRL, K.L. ADHD, Neurological correlates and health-related quality of life in severe pediatric epilepsy. Epilepsia 2007; 48:1083-1091.

THOME-SOUZA, S.; KUCZYNSKI, E.; ASSUMPÇÃO, F.; RZEZAK, P.; FUENTES, D.; FIORE, L.; VALENTE, K.D. Which factors may play a pivotal role on determining the type of psychiatric disorder in children and adolescents with epilepsy? Epilepsy Behav 2004; 5:988-994.

TURSKY, A.; BEAVIS, J.M.; THAPARA, K.; KERR, M.P. Psychopathology in children and adolescents with epilepsy: an investigation of predictive variables. Epilepsy Behav 2008; 12:136-144.