ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Relação dos teores de fenóis e flavonóides com a atividade antioxidante das folhas de Ludwigia lagunae e Ludwigia octovalvis.

AUTORES: ROCHA, C. G. (UEMS) ; DUARTE, G. S. V. (UEMS) ; SÚAREZ, Y. R. (UEMS) ; CARDOSO, C. A. L. (UEMS)

RESUMO: O gênero Ludwigia é empregado na medicina popular em cicatrização e hipertensão. Neste
trabalho analisou-se os teores de fenóis, flavonóides e atividade antioxidante das
folhas de L. octovalvis e L. lagunae. As folhas foram colocadas em contato com
solventes de diferentes polaridades. Os extratos obtidos foram diluídos e empregados
nas análises. A análise de agrupamento sugere a formação de dois grupos, sendo o
primeiro composto por folhas de L. lagunae e folhas de L. octovalvis, quando extraídos
por acetato de etila e etanol (4 extrações sucessivas), enquanto o segundo é composto
por folhas de L. octovalvis quando a extração foi realizada com etanol, hexano e etanol
(4 extrações sucessivas) juntamente com L. lagunae extraídas com hexano e etanol.

PALAVRAS CHAVES: ddph, similaridade

INTRODUÇÃO: As espécies do gênero Ludwigia são predominantemente emergentes ou anfíbias (POTT &
POTT, 2000) e em locais onde foram introduzidas tem causado sérios problemas para a
conservação da biodiversidade devido à fragilidade destes ecossistemas, especialmente
no Mediterrâneo (DANDELOT et al., 2008). Esses gêneros também apresentam flavonóides
e triterpenos em sua composição (SHILPI et al., 2010; AVERETT et al.,1990). Ludwigia
octovalvis (Jacq.) P.H. Raven é um planta aquática, parecida com L. lagunae, mas
difere dela pelo fruto roliço longo (5cm) com pendúnculo curto (POTT & POTT, 2000).
Nos atributos na medicina popular sua folha é utilizada na cicatrização de feridas,
tratamento de edemas, nefrites e hipertensão (CHANG et al.,2004). Outros estudos
relatam à presença de alguns tipos de triterpenos (YAN & YANG, 2005). A Ludwigia
lagunae conhecida como erva-de-bicho, também possui efeito de cicatrização de feridas
(POTT & POTT, 2000). O objetivo deste estudo foi analisar a atividade antioxidante
bem como os teores de fenóis e flavonóides e relacionar conjuntamente estes
parâmetros.

MATERIAL E MÉTODOS: A coleta do material foi realizada dia 19 de março de 2010, no Parque Antenor Martins
(Parque do Lago) Dourados-MS, a L. lagunae e L. octovalvis foram depositadas no
herbário da UFMS. O material vegetal in natura foi triturado. Foram preparados
extratos de folhas (1,0000 g). As amostras, separadamente, foram colocadas em contato
com hexano, acetato de etila, etanol, seqüencialmente, para extração de seus
constituintes. Fez-se o mesmo processo com etanol (4 extrações sucessivas), para
comparar a eficiência extrativa dos mesmos. Efetuou-se a separação por filtração
simples e os extratos obtidos foram secos em capela. Os extratos foram diluídos em
metanol para realização dos testes. Para determinação da atividade antioxidante
empregou-se como reagente o DPPH (1,1-difenil-2-picril-hidrazila) com a leitura em
espectrofotômetro de 517nm (KUMARAM & KARUNAKARAM, 2006), para flavonóides empregando
cloreto de alumínio 10% (AlCl3.6H2O) (LIN & YANG, 2007) e leitura 415nm e fenóis
empregando como reagente Folin-Ciocalteau (1:10 v/v) em leitura 760nm (DJERIDANE et
al., 2006).A análise de agrupamento foi realizada para visualizar a similaridade das
folhas das espécies em extratos nos testes de fenóis, flavonóides e atividade
antioxidante, utilizando o método de ligação de UPGMA e distância euclidiana, e o
coeficiente de correlação cofenética foi usado como indicativo de fidelidade do
dendrograma gerada a partir da matriz de similaridade, sendo que o valor mínimo
estabelecido foi de 0,75 para que o dendrograma fosse considerado fiel a matriz de
similaridade (JONGMAM et al., 1995).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos mostraram que os maiores teores de fenóis foram obtidos em L.
octovalvis, enquanto os teores de flavonóides apresentaram os menores valores que L.
lagunae (Figura 1). As duas espécies apresentaram maiores teores nos extratos
etanólicos tanto de fenóis (70,74 a 174,11mg/g) quanto de flavonóides (68,56 a
163,61mg/g). Em L. octovalvis a extração etanólica (4 extração sucessivas) obteve
valores maiores nos testes enquanto a L. lagunae foi o extração etanólica seqüencial
(Figura 1). A presença de grupos fenólicos e flavonóides nas folhas podem evidenciar
uma característica do gênero. Alguns estudos da literatura relatam componentes destas
classes nas plantas (AVERETT et al., 1990; CHANG, 2004). Na atividade antioxidante
observou-se que as concentrações de 500µg/ml nos extratos etanólicos e acetato de
etila apresentaram melhor resposta de percentual de inibição (80,53 a 89,91%).
Enquanto o extrato hexânico apresentou um percentual de 30,41% para L. octovalvis e
9,44% para L. lagunae (Figura 2). Apesar do extrato acetato de etila apresentar um
bom percentual de inibição, na análise de agrupamento de similaridade distanciou-se
dos outros extratos provavelmente pelos baixos teores de fenóis e flavonóides,
diminuindo a similaridade entre os mesmos. O coeficiente de correlação cofenética foi
de R= 0,76, podendo assim considerar dendrograma fiel a matriz de similaridade
original.





CONCLUSÕES: A análise de agrupamento sugere a formação de dois grupos, sendo o primeiro composto
por folhas de L. lagunae e folhas de L. octovalvis, quando extraídos por acetato de
etila e etanol (4 extrações sucessivas), enquanto o segundo é composto por folhas de
L. octovalvis quando a extração foi realizada com etanol, hexano e etanol (4
extrações sucessivas) juntamente com L. lagunae extraídas com hexano e etanol. Desta
forma, a diferenciação entre as espécies de Ludwigia, quanto aos compostos fenólicos,
flanonóides e atividade antioxidante é dependente da metodologia de extração destes
compostos.




AGRADECIMENTOS: FUNDECT, CNPq, MCT e CPP.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AVERETT, J. E., ZARDINI, E. N.; HOCH, P. C. 1990. Flavonoid systematics of ten sections of Ludwigia (Onagraceae). Biochem. Syst. Ecol. 18:529-532.
CHANG, C. I., KUO, C. C., CHANG, J. Y., Kuo, Y. H., 2004. Three new oleanane-type triterpenes from Ludwigia octovalvis with cytotoxic activity against two human cancer cell lines. J. Nat. Prod. 67: 91–93.
DANDELOT, S., ROBLES, C., PECH, N. 2008. Allelopathic potential of two invasive alien Ludwigia spp. Allelopathic potential of two invasive alien Ludwigia spp. Aquatic Botany. 88:311–316.
DJERIDANE, A; YOSFEI,M.; NADJEMI, B; BOUTASSOUNA, D; STOCKER,P.; VIDAL, N. 1996. Antioxidant activity of some segerium medicinal plants extracts containing phenolic compounds. Food Product in. 54.4: 431-435.
JONGMAN, R.H.G., TER BRAAK, C.J.F. & VAN TONGEREN, O.F.R. 1995. Data analysis in community and landscape ecology. Cambridge Univ. Press, Cambridge.
KUMARAN,R.P.; KARUNKARAM,R.J. 2006.Antioxidant and free radical scavenging activity of an aqueos extract of Coleos aromatics. Food Chemistry, 97: 109-114.
LIN, J.Y.; TANG, C. Y. 2007. Determination of total phenolic, and flavonoid contents in selected fruit and vegetables, as well as their stimulatory effects on mouse splenoytes ploriferation. Food Chemistry.101: 140-147.
POTT, V. J.; POTT, A. 2000. Plantas Aquáticas do Pantanal. Brasília: EMBRAPA-CPAP. 404p.
SHILPI, A. J., GRAY, A. I., SEIDEL, V. S. 2010. Chemical constituents from Ludwigia adscendens. Biochemical Systematics and Ecology, 106-10.
YAN, J.  YANG, X.W. 2005. Studies on the Chemical constituents in herb of Ludwigia octovalvis. Zhongguo Zhong Yao Za Zhi,30:1923-1926.