ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ESTUDO FOTODEGRADATIVO E DETERMINAÇÕES DE RENDIMENTO DO ÓLEO ESSENCIAL DE TOMILHO (Thymusvulgaris L.)

AUTORES: COSTA, A. C. S. (UTFPR-TOLEDO) ; SIMSEN, V. L. (UTFPR-TOLEDO) ; ANGNES, R. A. (UTFPR-TOLEDO) ; MONTANHER, S. F. (UTFPR-TOLEDO) ; LOBO, V. S. (UTFPR-TOLEDO) ; ROSA, M. F. (UNIOESTE-TOL)

RESUMO: O trabalho tem por objetivo realizar o estudo fotodegradativo do óleo essencial de tomilho, extraído da planta obtida previamente seca no comércio da cidade de Toledo-PR. Foi realizada a hidrodestilação com Clevenger, e durante o processo determinou-se o rendimento de 1,8950% de óleo. O óleo obtido foi diluído em etanol e realizou-se a fotodegradação em um fotorreator, durante 40 min com leituras em 5 min. As leituras realizadas em um espectrofotômetro UV-Vis constataram pelos espectros que o óleo de tomilho é fotossensível à luz UV, pois houve diminuição da sua banda de absorção.

PALAVRAS CHAVES: hidrodestilação, fotodegradativo, tomilho

INTRODUÇÃO: De acordo com a ISO 9235:1997, óleos essenciais são produtos obtidos de partes de plantas através de destilação por arraste com vapor d’água, bem como os produtos obtidos pelo processamento mecânico dos pericarpos de frutos cítricos (SANTURIO, 2011). Apresentam-se geralmente incolores ou levemente amarelados, com sabor ácido e picante, pouco estáveis em presença de luz, calor e ar, além de serem pouco solúveis em água. Constituem-se em complexas misturas de substâncias voláteis, geralmente lipofílicas (SIMÕES; SPITZER, 1999), cujos componentes incluem hidrocarbonetos terpênicos, álcoois simples, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, etc, em diferentes concentrações, nos quais, um composto farmacologicamente ativo é majoritário. No tomilho, o timol (40%) é o composto ativo majoritário (FARMACOPEA ITALIANA, 1998).
O tomilho (Thymusvulgaris L.) pertence à família Lamiaceae, é um pequeno arbusto com altura de 20 a 30 cm, com poucos ramos, prostrados ou eretos, duros e um pouco lignificados, levemente cobertos de pelos brancos. As folhas são inteiras, pequenas, sésseis, de forma oval, tendo juntamente com os caules, odor apimentado, parecido com o da hortelã. As flores são brancas ou lilases, dispostas em rodelas compactas na parte apical dos muitos ramos que formam a moita e constituem pequenas espigas ralas, destacando-se o verde-cinzento das folhas. Apresentam frutos pequenos e duros, ovais e lisos. Suas propriedades medicinais são antisséptica, cicatrizante, vermífuga e estimulante.
O presente trabalho avalia o efeito da incidência de radiação ultravioleta nos compostos do óleo essencial de tomilho, através da análise do espectro obtido após as exposições a radiação de uma lâmpada de mercúrio e determinação do rendimento e da densidade do óleo obtido.


MATERIAL E MÉTODOS: Os métodos de extração diferem de acordo com o tipo de planta, com a parte da planta a ser utilizada, ou conforme a proposta de utilização do óleo da mesma. Neste estudo, o óleo essencial foi obtido por hidrodestilação com clevenger, que segundo Oliveira e José (2007) é o mais indicado para folhas. As folhas da planta utilizada no trabalho (Thymusvulgaris L.) foram obtidas no comércio da região, previamente secas. Foram pesadas 250 g de folhas secas imersas em água destilada. O processo de destilação teve duração de 60 minutos a partir do início da ebulição.
A fotodegradação foi realizada mediante exposição da solução a radiação de uma lâmpada comercial de vapor de mercúrio, com 125 Watts de potência, sem o bulbo, em um foto reator. O experimento teve duração de 40 minutos em intervalo de 5 minutos de exposição, acompanhando-se o espectro na faixa de 190 a 350nm. As leituras foram realizadas em um aparelho de espectrofotometria UV-VIS modelo Genesys10 UV. Obtendo-se linhas de absorvância em função do comprimento de onda para os tempos testados.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: As extrações foram realizadas em triplicatas e tiveram duração de 1 a 3 horas, para a averiguação do esgotamento da planta. Os rendimentos de extração obtidos em % de massa de óleo em relação à massa da planta utilizada foram, em média, de 1,52, 2,09 e 2,06 para os tempos de 1h, 2h e 3h, respectivamente.
Nota-se que com 2 h de extração ainda há uma média de rendimento de 37% em relação a uma hora de extração. E que após 3 h de extração não há crescimento no teor de óleo essencial obtido em relação à 2 h. Portanto, para os testes, escolheu-se o óleo essencial de tomilho obtido da extração por hidrodestilção com o tempo de duas horas. A densidade foi estimada com o auxílio de uma micropipeta e uma balança e apresentou resultado de 0,94500 g/m3.
A análise do espectro (Figura 1) de degradação fotoquímica do óleo essencial de tomilho permitiu identificar as bandas de degradação do mesmo. Nota-se que a luz possui papel fundamental na degradação do óleo essencial de tomilho, sendo constatado pela mudança nas bandas de absorção, onde fica evidente a degradação do óleo pela diminuição da absorvância na banda de 210nm e o comportamento de eliminação da banda em 280nm. Para a degradação total dos componentes é necessário um tempo maior de exposição à luz.
Quanto à cinética em que a degradação ocorre, observa-se que ela é dependente do comprimento de onda analisado, e conseqüentemente do constituinte do óleo essencial, todavia para o comprimento de onda de 280nm (pico da banda que é extinta na degradação), observa-se uma degradação que segue uma equação de taxa de reação de ordem zero a partir de 5 min, o que indica a constância do mecanismo de degradação, muito embora não possa-se afirmar o mesmo quanto ao mecanismo de degradação ocorrido no intervalo de 0 a 5 min (Figura 2).





CONCLUSÕES: O óleo essencial de tomilho mostrou-se fotossensível, sendo, portanto recomendável que o mesmo seja armazenado de forma cautelosa para não ocorrer mudanças na sua composição. Os próximos estudos realizados pretendem avaliar a atividade do óleo essencial de tomilho como antifúngico e antibactericida.

AGRADECIMENTOS: À UTFPR e à FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FARMACOPEA UFFICIALE DELLA REPUBLICA ITALIANA. 2006. X Edizione. Roma: Instituo Poligrafico e ZeccodelloStato, I:206-210.
OLIVEIRA, Sonia M. M. JOSE, Vera Lucia A. 2007. Dossiê Técnico, Processos de extração de óleos essenciais. Instituto de Tecnologia do Paraná. Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas.
POZZATTI, P. et al. 2008. In vitro activity of essential oils extractedfrom plants used as spices against fluconazole-resistant andfluconazole-susceptible Candida spp. Canadian Journal ofMicrobiology, 54:950-956.
SANTURIO, D. F. 2011. Atividade antimicrobiana de óleos essenciais de condimentos sobre Escherichia coli isoladas de suínos, aves e bovinos. Dissertação. UFSM.
SIMÕES, C. M. O.; SPITZER, V. 1999. Farmacologia: da planta ao medicamento. Porto Alegre/Florianópolis.
SIMÕES, C. M. O.; SPITZER, V. 1999. Óleos Voláteis. Farmacognosia da planta ao medicamento. Capítulo 18. UFSC.