ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS ETANÓLICOS DE SEMENTES DE FRUTAS POR SISTEMA BETA-CAROTENO-ÁCIDO LINOLÉICO

AUTORES: MARTINS, C. G. (UECE) ; MORAIS, S. M. (UECE) ; ALEXANDRINO, C. D. (UECE) ; FAUSTINO, R. C. (UECE) ; MACHADO, L. K. A. (UECE)

RESUMO: O Objetivo do trabalho foi avaliar a capacidade antioxidante do extrato etanólico de
sementes de uva, EESU, e de amêndoa da manga, EEAM pelo sistema beta-caroteno-ácido
linoléico. As amêndoas e sementes foram desengorduradas com hexano em Soxhlet, seguida
da extração com etanol. Foram preparadas diluições dos extratos a 200, 100, 50 e 25 ppm
e os valores obtidos, comparados aos antioxidantes BHT e TROLOX, preparados nas mesmas
condições. Os experimentos foram realizados em triplicata e submetidos ao teste de
Tukey. EEAM no total foi superior ao EESU e a 200 ppm, apresentou 84,22% de proteção.
Valor próximo ao TROLOX, 89,11%. O BHT foi superior a todos. A ordem crescente foi
EESU, EEAM, TROLOX e BHT.

PALAVRAS CHAVES: beta-croteno, antioxidantes, frutas

INTRODUÇÃO: Antioxidantes são substâncias que retardam a velocidade da oxidação através de um ou
mais mecanismos, tais como inibição de radicais livres e complexação de metais
(PIETTA, 2000). Os antioxidantes sintéticos como o BHA (butil-hidroxianisol), BHT
(butil-hidroxi-tolueno) e TBHQ (tercibutil-hidroxiquinona) são aplicados em óleos e
alimentos gordurosos para prevenir a deterioração oxidativa. No entanto, propriedades
carcinogênicas têm sido apontadas para os antioxidantes sintéticos (CHEUNG et al.,
2003). Discorrendo a esta problemática, o objetivo do trabalho foi pesquisar a
capacidade antioxidante de extratos etanólicos de sementes de frutas, no caso,
sementes de uva e amêndoas de manga por meio do sistema beta-caroteno-ácido
linoléico. O estudo teve como base o fato de algumas pesquisas indicarem que sementes
de certas frutas exibem atividade antioxidante mais elevada do que as frações da
polpa (AJILA et al., 2007).

MATERIAL E MÉTODOS: Extrato etanólico de sementes de uva, EESU e extrato etanólico da amêndoa de manga,
EEAM foram preparadas. As sementes de manga foram separadas das amêndoas e estas
últimas assim como as sementes de uva foram trituradas e homogeneizadas em
multiprocessador doméstico. O material moído foi submetido à extração em Soxhlet,
utilizando como solvente hexano para retirada da fração lipídica e em seguida com
álcool etílico por 6 horas. Os extratos foram concentrados em evaporador rotativo sob
pressão reduzida. A metodologia aplicada foi desenvolvida por (MARCO, 1968) e
modificado por (MILLER,1971). Para realização dos testes foram preparadas diluições
nas concentrações de 200, 100, 50 e 25 ppm. A avaliação da capacidade antioxidante
foi realizada de acordo com a metodologia descrita. Em tubos de ensaio, foram
adicionadas alíquotas de 0,4 mL do extrato a 5 mL da solução do sistema beta-
caroteno-ácido linoléico. Os tubos foram agitados e mantidos a temperatura de 40ºC em
banho-maria. A primeira leitura foi realizada após 2 minutos em comprimento de onda a
470nm, e a última leitura foi realizada após 120 minutos. Os extratos foram
comparados com os sintéticos BHT e TROLOX preparados nas mesmas condições. Os dados
foram obtidos em triplicata e submetidos à análise estatística, aplicando o teste de
Tukey, no programa Prism 5.0. Os dados obtidos foram expressos em percentual de fator
de proteção, % PT para demonstrar sua capacidade antioxidante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A concentração de 200 ppm ou seja, 50,00 por cento, para o EESU apresentou diferença
significativa para todos as amostras nessa mesma concentração. Entretanto, o EEAM, 84
por cento, não apresentou diferença significativa quanto a sua proteção ao ser
comparado com os antioxidantes sintéticos, BHT, 95,00 por cento e TROLOX, 89,00 por
cento. Estes últimos também não apresentaram diferença significativa. Para as
concentrações de 100, 50 e 25 ppm, os valores obtidos 21,00; 11,00 e 6,4 por cento,
respectivamente, para o EESU apresentaram diferença significativa quanto ao seu fator
de proteção ao serem comparadas com as demais amostras nessas mesmas concentrações.
Porém, os antioxidantes sintéticos BHT com percentuais de 94,00; 93,00 e 91,00 e
TROLOX 83,00; 82,00 e 82,00, respectivamente, não apresentaram diferença
significativa entre si. Foi observado que em todos os resultados conforme se reduz a
concentração também se diminui o fator de proteção. O BHT exibiu maior proteção. O
EEAM apresentou maior eficiência frente ao EESU em todas as concentrações. A
concentração de 200 ppm foi próxima a do TROLOX. Entretanto, quando comparado ao BHT,
o mesmo foi inferior em todas as concentrações. Mesmo assim é valido ressaltar que
ambos os extratos a 200 ppm apresentaram resultados satisfatórios indicando assim sua
alta eficiência. A ordem crescente de capacidade antioxidante foi EESU, EEAM, TROLOX
e BHT. A semente de manga apresenta entre seus constituintes os antioxidantes
fenólicos naturais, ácido gálico e ácido tânico (AROGBA, 2000) e a semente de uva
contém catequina e epicatequina (ABE et al., 2007).



CONCLUSÕES: Os EESU e EEAM mostraram-se eficientes na capacidade antioxidante. O EEAM na
concentração de 200 ppm apresentou valores de proteção superiores ao ser comparado ao
EESU, porém não apresentou diferença significativa quanto a sua proteção ao ser
comparado aos antioxidantes sintéticos, BHT e TROLOX. Sugere-se, portanto que sementes
de frutas, consideradas resíduos, possam representar alternativas naturais como
substituintes aos antioxidantes sintéticos, uma vez que possuem na sua constituição
química importantes antioxidantes fenólicos naturais.


AGRADECIMENTOS: CAPES, RENORBIO, FUNCAP.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABE, L.T.; MOTA, R.V.; LAJOLO, F. M.; GENOVESE, M.I.2007. Compostos fenólicos e capacidade antioxidante de cultivares de uvas Vitis labrusca L. e Vitis vinifera L. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 27:394-400.

AJILA, C. M., BHAT, S. G., PRASADA RAO, U. J. S. 2007. Valuable components of raw and ripe peels from two Indian mango varieties. Food Chemistry, 102:1006–1011.

AJILA, C.M.; NAIDU, K.A.; BHAT, S.G.; PRASADA RAO U.J.S. 2007. Bioactive compounds and antioxidant potential of mango peel extract. Food Chemistry, 105: 982-988.

AROGBA, S. S. 2000. Mango (Mangifera indica) Kernel: Chromatographic Analysis of the Tannin, and Stability Study of the Associated Polyphenol Oxidase Activity. Journal of Food Composition and Analysis, 13:149-156.

CHEUNG, L. M.; CHEUNG, P. C. K.; OOI, V.E.C. 2003. Antioxidant activity and total phenolics of edible mushroom extracts. Food Chemistry,80:249-255.

MARCO, G. A. 1968. Rapid method for evaluation of antioxidants. Journal of the American Oil Chemists’ Society, 45:594- 598.

MILLER, H.E. 1971. A simplified method for the evaluation of antioxidant. Journal of the American Oil Chemists’ Society, 48:91.

PIETTA, P.G.2000. Flavonoids as antioxidants. Journal Natural Products, 63:1.035-1.042.