ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DAS FOLHAS DA Cassia grandis Linn. (FABACEAE)

AUTORES: SIQUEIRA, S. L. (UFPE) ; MACHADO, L. P. (UFPE) ; SANTOS, S. M. (UFPE) ; AQUINO, V. C. L. (UFPE) ; ARAUJO, R. O. (UFPE) ; SENA, K. X. F. R. (UFPE) ; ALBUQUERQUE, J. F. C. (UFPE)

RESUMO: Cassia grandis (Fabaceae) é uma árvore frondosa, brota na floresta amazônica e no
Nordeste brasileiro, é conhecida pelo nome de cássia gigante e/ou cássia rosa. É
utilizada na medicina popular em tratamentos de doenças como para combater a bactéria
H.pylori. O material foi extraido com etanol, evaporado e encaminhado para avaliação da
atividade antibacteriana usando uma concentração de 20000 µg/mL. Na qual foi realizado
o teste de difusão em disco de papel, frente às bactérias Gram-positivas: S. aureus, M.
luteus, B. subtilis, e E. faecalis; Gram-negativas: E. coli, S. marcescens e P.
aeruginosa; álcool-ácido-resistente: M. smegmatis e a levedura C. albicans. A planta
investigada apresentou atividade antimicrobiana para todos os microorganismos testados
exceto para a levedura mencionada.

PALAVRAS CHAVES: cassia grandis; atividade antimicrobiana, cassia rosa.

INTRODUÇÃO: A flora brasileira é riquíssima em vegetais que são utilizados pela população como
plantas medicinais. No Brasil, as plantas medicinais da flora nativa são consumidas
com pouca ou nenhuma comprovação de suas propriedades farmacológicas. Muitas vezes
são empregadas para fins medicinais diferentes daqueles usados pelos silvícolas. Os
efeitos adversos dos fitomedicamentos ocorrem comumente, e se manifestam como
possíveis adulterações e toxidez, bem como a ação sinérgica (interação com outras
drogas) (Veiga Junior et al., 2005). As plantas são responsáveis pela cura de muitas
doenças e servem de espelho para a indústria farmacêutica e os grandes laboratórios
mundiais de síntese de fármacos. Cassia grandis é uma árvore frondosa, atingindo doze
metros de altura e diâmetro de oito metros de copa (Lorenzi, 1992). Na Tailândia suas
folhas são usadas no tratamento de gastrite e úlcera para combater a bactéria Gram-
negativa Helicobacter pylori causadora de câncer gástrico. A Cassia grandis tem
reduzido significantemente esse tipo de mal (Kashiwada et al, 1998). Estudos
farmacológicos comprovaram propriedades antibacteriana, antifúngica, hepatoprotetora
e antimalárica (Viegas Junior et al. 2006). A Cassia grandis é uma espécie
pertencente à família Fabaceae, trata-se uma árvore de grande porte devido ao seu
crescimento rápido. Em virtude desse rápido desenvolvimento essa espécie é usada
largamente em paisagismo urbano devido ao caráter ornamental de sua floração, possui
folhas pequenas e caducas, florescendo de agosto a novembro originando flores róseas.
Tendo em vista sua importância contra microrganismos Gram-negativos estes dados nos
despertaram para realizar o estudo microbiológico dessa espécie contra outros tipos
de microrganismos incluindo outras classes de germes.

MATERIAL E MÉTODOS: As folhas da Cassia grandis foram coletadas no jardim do edifício Residências da
Jaqueira em frente ao parque do mesmo nome na cidade de Recife em Pernambuco. O
material coletado foi acondicionado em saco de algodão, seco à temperatura ambiente
protegido de sol, chuva e de predadores, em seguida pesado e extraído três vezes
consecutivas com etanol. O solvente foi evaporado e o extrato foi seco e pesado.
Foram retiradas 0,0050g para serem submetidas aos testes para verificação de
atividade antimicrobiana. Para este teste foram utilizadas bactérias Gram-positivas:
Staphylococcus aureus (UFPEDA 01), Micrococcus luteus (UFPEDA 06), Bacillus subtilis
(UFPEDA 16) e Enterococcus faecalis (UFPEDA 138); Gram-negativas: Escherichia coli
(UFPEDA 224), Serratia marcescens (UFPEDA 398) e Pseudomonas aeruginosa (UFPEDA 39);
álcool-ácido-resistente: Mycobacterium smegmatis (UFPEDA 71) e a levedura Candida
albicans (UFPEDA 1007), obtidas da Coleção de Microrganismos do Departamento de
Antibióticos da UFPE A atividade antimicrobiana foi avaliada qualitativamente pelo
método convencional de difusão em disco de papel, de acordo com a metodologia seguida
por Bauer et al, 1966. Discos com 6 mm de diâmetros foram embebidos com 10 µL de
soluções dos produtos à concentração de 2000µg/disco e colocados sobre a superfície
do meio Müeller-Hinton semeados com os micro-organismos teste (turvação de 0,5 da
escala McFarland). As drogas-padrão utilizadas foram cetoconazol (300 µg) para
levedura e canamicina (30µg) para bactérias, enquanto que o DMSO correspondeu ao
controle. As placas com bactérias foram incubadas na temperatura de 37 °C por 24
horas, e a de leveduras a 30°C, por 24-48 horas. Após o período de incubação, os
halos de inibição formados ao redor dos discos foram medidos em milímetros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O material proveniente das folhas secas da Cassia grandis pesou 120.06g. Após
extração por três vezes consecutiva com etanol, o extrato etanólico bruto pesou
20,41g. Desse material foram retiradas 0,050 mg colocado em dessecador à vácuo
durante duas horas para ficar isento de qualquer solvente. Essa quantidade de
material foi submetida aos testes antimicrobianos usando a metodologia de Bauer,
1966. Os testes foram realizados contra nove microorganismos pertencentes às classes
de Gram-positivos: Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Bacillus subtilis, e
Enterococcus faecalis, Gram-negativos: Pseudomonas aeruginosa, Esherichia coli, e
Serratia marcescens; microrganismo álcool ácido resistente: Mycobacterium smegmatis,
e a levedura Candida albicans. Dos noves microorganismo testados os resultados foram
os seguintes: Gram-positivos: Staphylococcus aureus (10 mm), Micrococcus luteus (14
mm), Bacillus subtilis (11 mm), e um Gram-negativo, Serratia marcescens (10 mm). Os
microrganismo álcool-ácido resistente Mycobacterium smegmatis e a levedura Candida
albicans, não apresentaram nenhuma inibição para o extrato etanólico da Cassia
grandis. O extrato inibiu o crescimento de quatro microrganismos com halos
considerados médios. Entre os germes Gram-positivos, três microrganismos foram
inibidos. Para os representantes Gram-negativos apenas um deles teve seu crescimento
interrompido, este germe foi a Serratia marcescens. Isto indica que a planta em
questão tem atividade para germes Gram-positivos e Gram-negativos. Estas observações
foram levadas em conta de acordo com Awadh et al (2001), onde diz que são
considerados satisfatórios halos maiores ou iguais a 10 mm de diâmetro. Deste modo,
os resultados obtidos pela Cassia grandis foram considerados moderados.

CONCLUSÕES: O extrato etanólico bruto das folhas de Cassia grandis Linn. apresentou resultados
significativos para os germes Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Bacillus
subtilis, Serratia marcescens. Dos microrganismos testado três foram Gram-positivos:
Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus e Bacillus subtilis e somente um Gram-
negativo, Serratia marcescens. Para Candida albicans que é a representante das
leveduras não houve nenhuma inibição na presença do extrato testado. O microrganismo
álcool ácido resistente Mycobacterium smegmatis também não apresentou atividade diante
do extrato testado.

AGRADECIMENTOS: Aos laboratórios de Produtos Naturais e Sintéticos e Microbiologia de Fármacos
Departamento de Antibióticos UFPE

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AWADH ALI, N. A.; JULICH, W.D.; KUSNISCK, C.; LINDEQUIST, U. 2001. Journal of ethnophamacology 74 -173.

BAUER, A. W., KIRBY, W. M. M., SHEVIS, J. C., & TURCK, M. 1966. Antibiotic susceptibily testing by a standardized single disc method. Amer. J. Clin. Pathol. 45, 493-496.

KASHIWADA Y, WANG H.K., NAGAO T., KITANAKA S. YASUDA I., FUGIOKA T., YAMAGISHI T., COSENTINO, L.M., KOSUKA M., OKABE K., IKHESHIRO Y., HU C.K., YEH E.; LEE, K.H. 1998. Journal of Natural Products. 61, 9, 1090-1095.

LORENZI, H. 1992. Árvores Brasileiras, São Paulo, Ed. Plantarum, 1, 440.