ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Atividade Antioxidante e compostos bioativos do Coffea arabica (cultivar Acaiá do Sul)

AUTORES: AZEVEDO, F.F. (UFU) ; ALVES, B.H.P. (UFU) ; AQUINO, F.J.T (UFU) ; NASCIMENTO, E. A. (UFU) ; CHANG, R. (UFU) ; MORAIS, S.A.L. (UFU)

RESUMO: O café é um produto de grande importância econômica para o Brasil.O cultivar Acaiá
originou-se do cruzamento das variedades Sumatra e Bourbon Vermelho.Possui elevada
rusticidade, vigor e produtividade.Durante o processo de torrefação, há uma drástica
mudança na composição química do grão. O presente trabalho tem por objetivo analisar as
características químicas (compostos bioativos e atividade antioxidante)em três
variações de torra por ensaios cromatográficos e espectroscópicos.Os compostos
bioativos, foram analisados por CLAE.Os valores encontrados estão coerentes com as
variações da torra. A atividade antioxidante da bebida foi analisada pelo seqüestro de
radicais DPPH.Os valores se destacam para a torra clara o que pode estar associado à
baixa degradação dos compostos bioativos.

PALAVRAS CHAVES: café torrado, atividade antioxidante e compostos bioativos.

INTRODUÇÃO: O café é um produto de grande importância econômica para o Brasil, onde existe o
cultivo das espécies Coffea arabica e Coffea canephora. Há predominância, em Minas
Gerais da espécie C. arabica, que é a mais apreciado por suas melhores
características sensoriais. Os órgãos voltados à pesquisa do café vêm desenvolvendo
cultivares com melhor produtividade, resistência às pragas, facilidade de adaptação,
etc. O cultivar Acaiá originou-se do cruzamento natural entre as variedades Sumatra e
Bourbon Vermelho. Apresenta boa arquitetura de planta com abundância de ramos
produtivos secundários, permitindo o cultivo em espaçamentos mais adensados. Ciclo de
maturação da planta é normal semelhante ao da cultivar Mundo Novo nas mesmas
condições de cultivo e manejo. Possui excelente produtividade e vigor vegetativo, sem
apresentar esgotamento e seca de ramos produtivos em anos de alta produção. Apresenta
elevado rendimento de café beneficiado.Durante o processo de torrefação, há uma
drástica mudança na composição química do grão, em que alguns componentes são gerados
e outros perdidos.



MATERIAL E MÉTODOS: A atividade antioxidante do extrato foi determinada através do radical livre estável
DPPH.O pó dos cafés foi submetido à extração com água destilada (cerca de 1,00 g em
10,0 mL por 15 min a 100°C). A solução obtida foi filtrada e teve seu volume ajustado
para o volume final de 50,0 mL. Para quantificação dos extrativos solúveis, 1,0 mL
deste extrato foi recolhido, liofilizado e pesado. O filtrado foi submetido a cinco
diluições sucessivas. Para cada solução, foi tomada uma amostra de 0,10 mL e
adicionados 3,9 mL de solução de DPPH e metanol. Também foi feito um branco nas
mesmas condições,mas sem o DPPH. Após a adição do DPPH ,as soluções foram deixadas em
repouso e suas absorvâncias registradas no comprimento de onda de 531 nm durante uma
hora, em intervalos de cinco minutos entre cada leitura. A porcentagem de DPPH que
reagiu(atividade antioxidante) foi calculado.A efetiva média (CE50), que representa
a concentração da amostra necessária para seqüestrar 50% dos radicais de DPPH das
amostras foram calculadas plotando a porcentagem de DPPH reagido versus as
concentrações dos extratos de cada amostra (ARGOLO et al, 2004).Os compostos
bioativos(trigonelina, ácidos clorogênicos, ácido caféico e cafeína) foram
determinados simultaneamente . Cerca de 2,00 g de cada amostra livre de umidade foi
submetida a uma extração com 20,00 ml de água em ebulição. O extrato foi
transferido para um balão volumétrico de 100,0 mL. Uma alíquota do balão foi
filtrada.Foram feitas curvas para os padrões utilizados. A leitura da absorvância
foi feita em 213 nm realizada em um cromatógrafo líquido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os valores encontrados para os compostos bioativos (Tabela 1) estão próximos aos
encontrados em outros trabalhos para cafés da espécie Coffea arabica, e coerentes com
as variações da torra. O calor necessário ao processo de torrefação leva à degradação
térmica principalmente dos ácidos clorogênicos e da trigonelina naturalmente
presentes no café verde, gerando outros compostos responsáveis pelo sabor e aroma da
bebida. A cafeína, que apresenta reconhecido efeito estimulante, não apresenta
variação significativa nas diferentes torras.Os valores se destacam para a torra
clara, que apresentou o melhor resultado nas três torras, o que pode estar associado
à baixa degradação dos compostos bioativos nessa torra. Alguns trabalhos mencionam
que os ácidos clorogênicos, assim como a cafeína, possuem grande potencial como
antioxidantes. Entretanto, observa-se que um teor muito elevado desses ácidos tem
sido associado a um impacto negativo no sabor.



CONCLUSÕES: O cultivar Acaiá do Sul apresentou boa atividade antioxidante nas torras clara e média,
o que pode estar relacionado com um maior teor de ácidos clorogênicos existentes nessas
torras. A torra escura muito usada comercialmente (também chamada de torra forte ou
extra forte) deve ser evitada, pois propicia uma significativa degradação dos compostos
bioativos, assim como a perda da atividade antioxidante do café, levando ao consumidor
final uma bebida de menor qualidade.

AGRADECIMENTOS: IQUFU, FAPEMIG, IFG - Campus Itumbiara.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Santos, J. C. F. Origem e características das cultivares de café. Disponível em: http://www.revistacafeicultura.com.br
Aquino, F.J.T. de; Morais, S.L.; Oliveira, Grasiele S ; Nascimento, E.A.; Chang, R.; Santos, N. C.; Rosa, G. M. . Análise de compostos bioativos, grupos ácidos e da atividade antioxidante do café arábica (Coffea arabica) do cerrado e de seu PVA submetidos a diferentes torras. Ciência e Tecnologia de Alimentos 2008, 28, 198.
NOGUEIRA, Márcia and TRUGO, Luiz Carlos. Distribuição de isômeros de ácido clorogênico e teores de cafeína e trigonelina em cafés solúveis brasileiros. Ciênc. Tecnol. Aliment. [online]. 2003, vol.23, n.2.