ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: Esteróis de esponjas dulcícolas do gênero Drulia.

AUTORES: Silva, R.N. (ICE- DEPARTAMENTO DE QUÍMICA- UFAM) ; Barros, I.B. (ICE- DEPARTAMENTO DE QUÍMICA- UFAM) ; Volkmer, C. (FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RIO GRANDE DO SUL) ; Veiga Junior, V.F. (ICE- DEPARTAMENTO DE QUÍMICA- UFAM)

RESUMO: As esponjas são uma rica fonte de produtos naturais marinhos enquanto que as esponjas dulcícolas apresentam um número limitado de trabalhos, na Amazonia as esponjas são frequentes nas regiões sujeitas aos pulsos de inundação e nunca foram estudads quimicamente. Os esterois de esponjas de duas espécies do genero Drulia, Drulia browni e Drulia uruguayensis foram analisados empregando cromatografia em fase gasosa e derivatização permitindo a identificação do 24-etil-colesta-5,22- dieno-3β-ol representa como esterol majoritário.

PALAVRAS CHAVES: Drulia browni; Drulia uruguayensis; 24-etil-colesta-5,22-dien

INTRODUÇÃO: Entre os metabólitos das esponjas destacam-se os lipídios, uma vez que os encontrados nas mesmas diferem significativamente dos encontrados em outros organismos vivos (Dembitsky, Rezanka et al., 2003) O número de esteróis presentes nas esponjas varia fortemente com a espécie, porém geralmente situa-se entre sete e dez, e em muitos casos há apenas um esterol que se apresenta como majoritário e os demais aparecem em quantidade traço (Bergquist, Lavis et al., 1986), características que favorecem um trabalho quimiosistemático, onde os esteróis majoritários podem ser empregados como marcadores para as espécies. Apesar de serem conhecidas há mais de um século e de serem abundantes nos diversos rios de água clara, de água branca e mesmo nos rios de água preta da Amazônia, as esponjas de água-doce desta região nunca foram estudadas quimicamente. O presente trabalho busca identificar os esteróis presentes em esponjas de duas espécies do gênero Drulia, D, browni e D. uruguayensis.

MATERIAL E MÉTODOS: Esponjas das espécies Drulia browni e Drulia uruguayensis coletadas no rio Negro foram extraídas com hexano em aparelho de soxhlet por 12h. Os extratos foram submetidos a cromatografia de troca iônica com sílica impregnada com KOH a fim de se obter a fração não ácida. A fração não ácida foi então submetida a cromatografia e coluna aberta e cromatografia flash levando a fração esteroidica. Todo o fracionamento foi acompanhado por cromatografia em camada delgada empregando CuSO4 em H2SO4 2N como revelador. As frações esteroídicas foram acetiladas empregando piridina/anidrido acético e DMAP como catalisador. Os extratos em hexano e as frações esteroídicas foram analisados por cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM) e cromatografia gasosa com detector de chamas (CG-DIC), e foram calculados os tempos de retenção relativos (TRR) para os esteróis acetilados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As esponjas de água doce apresentam um número bastante restrito de estudos referents a seus produtos naturais, tendo sido estudado apenas algumas espécies das famílias Spongilidae e Lubomirskiidae nas quais o colesterol é relatado como esteroide majoritário (Manconi, Piccialli et al., 1988; Kolesnikova, Makarieva et al., 1992; Hu, Zhao et al., 2009). Nas espécies estudadas o colesterol (I) representa apenas 14,4 e 14,9% dos extratos em hexano para as especies D. browni e D. uruguayensis respectivamente, enquanto que o 24-etil-colesta-5,22-dieno-3β-ol representa (IV) 28,5 e 26,9% dos extratos em hexano para as espécies D. browni e Drulia uruguayensis respectivamente. Como o gênero Drulia pertencem a familia Metaniidae,este esterol pode representar um marcador quimitaxonomico para a mesma. Foram identificados também os esteróis 24-metil-colesta-5,22-dieno-3β-ol (II), 24-metil-colesta-5-eno-3β-ol (III) e 24-etil- colesta-5-eno-3β-ol (V) em ambas as espécies estudadas. Figura 1: Estrutura dos esterois identificados: colesterol (I); 24-metil- colesta-5,22-dieno-3β-ol (II), 24-metil-colesta-5-eno-3β-ol (III); 24-etil- colesta-5,22-dieno-3β-ol (IV); 24-etil- colesta-5-eno-3β-ol (V) Tabela 1: Esteróis encontrados nas esponjas do gênero Drulia. Esterol Fragmentos típicos (EM) TRR Drulia browni Drulia uruguayensis I C27Δ5 368, 353, 260, 255 247, 213 1,00 14,4 14,9 II C28Δ5, 22 380, 365, 282, 267, 255, 213 1,09 6,0 4,7 III C28Δ5 382, 367, 261, 255, 213 1,24 14,9 6,7 IV C29Δ5, 22 394, 282, 267, 255, 213, 69 1,31 28,5 26,9 V C29Δ5 396, 381, 275, 255, 213 1,49 11,4 3,6 Não identificados 0,3 0,8 Total 75,4 57,8

CONCLUSÕES: Os resultados mostram o 24-etil-colesta-5,22-dieno-3β-ol como esterol majoritário para as esponjas do gênero Drulia, frequentemente encontradas na região amazônica. Este resultado difere significativamente dos registros encontrados na literatura de esterois de esponjas dulcicolas, o apontando um possível biomarcador para a família Metaniidae.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos a FAPEAM,CAES e CNPQ pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BERGQUIST, P. R.; LAVIS, A.; CAMBIE, R. C. Sterol composition and classification of the porifera. Biochemical Systematics and Ecology, v. 14, n. 1, p. 105-112, 1986. ISSN 03051978 (ISSN). Disponível em: < http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.0-0000050839&partnerID=40&md5=10bdf2b6d2e5091b900e8392b9ce6259 >.

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KOLESNIKOVA, I. A.; MAKARIEVA, T. N.; STONIK, V. A. Natural products from the Lake Baikal organisms - II. Sterols from the sponge Lubomirskia baicalensis. Comparative Biochemistry and Physiology - B Biochemistry and Molecular Biology, v. 103, n. 2, p. 501-503, 1992. ISSN 03050491 (ISSN). Disponível em: < http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.0-0026768516&partnerID=40&md5=ba9fe2cdfcdd32586262282e4be14c7d >.

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