ÁREA: Alimentos

TÍTULO: QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE POLPAS DE FRUTAS CONGELADAS COMERCIALIZADAS EM CUIABÁ/MT.

AUTORES: Arruda, L.C. (IFMT - CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Santana, G.M. (IFMT - CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Pacheco, I.M.C. (IFMT - CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Costa, E.S. (IFMT - CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Coringa, E.A.O. (IFMT - CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Rebelatto, I. (IFMT - CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA)

RESUMO: Devido à falta de tempo da população em preparar suco de frutas in natura, a substituição ao consumo de bebidas carbonatada e a preocupação em consumir alimentos industrializados mais saudáveis, o consumo da polpa de fruta congelada vem crescendo a cada ano, uma vez que esse produto se destaca por sua praticidade e suas características sensoriais e nutricionais. Portanto o objetivo deste trabalho é identificar alguns aspectos físico-químicos, como pH, condutividade elétrica e o grau Brix das polpas de frutas (acerola, caju, manga, goiaba e uva) de duas marcas distintas comercializadas em Cuiabá-MT. A partir dos resultados obtidos foram feitas comparações entre as marcas e entre os sabores das polpas, tendo como base a Instrução Normativa nº 1, de 7 jan, 2000, do Ministério da Agricultura.

PALAVRAS CHAVES: pH; sólido solúveis ; polpa de fruta

INTRODUÇÃO: O Brasil é o maior produtor mundial de frutas in natura, porém, por serem produtos altamente perecíveis, grande parte dessas frutas sofre deterioração em poucos dias, tendo sua comercialização dificultada, principalmente a longas distâncias (MORAIS, 2010), cuja perda pós-colheita pode variar de 15 a 50% (BARRET et al, 1994). A obtenção de produtos como a polpa de fruta pode minimizar perdas, desperdícios e agregar valor ao produto, permitindo estar disponível ao consumidor na época de entressafra. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2000), polpa de fruta é definida como “produto não fermentado, não concentrado e não diluído, obtida pelo esmagamento de frutos polposos, por meio de um processo tecnológico adequado com um teor mínimo de sólidos totais provenientes da parte comestível do fruto, específico para cada polpa de fruta [...] as polpas devem ser obtidas de frutas frescas, sãs e maduras mantendo as características físicas, químicas e organolépticas do fruto. Esse produto não poderá conter fragmentos das partes não comestíveis, nem substâncias estranhas a sua composição normal”. Tendo em vista o aumento da comercialização deste produto, o Ministério da Agricultura e Abastecimento lançou a Instrução Normativa nº1 (BRASIL, 2000), que estabelece o Padrão de Qualidade e Identidade (PIQ’s) específico para cada polpa de fruta, com o intuito de proteger o consumidor e restringir a venda de produtos fraudulentos. As características físicas, químicas e sensoriais deverão ser as mesmas do fruto de sua origem, observando-se os limites mínimos e máximos fixados para cada polpa de fruta, e que não deverão ser alterados pelos equipamentos, utensílios, recipientes e embalagens utilizadas durante o seu processamento e comercialização.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisadas as polpas congeladas de acerola, caju, goiaba, manga e uva de duas marcas (A e B) comercializadas em Cuiabá/MT. As polpas foram adquiridas no comércio (supermercados) local, acondicionadas em embalagens de polietileno de 100g, transportadas para o laboratório e estocadas em congelador até a realização das análises. Para todas as determinações analíticas as polpas de frutas foram descongeladas, homogeneizadas e deixadas em temperatura ambiente (26 °C). O pH foi determinado em um pHmetro (TECNOPON mPA 210 bivolt) calibrado com solução tampão pH 4 e 7. O teor de sólidos solúveis totais (SST) foi determinado em um refratômetro de bancada Abbé escala de 1,300 - 1,72 ND e 0-95% Brix, e seus resultados corrigidos para 20°C. As leituras da condutividade elétrica foram realizadas em condutivímetro digital (SONAMBRA SNMCA-150). Os resultados obtidos estão apresentados como média e desvio padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Mediante os resultados contidos na Tabela 1, pode-se verificar que o pH das polpas analisadas atende aos Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ) estabelecido para tais polpas, sendo que apenas a marca B da polpa de acerola, goiaba e uva não atendem a legislação exigido. Os valores de pH para a polpa de acerola, goiaba e uva respectivamente são de 2,65, 3,30 e 2,54, sendo que a estabelecida pelo PIQ é de 2,8, 3,5 e 2,9. A medida do pH em determinados alimentos, fornece uma indicação do seu grau de deterioração, e é um dado importante na apreciação do estado de conservação de um produto alimentício (MACEDO, 2001). AMORIM et al. (2010) ao analisarem as características físico- químicas da polpa de acerola congelada encontraram os valores 5,80 e 7,12 º Brix para o teor de SST, diferindo dos resultados obtidos neste estudo. GOMES et al. ( 2002) relatam que os açúcares solúveis presentes nos frutos na forma combinada são responsáveis pela doçura, sabor e cor atrativas como derivado das antocianinas e pela textura, quando combinados adequadamente polissacarídeos estruturais. Os principais açúcares em frutos são: glicose, frutose e sacarose em proporções variadas, de acordo com a espécie, e seu teor aumenta com a maturação dos frutos. O teor de sólidos solúveis (SST) pode variar com a intensidade de chuva durante a safra, com os fatores climáticos, a variedade da fruta, o solo e a adição de água durante o processamento (SANTOS et al., 2004). Por isso, é um parâmetro importante na produção de frutos destinados à indústria de sucos, pois permite melhor rendimento no processamento. Neste estudo, o teor de sólidos solúveis das polpas analisadas esteve acima do valor mínimo estabelecido pelo Ministério da Agricultura (Tabela 2), contribuindo para a qualidade do produto.

Tabela 1

Valores médios das características físico-químico das polpas de frutas congeladas e seus respectivos desvios-padrão

Tabela 2

valores mínimos e máximos estabelecidos pela Instrução Normativa nº 01/2000 (BRASIL, 2000) para análises físico-químicas de polpas de frutas.

CONCLUSÕES: Os resultados dos parâmetros físico-químicos das polpas analisadas diferiram da legislação em vigor com relação ao pH das polpas de acerola, goiaba e uva da marca B. Essa alteração do pH pode ter sido causada por diferentes fatores como por exemplo, a ação de microrganismos deteriorantes ou a má preparação das mesmas. O teor de sólidos solúveis das polpas analisadas esteve acima do valor mínimo estabelecido pelo Ministério da Agricultura, contribuindo para a qualidade do produto.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AMORIM, G. M.; SANTOS, T. C.; PACHECO, C. S. V.; TAVARES, I. M. C.; FRANCO, M. Avaliação microbiológica, físico-química e sensorial de polpas de frutas comercializadas em Itapetinga-BA. 2010. Enciclopédia Biosfera, 6:1-8.

BARRET, R. L. C.; CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Choque a frio e atmosfera modificada no aumento da vida pós-colheita de tomates: 2-Coloração e textura. 1994. Ciências e Tecnologia de Alimentos, Campinas, 1:14-26.

BUENO, S. M.; LOPES, M. R. V.; GRACIANO, R. A. S.; FERNANDES, E. C. B.; GARCIA-CRUZ, C. H. 2002. Avaliação da qualidade de Polpas de Frutas Congeladas. Revista do Instituto Adolfo Lutz, 62:121-126.

BRASIL. Leis, decretos, etc. Instrução Normativa Nº. 1, de 7 de janeiro de 2000 Regulamento técnico geral para fixação dos padrões de identidade e qualidade para polpa de fruta. Ministério de Estado da Agricultura e do Abastecimento.. Diário Oficial da União Nº. 6, Brasília, 10 de jan de 2000, Seção I., p. 54-58.

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GOMES, P.M. de A., FIGUEIRÊDO, R.M.F., QUEIROZ, A.J. de M. Caracterização e isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.157-165, 2002.

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MATSUURA, F. C. A. U.; ROLIM, R. B. Avaliação da adição de suco de acerola em suco de abacaxi visando à produção de um “blend” com alto teor de vitamina C. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.24, n.1, p.138-141, 2002.

MACEDO, J.A.B. Métodos laboratoriais de análise físico-químico e microbiológicas. Águas e águas. Jorge Macedo. Juiz de Fora, 2001. p 01-52.

SANTOS, F. A.; SALLES, J. R. J.; CHAGAS FILHO, E. ; RABELO, R. N. Análise qualitativa das polpas congeladas de frutas produzidas pela SUFRUTS, MA. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 18, n. 119, p. 14-22, 2004