ÁREA: Materiais

TÍTULO: Eficiência agronômica de blenda de fertilizante organomineral em solo de diferentes teores de argila

AUTORES: Albino de Souza, G. (IFGOIANO, CAMPUS RIO VERDE) ; Fernandes, L.S. (IFGOIANO - CAMPUS RIO VERDE) ; Rodrigues, L.A.N. (IFGOIANO - CAMPUS RIO VERDE) ; Braghiroli, R. (IFGOIANO - CAMPUS RIO VERDE)

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi verificar a liberação de fósforo de blenda de fertilizante organomineral, composto por cama de frango decomposta e não decomposta, fosfato natural de Bayóvar e três variedades de ácidos orgânicos de baixo peso molecular: cítrico, oxálico e málico. Foram avaliados a liberação de fósforo (P) solúvel em função da mineralogia do solo, com 15, 43 e 72 % de argila, da compostagem, do teor de ácidos orgânicos, ao adicioná-los em duas concentrações: 10 e 50 mM por Kg de solo, e do tempo, para o qual as blendas foram analisadas após 3, 6 e 9 dias. Verificou-se que o P tendeu a diminuir com o aumento do teor de argila e do tempo. Os melhores resultados foram verificados para as blendas com cama decomposta no solo com 15% de argila, após o 3° dia

PALAVRAS CHAVES: ácidos orgânicos; organomineral; argila

INTRODUÇÃO: O fósforo tem importante função biológica nas plantas e nos animais, pois é constituinte de compostos armazenadores de alta energia, como o ATP. Os latossolos da região do cerrado brasileiro representam, aproximadamente, 45,7 % dos solos, e possuem baixos teores de P disponível por Mehlich-1. A fração argila destes solos é composta principalmente por caulinita, óxidos de Fe (goethita e hematita) e óxidos de Al (gibbsita), minerais responsáveis por adsorver o P fitodisponível (EBERHARDT et al., 2008). A presença de depósitos de fosfatos naturais em alguns países representa uma alternativa ao uso dos fertilizantes industriais, especialmente para os países de terceiro mundo. Entretanto, a disponibilidade de fósforo solúvel pela aplicação de tais fosfatos naturais está sujeita à lenta solubilização do fosfato, o que limita sua aplicação em culturas de rápido crescimento. No entanto, quando misturadas a resíduos orgânicos, têm demonstrado uma maior eficiência, comparável e até superior aos fertilizantes convencionais, devido principalmente à ação de ácidos orgânicos de baixo peso molecular exsudados da decomposição, que tornam o fósforo disponível. Estes fertilizantes organominerais são uma alternativa interessante aos equivalentes industrializados, uma vez que são economicamente mais viáveis e utilizam-se de resíduos orgânicos, socialmente incômodos, obtidos sem nenhum custo. (KPOMBLEKOU & TABATABAI, 2003) Neste trabalho, foi produzido uma blenda de fertilizante organomineral, constituída por cama de frango e ácidos orgânicos de baixo peso molecular (AOBPMs) como aditivos, e fosfato de Bayóvar como fonte de fósforo, visando verificar a influência da compostagem, concentração de AOBPMs, o efeito do teor de argila e do tempo, na liberação de fósforo solúvel.

MATERIAL E MÉTODOS: Para a produção do fertilizante organo-mineral, foram utilizados, como matéria-prima orgânica, cama de frango e cama de frango decomposta, e como fonte de fósforo, a rocha fosfatada Bayovar, e os ácidos cítrico, oxálico e málico, aplicados nas concentrações de 10 e 50 mM por Kg de fertilizante. Para os demais componentes, a quantidade foi mantida fixa, mantendo 13,4% o teor de P total estimado. A escolha do Bayovar deve-se a sua característica em liberar o fósforo lentamente, e os ácidos orgânicos, por apresentarem, de acordo com a literatura, os melhores resultados na liberação de fósforo, no intervalo das concentrações escolhidas. Amostras de solo contendo 15, 43 e 72 % de argila foram secas em estufa por 72 horas, a 65 °C, com circulação de ar. Em seguida, misturou-se 3 g de de solo (com 15, 43 e 72 % de argila) e 373 mg de fosfato de Bayóvar, dando um teor aproximado de 16,7 g de P total por Kg de solo, em tubos de ensaio de 16x150 mm, em triplicata, gerando um total de 258 unidades experimentais, incluindo os controles. Adicionou-se, em cada amostra, volume de água destilada igual à capacidade de campo do solo na respectiva amostra e as mesmas foram tampadas com algodão. Dividiram-se as 258 amostras em três grupos, em que um grupo ficou de repouso por 3 dias, o outro por 6 dias e o terceiro grupo, por 9 dias, todos à temperatura ambiente. As análises foram realizadas a cada três dias. Analisou-se o teor de fósforo solúvel em espectrofotômetro de UV-vis marca BEL, modelo S-2000, pelo método espectrofotométrico do ácido molibdovanadofosfático (SILVA, 2010), que foi adaptado para este projeto, de modo a tornar a curva de calibração compatível com a escala dos resultados das absorbâncias dos tratamentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em relação ao controle, após 3 dias, predominaram os tratamentos com cama decomposta na liberação de maiores teores de P solúvel, nos solos de 15 e 72 % de argila, com destaque para o tratamento com cama decomposta, Bayovar e ácido málico a 50 mM (CDBM50). No solo com 43 %, resultados positivos foram observados apenas em três tratamentos, indicando efeito negativo no solo de 43 % de argila. No trabalho de Machado et al. (2011), também houve resultados semelhantes, em que o solo de médio teor de argila apresentou a maior adsorção, provavelmente devido a uma maior concentração de goethita e dos óxidos de Fe e Al da forma livre e amorfa naquele solo, do que no de alto teor de argila. Tais óxidos possuem maior superfície específica, como verificado por Eberhardt et al. (2008) e, com isso, é mais eficiente para reter o fósforo solúvel. Considerando que o solo utilizado neste trabalho não possui uma classificação, sugere-se um estudo posterior para caracterizar a mineralogia deste solo, com o objetivo de verificar a presença de óxidos de grande superfície específica. Após 9 dias, entretanto, nos solos de 43 e 72 %, vários tratamentos foram mais eficientes, sendo cinco no solo de 43% e quatro no solo de 72 %, em que predominou os tratamentos sem cama decomposta, indicando que um tempo maior gera resultados mais positivos nestes solos, sem a compostagem, a qual tendeu a influenciar negativamente, portanto, a liberação de P com o tempo. Apenas nos tratamentos com ácido málico o teor de P aumentou com o tempo. Em função do aumento do teor de argila, a tendência geral foi a diminuição do fósforo disponível, até estabilizar nos solos com 43 e 72 %, demonstrando que a presença dos ácidos a 50 mM e da compostagem pode ter sido responsável pela estabilização naqueles solos.

Figura 2

Teor de fósforo solúvel em mistura de solo e fertilizante preparado com cama decomposta, fostato de Bayóvar e ácido málico 50 mmol/Kg de fertilizante.

Figura 1

Teor de fósforo solúvel em mistura de solo e fertilizante preparado com cama in natura, fostato de Bayóvar e ácido málico 10 mmol/Kg de fertilizante.

CONCLUSÕES: Os melhores resultados foram verificados para os tratamentos com cama decomposta, no solo com 15 % de argila, após três dias, com destaque para os tratamentos CDBO 10 e 50 e CDBM50; Os tratamentos com ácido málico apresentaram maior eficiência com o aumento do tempo, nos solos de maiores teores de argila; A compostagem tendeu a influenciar negativamente a liberação de P com o tempo, com exceção para o solo de 43 % de argila; Os solos de 43 e 72 % de argila apresentaram valores semelhantes de fósforo disponível.

AGRADECIMENTOS: PIBIC - IFGoiano - Campus Rio Verde Laboratório Químera Team Laboratório de Solos do IFGoiano - Campus Rio Verde

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: EBERHARDT, D. N; VENDRAME, P.R.S.; BECQUER, T.; GUIMARÃES, M.F. Influência da granulometria e da mineralogia sobre a retenção do fósforo em latossolos sob pastagens no cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo. v. 32, p. 1009 – 1016, 2008.

MACHADO, V.J.; SOUZA, C.H.E.; ANDRADE, B.B.; LANA, R.M.Q.; KORNDORFER, G.H. Curvas de disponibilidade de fósforo em solos com diferentes texturas após aplicação de doses crescentes de fosfato monoamônico. Bioscience Journal, v. 27, p. 70 – 76, 2011.

KPOMBLEKOU, K.; TABATABAI, M.A. Effect of low-molecular weight organic acids on phosphorus release and phytoavailability of phosphorus in phosphate rocks added to soils. Agriculture Ecosystems & Environment, v. 100, p. 275 – 284, 2003.

SILVA, F. C. Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. Fósforo solúvel em água: método espectrofotométrico do ácido molibdovanadofosfórico. EMBRAPA, 2010, p. 258 – 230.